todo o tempo treme > her handwriting | trembling blue stars
hoje vou falar, de quem ninguém fala...
hoje vou falar do bobby wratten... e de uma das usas inúmeras incursões no universo musical...
centro-me nos trembling blue stars... como poderia falar de um qualquer outro projecto... todos igualmente e deliciosamente pop... banhados de uma luz ténue... e de um sorriso permanente nos lábios...
não... não é que as melodias dos trembling blue stars sejam alegres... que não o são...
são, isso sim... invulgarmente simpáticas... e sempre, mas sempre melancólicas... que contam histórias de relações à beira da ruptura...
her handwriting é o seu primeiro registo sob este nome... e que já viajou pelos the field mice... northern picture library... the occasional keepers... até esporadicamente pelos future coditional... obviamente pelos trembling blue stars... e muito, mas mesmo muito recentemente no seu novo projecto... solitário, denominado lightning in a twilight hour...
o denominador comum é esse mesmo... o sofrimento de relações passadas e esporádicas... onde o nome de raparigas surgem e somem-se... consumindo estas belas melodias solitárias...
finalmente sózinho... porque, imagino um ser assim... ninguém atura... ninguém aguenta...
a catarse é também essa... sempre essa... o espiar de cumplicidades que se rompem e quebram... num estranho e sensível percurso... sustentado em melodias frágeis... como frágeis foram as relações que lhe deram origem....
her handwriting... surgiu acidentalmente na minha vida...
não gostei... não gosto da capa do disco... é me indiferente.
não, não me é indiferente... é mesmo muito má... terrível mesmo... mas alguém me disse que eu deveria ouvir este disco... no já longínquo ano de 1996...
e estranhamente mostrei alguma disposição... nomeadamente quando descobri que era a nova banda do vocalista dos the field mice... que em 1998 lançaram essa pérola chamada... where'd you learn to kiss that way?...
e é essa melancolia que nos prende... nos rende a audições sucessivas... consecutivas mesmo... e que nos demonstram também os nossos falhanços amorosos... de uma forma tão discreta e silenciosa...
imagino que o bob wratten apenas pretenda exorcizar os seus demónios... e não convocar-nos todos para uma heresia sentimental...
oiço então, a single kiss... what can i say to change your heart?... less than love... do people ever?... saffron, beautiful and brown-eyed... como poderia ficar as ouvir todas as músicas que constam do disco que se lhe seguiu, lips that taste of tears...
e por hoje, já não falo mais...
porque já falei do bob wratten... de quem nunca ninguém fala...