sexta-feira, 30 de abril de 2021

na escadaria > red nettle | virgin prunes










na escadaria > red nettle | virgin prunes


porquê esta música questionarão alguns de vós.
simplesmente porque sim, digo eu.
porquê aqui e agora?...
porque esta manhã me apeteceu ouvir os virgin prunes e apenas hesitei entre o over the rainbow... e o artfuck... ambas compilações onde reside o adormecido red nettle.

e já que falamos dos virgin prunes, mas sobretudo do red nettle... vou confessar algo.
usei esta mesma melodia num trabalho de grupo aquando da parte lectiva do meu doutoramento... a contragosto dos outros três intervenientes...
mas posso sempre dizer que aquando dos ensaios, e tudo isto se passava numa escadaria secundária do novo edifício do iscte... fui abordado por um curioso aluno, que de passagem me questionou acerca do que estava a tocar... o que muito me alegrou...

já a apresentação propriamente dita se processou ou início da noite nos diversos lances e patamares da referida escadaria de betão... e que a música roubou todo o protagonismo do texto e mesmo das imagens... e dos oradores... tal como eu previra...

porquê esta música aqui?...
porque não?...

quarta-feira, 28 de abril de 2021

vermelho > red | king crimson










vermelho > red | king crimson


este é um disco especial. digo eu.

red dos king crimson.

faz parte daquela elite onde polulam o 154 dos wire... o pornography dos the cure...
o secondhand daylight dos magazine... 
o tocsin das xmal deutschland... ou tão somente o plateau phase dos crispy ambulance e o virus meadow dos and also the trees. e mesh and lace dos modern english.

poderia ficar aqui toda a tarde a citar bandas e discos... mas não.
obviamente que existem e existirão muitos mais... mas estes são e foram marcantes em toda a sua dimensão... sobretudo nos respectivos períodos e aprendizagem. minha.
foram. são fundamentais. 
foram. serão sempre basilares. porque alicerçes. da minha cultura e consolidação musical.
foram e são portentos. fortes. coesos. sérios e marginais.
estes discos fazem parte da minha memória... sobretudo da minha vida.
e foram ajuda e companhia... insubstituível.
assim sendo, a eles recorro e retorno com a devida frequência... com que igualmente se revisitam amigos e conversas...

sábado, 24 de abril de 2021

não, é não mesmo > as the love continues | mogwai



não, é não mesmo > as the love continues | mogwai


vem isto a propósito mesmo, de quê? 
provavelmente a propósito do mais recente disco dos mogwai. e...

não temos de gostar todos do mesmo.
não devemos gostar todos do mesmo.
não devemos. em minha opinião.
não costumo gostar das mesmas coisas, sobretudo da mesma maneira que a generalidade dos outros.
quase diria, a totalidade dos outros.
tendo a ficar isolado... a ficar de fora... a olhar de outro ângulo... outra perspectiva.
e esse isolamento não me incomoda... já não me incomoda.
creio, nunca me incomodou.
não me costuma perturbar. 
aprendi a aceitar essa mesma diferença... e a não me preocupar com a indiferença.
mais... se de repente me vir integrado num grupo alargado, que simplesmente olha e coincide na sua apreciação... tendo a desconfiar. a afastar.

segredo-vos... sempre me deu algum gozo esta minha visão muito própria... e se por vezes me trouxe alguns dissabores, poucos... 
tirei ilações e passei a desfrutar de muito mais vantagens... exactamente por essa visão diferente e distorcida da maioria...
e isso desfruta-se... e basta. 


sexta-feira, 9 de abril de 2021

para a minha tia > requiem again | the durutti column













para a minha tia > requiem again | the durutti column


devo-lhe isso. 
sobretudo isso. devo-lhe isso.

recorda-me em tudo, mesmo tudo, quando ainda jovem, li...
quando pela primeira vez li o estrangeiro, esse belo e intrigante livro de albert camus.
o mesmo princípio frio e despojado... simples as palavras, cruas e secas que me fazem enfrentar a realidade. esta novamente dura realidade.

queridos primos
a mãe morreu ontem pacificamente
um abraço

nada mais.
apenas. apenas isso, essa mensagem lacónica e crua.
sobretudo em tempos que se estranham... esta mensagem enviada por telefone, dura e a suscitar mais e mais informação... e nada.
apenas esta curta e dura mensagem.
a vida também é isto, a vida é sobretudo isso, a morte...
e enquanto a vida se acarinha e celebra...
a morte evita-se e esconde-se... 
onde estão todos agora, questiono.
para onde foram todos esses que inevitavelmente fizeram e fazem parte da minha vida...
e são tantos... que restam já tão poucos...
estranha-se.
e entranha-se.

para onde vamos, quando já não estamos em lado nenhum?
para onde vamos, quando já não vamos a lado nenhum?

intimidade e contradições > blue heat | cabaret voltaire













intimidade e contradições > blue heat | cabaret voltaire

agora posso dizê-lo. agora, porque já passou. já tudo passou.

apenas não partilhámos um cigarro... porque eu não fumo.
de resto partilhámos quase tudo.
quase tudo mesmo. discussões... reflexões... confissões e até segredos e paixões.
partilhámos intimidades... futilidades... rimos e sorrimos... 
partilhámos segredos no nosso degredo... 
investimos... invadimos... não nos limitámos.
dividimos... descobrimos... não facilitámos.
exigimos... pactuámos, sorrimos e celebrámos.

se algum exagero existiu, foi esse e apenas esse...
tudo partilhámos...

e... assim, em jeito desajeitado, deixo aqui uma de tantas melodias que invadiram e fizeram parte do nosso quotidiano... blue heat... cabaret voltaire.

tempo de outros tempos > obey the time | the durutti column














tempo de outros tempos > obey the time | the durutti column


o que é o tempo?
o momento? 

o que é o tempo?... por quanto tempo... por quantos momentos...
quantos momentos... quanto tempo, por quanto tempo?...

o tempo não existe...
os relógios existem.

quando se desaparece > passend | wim mertens
















quando se desaparece > passend | wim mertens

soube-o agora.
soube-o há instantes.
morreu a minha tia... provavelmente a minha última tia...
a minha última ligação ao lado de lá, a esse lado... dos mais velhos... mais responsáveis.
agora somos apenas nós... a geração que caminha e se precipita...
em criança tinha três gerações que olhavam por nós... o meu silencioso bisavô... a minha irrequieta e calma avó... e os meus pais e tios.
agora restamos só nós, os quatro primos... os mais velhos, do que resta. e conta.
ficam as histórias... os lugares... os tempos descontraídos e felizes... menos responsáveis... quando havia adultos a zelar por nós...
ficam sobretudo as memórias... que no fundo alicerçam e constroem a vida...

recordo a última vez que a vi... subíamos aquelas íngremes escadas de pedra... abandonávamos a igreja, a capela funerária... encaminhávamo-nos para o cemitério, para o funeral da minha mãe. 
foi o último dia em que a vi... a ela e ao meu tio... que entretanto já igualmente faleceu.
achei-a lúcida... sobretudo para a sua idade... e nunca imaginei... creio, nunca se imagina.

agora restam as recordações de férias em casas e praias calmas e familiares... 
e no campo... naquela aldeia e enorme casa que tão bem recordo... nesses finais de verão ainda quentes... e onde nós todos ficávamos, e éramos felizes...

agora tudo isso acabou.
restam-me as memórias. 
assim sendo acho que vou ouvir passend... wim mertens... 
e o dedico a todos os que habitam nestas minhas memórias.
porque quando alguém nos deixa e desaparece... tudo se complica.

quinta-feira, 1 de abril de 2021

fala > curtain dream | no-man


fala > curtain dream | no-man


fala.
fala, fala-me da tua ausência... da tua independência...
fala-me da tua intimidade... da tua privacidade... das tuas privações...
fala das tuas frustrações... da ausência... das carências... e emoções...
fala-me das tuas sensações... do teu silêncio... isolamento e escassez...

fala.
fala-me sobretudo de tudo... e de ti...
fala-me de ti e de tudo...

encolhe...
escolhe. 

mas fala...