sábado, 30 de dezembro de 2017





















o perigo > in the margins | echo & the bunnymen


por vezes é assim... também é assim.
raras vezes diga-se...
o perigo é mesmo perigoso...
que os digam os echo & the bunnymen... 
a espaços... existem melodias assim... como esta...
espaçadas tanto no tempo... mas, melhor mesmo assim...
saboreia-se mais... dá-se, atribui-se mais valor... quando surgem...
porque tudo sugam... e consomem...
nada mais resta de um disco... quando há uma música assim...
concentram toda a atenção... tudo consomem... exigem toda a dedicação...
e sobretudo recordam... lembram o que já foi dito e feito...
e enriquecem... todos os a que a estes sons recorrem e adormecem...

confesso... já não esperava... já nada esperava.
depois de heaven up here... porcupine e the killing moon... a expectativa era... mínima. nula mesmo.
não se pode dedicar uma vida à excelência... não se consegue...
mas há excepções...
in the margins é uma delas...
assim como meteorites... sublime e soberbo... que surge assim de rompante... quando já nada se aguarda...
e tão bem sabem... essas excepções...
serão melodias?... ou meras secreções...
ou seja...
o perigo é mesmo muito perigoso...

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017





















interpol > por interposta pessoa

interpol...
porque será... tanto esquecimento... 
porque será... que ninguém... que tão poucos gostam mesmo dos interpol...
mesmo por tentativa... por interposta pessoa... ninguém...
acusa... ou simplesmente se aproxima... destes sons... 
porque será...
será ausência?... 
será presença?...
algo me diz que será... deve ser transparência...
algo semelhante... ao que igualmente se passa com os cemeteries...
será?...
mas será que só eu oiço isso?... apenas eu...
será que não há mais ninguém?... simplesmente alguém...

será que apenas eu oiço e vejo isso...
nesses sons... naqueles sons...
será presença? será ausência?...



risotto > 19:03 no supermercado



se querem que vos diga... nem eu dei por isso.
apenas a pressenti quando já estava quase atendido... a despachar-me...
apenas reparei na cor da roupa... preta...
aliás estava totalmente vestida de preto...
um casaco escuro e curto... uma saia preta e sensual... porque demasiado transparente...
meias de nylon igualmente negras revelando as pernas sedutoras... e uns sapatos clássicos de salto raso... igualmente pretos.
apenas a carteira destoava... um pouco.

o pacote de risotto... e a caminhada apressada para a entrada do metro... foi o que fixei... e que aparentemente mais destoava.

a melodia que só pode envolver encontros e acidentes assim... essa, só pode ser... sim, essa mesmo... moment by moment... breathless... desse já distante ano de 1989... mas que perdura... e perdurará sempre em mim...

as horas seriam essas mesmo... dezanove horas e três minutos... tal como identifica o registo do meu talão... e a atrapalhação de tentar encafuar todos as minhas compras na mochila já de si... cheia...

confesso.
não esperava... uma cliente assim, clássica... num mercado tão popular e povoado...
talvez o esquecimento... e a necessidade do pacote de risotto... a tenha levado até ali...
não imagino de outro modo...
não me pareceu o género de cliente habitual... apenas a hipótese de resolver provavelmente um problema de última hora...
o clássico não combina bem com o burburinho deste atarefado mercado...



segunda-feira, 11 de dezembro de 2017




quanto ao engano > space is only noise if you can see | nicolas jaar



quando há lugar ao engano... assim só.
engano. puro engano. engodo mesmo.
ponham-se a ouvir space is only noise if you can see do nicolas jaar e logo verão do que eu estou a falar...
imaginei... a ressurreição do graham lewis... e dessa encarnação que dava pelo nome de he said... e que dificilmente se encontra hoje em dia em algum lugar...
imaginei... os he said de volta ao activo... 
num regresso desejado e desejável... pelo menos no que a mim me diz respeito...
mas não... puro engano.
num devaneio e puro engodo... alguém plasmou o som e o silêncio dos he said...

e esse artista tem nome... chama-se nicolas jaar... cujo disco de estreia... no já longínquo ano de 2011... esteve nomeado nos álbuns do ano...
sarcasmo... blasfémia... puro engano...
esse chileno a residir em nova iorque... conseguiu uma proeza que nenhum dos representantes do colectivo wire alguma vez imaginou... nenhuma vez.
ter um disco nomeado para álbum do ano...
e tantos e todos os discos dos wire... o poderiam ter sido... o deveriam ter sido.
mas isso são outras estórias, de outros tantos enganos...

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017




estar aqui > the killing moon | roman remains



o que nos leva a estar aqui... o que dispõe...
o que nos traz até aqui... porque nos expomos assim...
ainda que com pudor... com reticências...
ainda que com rubor... segredos e confidências...

o que me levou a ouvir e a gostar assim de uma versão...
diversa... diferente do já de si tão bom original...
quem são os roman remains... que tanto e tudo perturbam nos echo & the bunnymen?...
e se não fosse esse episódio dessa estranha série...
como chegaria até eles?...
como os conheceria?... como os reconheceria...
não que sejam caso inédito.. ou único.
não são caso único... inédito...
chris and cosey o haviam feito aos wire...
quando estranhamente uma versão supera e suplanta um belo e consistente original...
blasfémia... parece até inverosímil...
imprórprio... impossível mesmo...
porque difícil de crer... de imaginar.

o que nos trás aqui... o que nos trás até aqui...
será solidão... será desespero...
será simplesmente descrédito... esse vazio que por vezes ecoa dentro de todos nós...
será desejo... inconsciência... ou mesmo essa consciência...
será angústia... ou simples ausência...
o que atrai aqui... o que nos trouxe até aqui...
será pudor?... será rubor?...