conta-me um conto > at the heart of it all | coil
que dimensão tem um conto... um livro... uma simples carta?...
dez páginas... cem páginas... mil páginas?... uma simples página...
o que conta, quando se conta um conto?...
o que se conta quando se conta um conto...
e um livro... o que se escreve...
o que se escreve e diz quando se escreve uma carta?...
tinha mil e uma coisas para te dizer...
mas esqueci...
desculpa tanta dúvida... tanta hesitação...
mas isto é apenas...
é já um ensaio... desse mesmo ensaio...
que é esse desafio de escrever, de escrever um conto... inédito... assim só.
tinha mil coisas para te dizer...
mas fiz por esquecer...
o caixote a meu lado está cheio... repleto de folhas amarrotadas...
hesitações sucessivas... confesso.
existe mesmo um pequeno receio de ser mal interpretado...
mas vou insistindo... persistindo...
diversas vezes mesmo desistindo...
assaltam-se dúvidas... que não minhas... alheias... na verdade, tuas.
por mim, estou convicto... seguro... inseguro...
palavras... meras palavras...
como tantas outras que porventura te têm chegado às mãos...
para serem lidas... assim cruas.
que fique aqui igualmente dito...
nunca soube escrever de uma forma clara. eu sei.
eu próprio tenho dificuldade em por vezes entender o que escrevo.
mas sei que é partir daqui.
porque é a partir daqui que tudo deve ser medido. por ti, agora.
ou melhor, a partir de agora.
porque é a partir de aqui que tudo deve ser pensado...
ou melhor, a partir de agora.
porque é a partir daqui que tudo deve ser pensado.
ou melhor, repensado... imaginado... construído.
tudo é desejável a partir daqui.
porque tudo se pode tornar possível...
a partir de agora tudo se torna possível... porque desejável... pelo menos para mim.
apenas depende da imaginação de cada um. e igualmente da curiosidade... e do meu engenho.
ou melhor... do meu empenho e entrega... e desejo.
sei que é a partir daqui... de agora. que tudo tem de ser medido. equacionado.
porque já nada é igual. já nada é o mesmo.
tudo se lê e deseja diferente.
porque diferente meu modo de ver. e pensar. articular o pensamento. antes de agir.
nunca sei escrever de uma forma clara.
sempre o soube.
e assim sendo apelo a essa primeira carta que nervosamente em mão te entreguei...
recorria a essa banda em que me apoiei... e que singelamente dizia...
o amor mais belo do que a lógica...
ainda te lembras?...
eu jamais esquecerei...