domingo, 27 de janeiro de 2019



a todo o custo > brain damage | virgin prunes




acreditem em mim, aceitem o meu conselho...
oiçam. sobretudo oiçam os discos dos virgin prunes...
um... todos e qualquer um... 
as obras dos virgin prunes são imperdíveis... indispensáveis...
e sim, são difíceis e por vezes... incómodos até... assustadores...
mas merecem... uma audição... atenta, ainda que custosa...
e mesmo a todo o custo deverão ouvir estes discos... não falhar... falhar alguns... falhar poucos. falhar nenhum.
aceitem o meu conselho, acreditem em mim.



vai valer a pena... ouvir assim interminavelmente os discos dos virgin prunes...
ouvir essa miscelânea... essa amálgama de vozes cruzadas e sobrepostas do gavin friday... guggy... dave-id...
seja nos caóticos discos iniciais... onde o desespero e os maus hábitos surgem... 
ou simplesmente nos mais ordeiros registos finais...

quanto vale uma música assim... seminal...
tão seminal quanto heresie, mas sobretudo if i die, i die... podem e devem ser.
essa semente ruim que prolifera e tudo transforma e modifica...
simplesmente porque é difícil... impossível ficar indiferente a música assim...
ou se sobrevive... ou abandona... numa desistência cobarde que tudo em nós inquieta...
ouvir e resistir aos discos dos virgin prunes corresponde a aprender a nadar no lado mais profundo da piscina... aquele onde já não se tem pé...
e assusta e mete medo, mas igualmente dá um maior gozo...

os virgin prunes foram e são seminais... porque acrescentaram... 
foram produtivos e inventivos... selectivos.
deixaram a semente... que um dia alguns hão-de apanhar...
e desse mesmo sémen far-se-á um novo caminho igualmente denso e perigoso...
e dessa fertilidade novas bandas surgirão... 
nesse acidentado percurso, armadilhado... onde pairam os fantasmas dos virgin prunes... mas igualmente dos coil... strafe fur rebellion... cabaret voltaire circa red mecca... three mantras... throbbing gristle... entre outros...
e que por vezes parece deixar descendência... e desaguar nos mogwai... explosions in the sky... 

acreditem em mim, aceitem o meu desafio...
a todo e qualquer custo...

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019




felino ou faminto > take off | githead



vou falar.
hoje vou falar... dos githead.
e ao falar dos githead... igualmente falo... dos wire... dos wir... dos minimal compact... do colin newman... da malka spigel... oracle... immersion... scanner... e mais alguns pertencentes a esta vasta família...
o que isto deu... o cruzamento dos wire, na pessoa do colin newman, enquanto produtor de um disco dos israelitas minimal compact...
confesso... o som globalmente é próximo dos wire... estranhamente mais próximo dos wire do que dos óbvios minimal compact... já que os githead são 50% minimal compact.
mas, sempre que a malka spigel canta... lá surge inevitavelmente o fantasma bom dos minimal compact... verdade seja dita, não é mesmo mau o termo de comparação...
tanto e tudo em comum...
e não se trata obviamente de uma dieta... um jejum... ou de um regime... 
antes pelo contrário... existe aqui uma proliferação de ideias... sons que perpassam e comungam... numa participação colectiva e familiar... que tantos e tudo envolve. e alimenta.

podia falar dos duet emmo... dos dome... dos he said... do bruce gilbert... robert gotobed... cupol... graham lewis... angela conway... halo... he said omala... a.c. marias... como todos se interligam e entrelaçam...
mas acho que estou a ser demasiado exaustivo... e cansativo mesmo... e assim sendo vou parar por aqui.
o resto, fica para uma outra ocasião...
felino... ou faminto?...





















preciso disto > advent | harold budd

por vezes é assim, tranquilo e despreocupado...
porque preciso disto...
e então simplesmente escolho e invariavelmente opto ou por john foxx... durutti column... ou harold budd... até talvez david sylvian... quem sabe, robin guthrie...
hoje a minha escolha recai em harold budd... embora hesite entre ouvir music for 3 pianos... luxa ou by the dawn's early light...
decido-me por este último... sobretudo pelos poemas que integra... todos da autoria do próprio harold budd...

o quanto tranquilo tudo imediatamente torna...
porque estes sons tão característicos, tudo transformam...
a sonoridade de harold budd é muito própria, muito pessoal... logo reconhecível...
inspira calma... há uma serenidade que tudo invade e cerca... 
um vagar com que o piano se toca... os sons lentos... vagarosos e quietos...
as guitarras que o seguem... e os sintetizadores...
e essa quietude amplia... e vagueia... 

e torno-me... diferente...
porque estes sons contaminam... e contagiam... 
e essa disseminação traz consigo uma entrega... um contágio, uma predisposição... que serena e segreda...
como qualquer analgésico que muita gente ingere... e vicia...

preciso disto... também preciso disto...
por vezes preciso disto.


quinta-feira, 24 de janeiro de 2019





















best of > desire lines | lush



isto é meio estúpido, o que tenho para dizer.
isto é muito estúpido... 
parece mesmo muito estúpido, o que vou dizer.
exactamente porque é estúpido...
mas, confesso... tenho uma solene embirração por colectâneas... compilações... best of... por vezes simples revisitações...
e já me esquecia... igualmente discos ao vivo.

e isto é muito estúpido... perguntam alguns...
exactamente porque tenho inúmeras compilações... imensas mesmo...
é mesmo muito pouca esperteza, se me faço entender...
por vezes até anseio... de tanto aguardar por elas... as compilações... que "tudo trazem"...
mas são inequivocamente um desperdício de tempo... de energia.
acrescentam nada... sim, nada acrescentam normalmente... e em muitas vezes apenas vêm deturpar os originais...
porque alteram... incomodam... deturpam a sequência çógica já memorizada...
e poucas das novas músicas inseridas, realmente contam... ou valem.
e a sequência por vezes é inóqua... vazia, sem sentido...
lados A e lados B... assim juntos, a conviverem lado a lado...

o quanto isto por vezes é estranho... e estúpido.





2ª versão > gone to earth | david sylvian



este espectáculo foi concebido em duas versões.

a primeira era vermelha e previa, inicialmente, a presença de uma cantora lírica.
a segunda versão partia de uma montagem especial de canções de david sylvian (entre outros) na voz de vários artistas.
a escolha entre estas duas versões acabou por decidir-se automaticamente, devido à indisposição durante os ensaios, da cantora convidada.
pelo que este espectáculo será integralmente preenchido na sua segunda versão.
a todos os espectadores as nossas mais sinceras desculpas.



um.

em criança, eu por vezes pedia boleia da escola para casa...
passava por lá a mãe de um colega que tinha um belíssimo carro... novo, grande e reluzente...
por isso, eu costumava esperar por ela...
e sentava-me lá atrás no banco largo e espaçoso...
de onde conseguia ver todo o tablier... e as suas pernas através das curtas saias...
o rádio por vezes mal sintonizado permitia perceber troços de algumas músicas mais em voga... ou simples frases dos noticiários...
soube mais tarde, que o carro tinha tido um grande acidente... e que a mãe desse meu amigo de infância... simplesmente após a convalescença no hospital, havia deixado a família e a cidade...

dois.
há um sussurro no vento da noite...
que estranhamente sopra mais forte com o correr da madrugada...
e este acontecimento tem-se sucedido todas as noites neste verão quente... demasiado quente para ser sincero.
as pessoas sem forma de conseguirem dormir... saem para a rua ou simplesmente amontoam-se nas varandas e balcões sobre os logradouros dos quarteirões em amenas conversas entrecortadas por bebidas geladas.
assim se passou todo um verão demasiado quente... 
de noites densas e abafadas... 
cujo sussuro do vento impedia de dormir...




quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

















antigamente > no-one driving | john foxx



tenho de começar por dizer que estou surpreendido.
confesso, não costumo gostar dos filmes nomeados para óscars...
este... no entanto... é diferente.
roma de seu nome.
reconheço... 
simplesmente revejo-me nele.
porque sou desse tempo... vivi esse tempo.
dos filmes a preto e branco... nas televisões de reduzidas dimensões...
dos aviões ruidosos de quatro reactores...
os carros... sim todos esses carros... europeus, americanos...
é difícil não reconhecer esses modelos... essas formas..
mesmo as cores tão características...

revejo-me nele...
porque reconheço esse tempo.
esse quotidiano... essas rotinas...
as casas, os cheiros... as famílias... a vida em comum...
as empregadas domésticas... que invariavelmente coabitavam nas casas e faziam parte da família...
até as férias de verão erão parte integrante de todos os membros da família...
os carros... e o barulho que provocavam...
os odores e o fumo que produziam...
mas sobretudo os aviões... ruidosos...
mas que igualmente largavam um rasto negro de fumo...
e sei de cor todos os modelos da época... boeing 707... dc8... caravelle... e o comet... da bea e da boac...
e o fumo característico dos cigarros dos adultos...
que invadiam todos os ambientes... públicos e privados... nesse cheiro familiar de tabaco frio...
e mesmo os dejectos dos animais de estimação nos passeios públicos e moradias...

sim, confesso que gostei do filme.
porque reconheço esse tempo... e me revejo nele...

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019





















corpo estranho > exquisite corpse | bauhaus



já o diziam os bauhaus...
life is but a dream... assim só, em loop, repetido à exaustão.
a finalizar esse portento que foi... é... o sky's gone out...
todos éramos ainda novos... e pretensiosamente rebeldes...
na presunção de que a vida toda era nossa e interminável...
como dizia o john cage... wherever we are, what we hear is mostly noise...

e essa rebeldia era estranhamente contagiante...
levando-nos a identificar com absolutos desconhecidos que connosco sobretudo partilhavam... desconfortos... idade... inconformismo... e uma visão que permitia ver... nada em completo.
era uma identificação primária... como sempre são as identificações em determinadas idades...
mas era uma identificação pura... porque desinteressada... e até mesmo ingénua.
e esse inconformismo contagiante tudo invadia... tudo absorvia... e invadia...
numa viagem que também se tornava pessoal... 
numa familiaridade estranha... porque era de estranhos que efectivamente estávamos a falar...
numa comunicação unilateral... e seguramente surda...
que nos fascinava e igualmente preenchia todo o nosso tempo...
era um corpo estranho que habitava em nós... supostamente quando a juventude era maior do que a nossa própria identidade.

fica a memória de uns bauhaus... uns virgin prunes... siouxsie and the banshees... the cure... joy division... new order porque não... e tantos e todos os outros que seriam demasiados para aqui nomear... mas que obviamente teriam sempre de incluir os crispy ambulance...






















descoberta > new life | depeche mode

aprendi da pior forma... aprendi sozinho.
pois, eu sei... sou provavelmente de outra geração...
tal e qual como a iniciação sexual... 
aprendia-se da pior forma... sobretudo pela desinformação e mitos...
aprendia-se assim em solitário...
não havia informação alguma disponível... nenhuma...
era inclusive tema tabu... 
apenas se ouvia da boca dos que se vangloriavam...

não havia noção nenhuma... pistas algumas.
era tudo às cegas... guiados apenas pelo instinto... e pela oportunidade...
era sobretudo tudo estranho... desconhecido... porque novo...
pensando melhor era mesmo assustador... e engraçado.
como é que uma coisa tão simples e natural, podia-se transformar em algo tão desconhecido e assustador... 
e verdade seja dita... tão atabalhoada... 
como é que uma partilha pode ser tão trapalhona...
como é que uma descoberta pode ser tão assustadora...

e hoje ao fazer essa revisitação... acho... que nem tudo correu... mal.
podia ter sido melhor... mas não foi assustador... foi... tornou-se rapidamente natural...
num processo às escuras... que tudo tinha para poder correr mal...
e ser castrante... 
e essa nuvem que pairava e paira sobre nós em determinados momentos...
essa cortina desvaneceu-se... e surgiu um mundo novo e inebriante...
que nunca mais parou de me surpreender...

como nessas descobertas entusiásticas de juventude... 
em que tudo é novo e desconhecido...
inacessível, logo desejável... 
como quando se desfolheia um livro que à muito se desejava ter lido...
um disco que se retira da sua capa, e cuidadosamente se ouve pela primeira vez...
a ânsia... esse desejo... a alegria que tudo preenche...
tal e qual como a falta de coragem que nos impede de aproximar daquela colega de liceu que todos pretendem convidar...
e a esta distância assusta sequer pensar... em falar...

aprendi sozinho. 
aprendi da pior forma. 























o senhor engenheiro > the last engineer | piano magic


ensinou-me o meu pai. em criança. logo desde sempre...
que a nossa existência é assim mesmo... é assim também.
simplesmente como um carro que velho.
que se vai tornando velho e tendo vida própria.
que por vezes de manhã... simplesmente não quer pegar...
e as avarias e amuos que se vão acumulando...
ferrugem... retoques... falta de pintura... idas à oficina...
folgas... avarias... constantes e sucessivas reparações...
até ao dia em que simplesmente deixa de funcionar.
tal e qual um carro novo que vai com o tempo envelhecendo... e acrescentando problemas...

nada acontece ao acaso... porque nada existe ao acaso.
o tempo, simplesmente tudo desgasta e corrói...
análises... exames que se tornam mais complexos... medicamentos que já não surtem o mesmo efeito... e não apresentam os resultados tão desejados...
é o efeito da passagem do tempo... à qual um dia todos temos que nos ir mentalizando...
a vista cansada... o sono que deixa de ser contínuo... e não permite descansar mais do mesmo mdo...
a força e o vigor que se alteram... o peso do tempo em acção sobre o nosso próprio peso.
orgãos que silenciosos até então desconhecíamos... e que acordam e incomodam...
a memória já simplesmente gasta... a interacção com outras gerações completamente ensurdecida...
ainda criança ensinou-me o meu pai.
aprendi e confirmei da pior forma. com o passar do tempo.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019















às cegas > eye of the lens | the comsat angels

é complicado.
a intimidade por vezes também é isso. sobretudo é isso.
um à vontade que se experimenta. uma partilha.
que nem sempre acontece...porque nem sempre funciona.
sobretudo por incompatibilidade... por simples distância. falta de cumplicidade...
que não desentendimento. apenas falta de harmonia... sintonia...
a cumplicidade é rara... porque exclusiva e íntima.
não é para qualquer pessoa... não é com qualquer pessoa que se experimenta e partilha...

por vezes experimenta-se uma comunhão... uma cumplicidade... um entendimento que não se explica... mas que tudo pode comprometer.
se não há sintonia, não há cumplicidade... e entrega...
é complicado.sim, eu sei.
como dizia aquela rapariga acabada de entrar no autocarro... após uma frequência... de ciência política, segundo depreendi... "hoje em dia o que interessa é a opinião, e não a verdade dos factos"...

mas... está toda a gente a rir... está toda a gente a rir... e eu não me importo...
está toda a gente a rir... e eu não entendo... porque não sei porquê...
será que se riem de mim... será que se riem para mim... e não sei porquê...
está toda a gente a rir... e eu não me importo...

ou como disse alguém algum dia acerca dos nyam nyam...
música difícil, provavelmente criada por pessoas difíceis, que vos deixarão ser atingidos... por imensos clássicos... que nunca virão a ser clássicos...

está toda a gente a rir... e assim sendo, eu não me importo...





dupla visão ou visão dupla > when i go | minimal compact



pus-me para aqui a ouvir assim discos em catadupa...
música disparatada... à qual já não prestava atenção... confesso, há décadas.
sejam os minimal compact... os simple minds... mesmo os gene loves jezebel...
já perceberam... ando por aqui... pelos anos 80... anne clark...
e sim, exagero à parte, pois não se trata obviamente de música disparatada...
apenas me devolve à memória todo esse mesmo tempo...
de uma juventude irrequieta... ávida e curiosa... em tempos...
no tempo em que tudo era demasiado valioso... porque difícil de alcançar...

a cultura era a nossa... a que se ia construíndo... e descobrindo.
tempos em que o tempo também contava... e diversificava.
esse mesmo tempo de espera... desejo e imaginação... projectava nos pertences um valor inestimável... que entretanto se perdeu...
hoje é tudo demasiado fácil... demasiado alcançável... sempre disponível...
antes, havia que demonstrar... interesse... desvendando.
hoje...o desinteresse faz com que tudo coincida em nós...
e se desvalorize... porque entretanto não houve tempo...
não existe dúvida... ânsia... espera... esperança.
tudo está ao alcance de um simples click... e absurdamente fica desvendado.
a cultura já não é a nossa... é a de todos... e de ninguém...





segunda-feira, 14 de janeiro de 2019











medicina nuclear > as soon as i get home | anne clark


agora tudo pára... tudo muda.
aqui tudo se torna muito sério. demasiado sério.
quando a passo apressado se atravessa aquele grande hall de pedra...
quando se desce aquelas escadas e se entra naquele serviço... deixa de haver dúvidas, simplesmente tem-se a noção da fragilidade... mas sobretudo da finitude.
experimenta-se uma calma e um silêncio estranhos, que chegam a assustar.
a própria placa sobre a porta... medicina nuclear... 
e os sucessivos dísticos de alerta para um ambiente de provável radiação...

aqui tudo é demasiado sério... mas sobretudo, precioso.
as pessoas que em silêncio aguardam...
as trocas cúmplices de olhares... mesmo as poucas palavras que se dizem e escutam.
reina um pesado silêncio enquanto tudo se aguarda.
folheiam-se revistas demasiado gastas e perdidas no tempo que também por aqui passou.
as enfermeiras no entanto tudo tentam aliviar... explicando...

estranhamente sente-se um ambiente pouco carregado...
existe até uma enorme simpatia... e uma imensa delicadeza.
diz-me a experiência que quanto mais séria a situação... maior a empatia do pessoal...
pressente-se no entanto a seriedade e a gravidade do tempo.
aqui existe uma maior consciência... de que tudo é finito... e precioso.
tudo parece mais dítido e finito... do que lá fora... no nosso dia a dia...
esse valor inestimável que aqui atinge o pensamento... 
a própria tensão enquanto tudo se aguarda...
preparação... tratamentos... análises... exames... resultados.
é um ambiente sério... rígido e silencioso.
seguem-se regras... princípios e ordens...sucedem-se pacientes...
é um ambiente frágil e seguro... porque aqui estranhamente nos sentimos seguros.
presos por essa esperança que não quer esmorecer... acreditando sempre... desejando.

aqui tudo se torna e transforma... tudo é demasiado valioso para ser ignorado...
não existe agora nada mais inestimável... e raro.
esse dom que nos une e guia...
o menos conhecido dos eventos mais conhecidos...




quinta-feira, 3 de janeiro de 2019















método > methods of dance | japan


recordo como se fosse hoje. 
deitado sobre a minha cama, isolado no meu quarto...
simplesmente a ouvir continuamente o gentleman take polaroids dos japan...
e o pensamento que dispara e livre voa para... o cruzamento da avenida de roma com a avenida estados unidos da américa...

recordo... porque surge-me sempre esta mesma imagem... 
quando recorro a este mesmo disco... e recorro.
e igualmente recordo... essas tantas noites... em que noite dentro simplesmente se dançava aosom dos sons novos que surgiam... noite após noite...
fossem os the stranglers... the cars... gary numan... the motors... blondie... ultravox... mesmo patti smith... nesses sons apelidados de new wave... cuja boleia todoas as bandas tentavam apanhar...
quem não se recorda do airport dos the motors...
do good times roll... my best friend's girl... just what i needed... ou até you're all i've got tonight... dos the cars...
o gloria e o horses da patti smith...
o hanging around dos the stranglers...o no more heroes... golden brown...
o hanging on the telephone da blondie... quando o punk se finava e novos sons e modelos surgiam... a cold wave... a new wave... 
até mesmo o ian dury... talking heads... yachts... na transição para os the cure... siouxsie and the banshees... echo & the bunnymen... depeche mode... omd... duran duran... new order...
tudo sons que preencheram os nossos dias... sobretudo as nossas noites...
nesse mítico espaço de betão cru e frio... distante... distante o suficiente para a música não ter limites de volume... e gritar assim noite dentro até amanhecer...