quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

 

num lugar vazio > in a lonely place | new order

hoje vou falar de silêncio... sobretudo de silêncio, porque de morte.
hoje vou falar de morte... porque de partida... ausência. saudade. vazio.
sempre que alguém parte... inesperadamente... instala-se uma incredulidade e um vazio...
tudo abana e abate... num mundo momentaneamente oco e vazio... de sentido.
porque nada faz sentido...
porque tudo deixa de o fazer... 
abana e abala as convicções... todas as devoções...
simplesmente mostra a fragilidade e a efemeridade de uma existência...
a ideia de partida... despedida... associada a silêncio... isolamento...
existe uma música que sempre associo a momentos, assim... como este de agora.
chama-se in a lonely place... e não, não é um original dos new order...
pertence antes aos defuntos joy division... que apenas a gravaram ao vivo... não houve tempo para mais... não houve mais tempo...
e esta música é de uma tristeza imensa... prenúncio de algo enorme... e anormal...
como este tempo de agora... 
precisei de tempo... 
e de algum silêncio... para tentar entender...
para tentar compreender... o incompreensível.
hoje vou ficar em silêncio... 
vou ficar novamente em silêncio...

adeus Miguel...






quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

















de novo, a promessa > a sullen sky | lowlife

prometi-lhe que a levava a jantar... mas não cumpri.
nem sei bem porquê... mas nesse dia atrasei-me, sem necessidade diga-se...
talvez fosse já o meu subconsciente... a não desejar ir... não sei.
e este tipo de promessa... sobretudo as falhas e faltas, ficam para a vida...
sim, eu sei... não se deve falhar... sobretudo nestas circunstâncias... quando se havia prometido. 
nunca se deve falhar junto do sexo oposto... gorar expectativas...
aprendi-o há muito... efectivamente não me serviu de nada...

igualmente não sei... o porquê... 
o porquê de algumas bandas nunca terem alcançado... o êxito que mereciam... se é que lhe posso chamar assim.
os lowlife, creio... nunca procuraram a fama... era uma banda muito introspectiva e direccionada... a fazer lembrar os breathless... muito distantes do mainstream... focados em si mesmos...
o reconhecimento nunca importou... porque realmente não era importante.
a obra, essa ressentiu-se da ausência de êxito... não.
no caso dos lowlife não se pode falar de êxito ou sucesso... essa nunca foi a intenção.
talvez daí surja o facto mais importante.
a sua música é tão melhor... por isso mesmo.
simplesmente por nunca terem desejado a popularidade e o reconhecimento.
a construção do seu mundo ao longo de 5cinco... 6seis álbuns... foi deveras eficiente...
porque o legado é igualmente tão importante quanto o dos joy division... and also the trees... ou cocteau twins...
basta conferir em permanent sleep ou diminuendo... 
composições como a sullen sky não estão ao alcance de muitos... antes, de muito poucos...
o desconhecimento... isso é outra história...




terça-feira, 15 de dezembro de 2015





















a promessa por cumprir > feed the enemy | magazine

ora...
já não podes comprar o opel corsa em segunda mão... não é que não me saiu o euromilhões...
e já é a terceira vez... a terceira tentativa, por assim dizer... achava que seria mais fácil... ganharia logo qualquer prémio... à primeira.

e porque é que eu estou para aqui a falar disto... a dizer estes disparates?...
vamos, vou-me mas é focar no que interessa...
e o que aqui mais interessa é falar dos magazine... porque é uma lacuna enorme, não falar da importância dos magazine, se bem que nem todos... poucos o reconheçam...
falo com conhecimento de causa... e digo-o de um modo sério: todos os discos dos magazine são importantes... imprescindíveis mesmo... 
sobretudo para a percepção da evolução da música popular nas três últimas décadas...
quem terão efectivamente os magazine influenciado... sinceramente não sei...
sei apenas que deverão ser alguns... poucos até talvez... mas igualmente sei que certamente serão de bandas sérias e marginais. mas absolutamente essenciais...
porque os magazine foram... essenciais... mesmo para quem não o percebeu... e passou ao lado de uma discografia inolvidável...
e quem fala dos magazine... poderia igualmente falar das xmal deutschland... dos wire... dos no-man... de um restrito número de bandas decisivas... e que no entanto nunca obtiveram reconhecimento algum. nenhum.
o howard devoto posso afirmá-lo... creio que nunca se importou... porque nunca lhe interessou... 
no seu caso pessoal... era a música pela música... a música sobretudo pela literatura...
o mesmo se aplica a tim bowness... a literatura e a música em conjugação...
porque estas bandas e sobretudo discos como o secondhand daylight não receberam a tenção que deviam, é para mim um mistério... 
o secondhand daylight merecia estar num patamar... onde estão closer... heaven up here... faith... from the lion's mouth... pornography... entre outros...
mas não. teve o mesmo reconhecimento que 154. dos wire... fetish das xmal deutschland... ou qualquer registo dos the wolfgang press... 
e essa é realmente a promessa que ficou... por cumprir...



















pop mais pop não há > orchestral manoeuvres in the dark

nunca percebi.
confesso que nunca percebi... se os orchestral manoeuvres in the dark estavam no universo musical... com a intenção de serem os joy division... ou os novos abba...
não, verdadeiramente nunca entendi...
existem melodias assim... sombrias e serenas... melancólicas... que sempre associo a paisagens bucólicas... deve ser a minha costela melómana... deve...
exemplos não faltam... 

por outro lado há aquela vertente pop descarada... que inunda todos os discos sem pudor algum...
aqui os exemplos são mais do que muitos... aliás os omd começaram por ser conhecidos... através de melodias pop... tenra e ternamente pop...
electricity... enola gay... souvenir... locomotion, tesla girls, até if you leave... tudo de uma pop descomplexada e descarada como a grande maioria dasa suas composições...
e aqui... os abba que se ponham a pau... a concorrência é forte... pena o top of the pops ter acabado...
mas depois existem igualmente temas como statues... promise, stanlow... annex...  distance fade between us, sealand... the avenue e the beginning and the end... para referir apenas alguns...
então em que é que ficamos?... a pop orelhuda e sempre sorridente... ou a introspecção e a tristeza a fazer lembrar que também os omd começaram na mítica factory records e foram contemponâneos dos joy division e dos a certain ratio entre outros ilustres...
ou será que pop mais pop não há...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015





















a calma após a calamidade > every day shines | earwig



hoje está tudo mais calmo.
hoje está tudo muito mais calmo... porque estou mais calmo.
hoje está tudo mais calmo... mais sereno... mais tranquilo...
estou muito mais calmo... existe uma passividade até...
uma paz serena... que não experimentava há já algum tempo...
assim oiço every day shines dos earwig... oiço under my skin I am laughing...
fixo-me na faixa de abertura... que repetidamente oiço...
e que me acalma... na intensidade do refrão...

hoje está tudo calmo...
estou até na disponibilidade de ouvir a bell is a cup until it is struck dos wire...
não, não que seja um disco tranquilo... antes melódico...
os wire junto da pop... silk skin paws... free falling divisions... the queen of ur and the king of um... a pop é bela... a pop também pop deve bela e menos previsível...
é certo... hoje está tudo muito mais calmo...
acho que até vou estar a ouvir july late afternoon e sad song of almost do martyn bates... nietschee ragnarok dos sixth comm... e porque não... já noite dentro, the black hit of space... almost medieval... circus of death... e the path of least resistance dos velhinhos human league...
ora, e aonde estão e ficam os earwig... digo eu...
realmente hoje estou sem dúvida muito mais calmo...
e está tudo mais calmo.















dos pés à cabeça > on edge | piano magic


sem pés nem cabeça...
quem raio foi inventar isso?...
os piano magic continuam sóbrios e sublimes...
a serenidade é evidentemente... falsa...
senão veja-se um concerto ao vivo...
o glen johnson e o franck alba ficam possuídos... demoníacos...
existe a presença segura de angèle david-guillou... que tranquiliza...
mas por momentos tudo se altera e atrai...
chega a ser assustador... na sua enorme beleza...
a imensa carga de guitarras... e força... não sei se lhe chamarei força... o poder... a energia... a potência canalizada... de uma infinita solidez...
nos discos essa energia ainda que presente... passa despercebida... talvez porque esteja dissimulada... diluída no som como um todo... e a muralha de guitarras surge dissolvida... aguada... sem a presença concentrada do som ao vivo...
o vídeo de on edge é disso um bom exemplo...
dessa pujança... dessa força sólida e una... que percorre toda a música...
sem pés nem cabeça...
quem haveria de imaginar isso?...

















devia saber melhor > 154 | wire


devia saber melhor...
dito de outro modo... devia saber mais... acerca. disso. disto.
falo do 154 dos wire...
devia saber quantas bandas este disco terá influenciado... determinado... a avançar.
decidido... porque decisivo...
são discos assim seminais... e recordo poucos... o secondhand daylight dos magazine... obviamente o closer... um ou outro cure... o heaven up here... o all fall down... talvez até um ou dois eyeless in gaza... o primeiro registo dos cocteau twins... e até o stormhorse dos in the nursery... o sulk dos the associates merece o benefício da dúvida...
poucos mais recordo... os wah! não foram suficientemente consistentes... o wilder dos teardrop explodes chegou quase lá... quase, mas não chegou... a esse grau sublime.
o always now dos section 25 sem dúvida também aqui pertence... o harmony e a light far out dos the wake... igualmente... bem como the plateau phase dos crispy ambulance...

recordo a minha estupefacção ao ouvir o 154... 
a constante presença... simplicidade e força das faixas... umas atrás das outras...
a coerência e a consistência... maturidade mesmo...
soberbo na sua sequência... majestoso e magistral.
destaco I should have known better... the other window... a touching display... a mutual friend... quando na verdade não há nada a destacar... porque não há nada para destacar...
as vozes em oníssono... de colin newman e graham lewis... que se tornariam também na imagem de marca dos wire... 
sim, eu devia saber mais... saber melhor...acerca disso, e disto...
assim sendo volto para ouvir... volto a ouvir... I should have known better...



sábado, 12 de dezembro de 2015















natal novamente > the weight of the world | editors

está aí o natal... novamente.
é neste tempo que surgem com maior frequência... as faltas... as falhas.
é nesta quadra que mais me sinto, assim... desprotegido...
não, não lhe chamarei saudade... antes um vazio enorme que ficou...
um vazio imenso que ficou... desde a sua partida...
e a falta que fazem... que me fazem... para me aconselhar...
em todas as minhas falhas... e nessa ausência que ficou... por explicar...
foi tudo tão depressa... tão súbito... inesperado... por mais que se saiba, é-o sempre...
guardo comigo todas as palavras que ficaram por dizer... 
e que já não posso pronunciar... ainda que deseje...
e se a partida chega sempre um dia... creio, nesta quadra tudo se acentua... e tudo custa mais...
isto para dizer que não estão esquecidos... existem aqui assim, em mim... e residem aqui também nesta melodia cinzenta e triste dos editors... the weight of the world...
que reza assim...
keep a light on those you love
they will be there when you die
baby there's no need to fear
baby there's no need to cry...



quinta-feira, 10 de dezembro de 2015















calma > five or six | polar exposure


calma.
calma, é preciso ter muita calma...
é sobretudo necessário algum controlo e calma. serenidade...
porque vamos falar dos five or six...
poderia ter optado pelos tears for fears... pelos talk talk... the lotus eaters... marine girls... por uma infinidade pop do início dos anos 80... 1983 para ser mais preciso... e dessa pop melodiosa e pegajosa... que invadiu os anos oitenta...
os five or six navegaram entre a superfície... e uma maior profundidade... onde se inscreve polar exposure... 
se existia uma vontade pop... também existia uma vertente mais sectária e marginal... mais próxima da factory records... menos da cherry red... e desse mundo ingénuo onde se inscreveram todas as bandas oriundas do casulo bristoliano da sarah records...
calma... temos que ter muita calma...
tem de haver muita calma... tudo tem de estar calmo, quando se fala de pop... e se não me calo... acabo ainda a falar de music complete dos new order...
porque pop assim mais pop não há...




















silêncio mesmo > slow motion | ultravox

agora é preciso fazer-se silêncio...
e recuar no tempo...
sobretudo recuar no tempo... 
fixemo-nos em 1978.
em silêncio, para ouvir esse portento que foi... e é systems of romance dos ultravox...
e é favor não confundir... porque não se pode confundir... não se deve. não pode mesmo...
não se pode confundir os ultravox de 1978... dos ultravox de 1980...
dito de outra forma... 
não se pode confundir os ultravox de john foxx... dos ultravox de midge ure...
a erudição versus o populismo...
o my sex versus vienna...
o desconhecimento versus reconhecimento...
e o systems of romance... sintetiza isso tudo. mesmo.
uma erudição... uma marginalidade saudável... distante do mainstream que sempre rodeou os ultravox pós foxx.
falar de systems of romance... é falar de soberba.
falar de algo próximo do sublime...
senão oiça-se... slow motion... I can't stay long... someone else's clothes... blue light... some of them... quiet man... dislocation... maximum acceleration... when you walk through me... just for a moment...
sim, eu sei... foi propositado. até mesmo cross fade... que não faz parte deste registo... mas poderia... 
sim, eu sei... são todas as faixas... do disco... simplesmente porque systems of romance é indissociável... é um todo...
como alguns registos... uns tantos... alguns... poucos...

  






















ainda existe amor > love songs on the radio | mojave 3



ainda existe esperança...
ainda existe amor... cantam os mojave 3...
com tal sinceridade e delicadeza... que somos levados a acreditar...
são melodias assim como esta... love songs on the radio... que me levam a querer acreditar...
que o amor existe... ainda existe, ainda é possível...
esta melodia dá esperança... sobretudo, dá esperança...
pela desesperança em que tudo torna... e toma...
este é lado bucólico... campestre até dos até aqui eléctricos slowdive...
e se a electricidade esmoreceu... e extinguiu... deu porventura lugar a uma acústica desesperançada... que não desesperada...
respira-se aqui uma estranha tranquilidade... uma serenidade imprópria de tanto alarido cometido... no passado...
there's sugar on your soul... como cantam e encantam os outros... mas isso é outra estória... nesta mesma história...















um fim tem um propósito > lazy calm | cocteau twins



um fim tem um princípio... 
um fim tem sempre um princípio... 
e um propósito, digo eu.
ainda recordo a primeira vez que ouvi o lazy calm dos cocteau twins...
e esqueçam... nada que se compare com a actualidade... não.
foi no rádio do carro do pai de um amigo meu... carro esse sobrelotado... a caminho do bairro alto... numa sexta-feira à noite, a caminho dos bares... em mais uma saída nocturna...
de repente a serenidade da melodia sobrepôs-se à ruidosa e alegre conversa... e ali em silêncio fiquei a tentar saber... mais...
parecia-me algo parecido... próximo dos cocteau twins... mas não tinha a certeza...
e nessa incerteza ouvi... deliciado a música, certamente nova...
e naquela companhia, de repente fiquei só... absorvido na música que tudo circundou e circunscreveu...
persegui essa melodia no tempo que me afastou desse rádio e desse silêncio nessa noite...
e apenas descansei quando a novamente tive perto... próxima de mim... 
logo o novo registo à época dos cocteau twins... 
um fim tem sempre um propósito...




domingo, 6 de dezembro de 2015

 

o dia mais perto > girls of summer | arab strap


o dia mais perto. mais próximo...
o dia em que os arab strap estiveram mais perto... de se tornarem nos mogwai.
dito de outro modo...
o dia em que os arab strap foram demoníacos... tal e qual os mogwai o são... quase sempre.
esse registo existe... está documentado... chama-se girls of summer e está integrado no mad for sadness... tal como o scotland's shame está no special moves...
ambos registos ao vivo... de uma negra e brutal energia... 
sinergia mesmo... em massa. porque se trata de um acto simultâneo de diversos órgãos ou músculos para o mesmo fim... diz a sua definição...
estamos efectivamente a falar de convergência das partes de um todo... que concorreu para um mesmo resultado... 
e em ambos os casos resulta numa complexa teia ao vivo, que lhes confere uma maior densidade e força...
e coincidência ou até talvez não... ambos são escoceses.
os arab strap oriundos de falkirk, os mogwai de glasgow...
afasta-os o que os une... uns meros trinta e sete quilómetros de distância...
a mentalidade, essa... é a mesma.


quarta-feira, 2 de dezembro de 2015





















peixe fresco > remove for improvement | colin newman



falar assim.
falar do colin newman... é impossível falar do colin newman e não falar dos wire... wir... e derivados... tantos são as bandas que aqui se cruzam e desaguam...
mas prometo, vou tentar...
e começo já por dizer que não caí na tentação... de falar do singing fish... nem do commmercial suicide ou até mesmo do it seems...
não porque sejam os mais óbvios...
apenas porque são os melhores...
mas... contenho-me e passo a falar... do not to... igualmente bom e consistente, mas muito amarrado aos wire da época...
o colin newman sempre foi o fiel pop da balança wire... que pendia para a experimentação... 
que o digam... o graham lewis e o bruce gilbert...já que o robert gotobed foi sempre mais instrumentista do que compositor...
este par de energúmenos sempre foi genial... ainda que igualmente marginal...
seja em dome... duet emmo... he said ou outra qualquer encarnação... as suas construções musicais... que não composições... sempre foram fieis a uma base experimental muito marcante.
o colin newman por seu lado... sempre esteve próximo de uma pop mais acessível... que não o sendo, em comparação com os outros wire ... assim se lhe pode chamar...
basta confirmar nas vocalizações em dueto em que os wire e os wir foram pródigos...
o colin newman numa faceta mais acessível e aguda... o graham lewis num registo mais soturno e grave...
e desta mais-valia também viveram os wire... senão oiça-se o 154... e se dúvidas restarem, então o manscape...
porque por este mar onde os wire navegam... haverá sempre peixe graúdo e fresco...
















nada de anormal > eye of the lens | the comsat angels 



nada normal, digo eu... mas...
nesta tarde serena deu-me para isto... deu-me para aqui.
estou a ouvir o eye of the lens... dos the comsat angels... como eles sempre gostaram de ser chamados...
apenas aquela diversão, sim, nesse ano de 1990... dream command de seu nome... incompreensível... já que nada acrescentava... antes pelo contrário...
mas é melhor ficarmos por aqui... porque ainda pode correr mal...
retomemos os comsat angels... e as suas sólidas composições... que residem acima de tudo em dois álbuns... o sleep no more... coerente... sólido e majestoso... que seguia a corrente da época... e o fiction... ainda muito próximo... com algumas das suas melhores e consistentes melodias... mas já não tão coeso como o anterior... 
aqui residem entre outras... o after the rain... more... now I know... 
onde o sleep no more... mais grave, nos doava... the eye dance... gone... be brave... dark parade... diagram e our secret... para referir apenas algumas...
e de permeio... esse portento que dava pelo nome de eye of the lens... um single que unia os dois registos citados... 
e estranhamente não surgia em nenhum deles...
verdade seja dita... a sua autonomia era tanta... a sua consistência imensa... que acredito, igualmente marcou um tempo... que não este.
nada de anormal, portanto...
no entanto...




















memórias também assim > here by chance | breathless

vi-a hoje...
não sei há quanto tempo não nos víamos...
trazia consigo aquele sorriso simpático a que nos acostumáramos... e umas botas pretas de cano alto.
assim à primeira impressão... a idade tinha-lhe feito bem... parecia irradiar felicidade... mas sobretudo confiança... coisa que confesso, nunca lhe reconheci...
disse-me que estava a trabalhar numa multinacional... acredito bem remunerada... 
e num rápido café que partilhámos num balcão... segredou-me ter-se divorciado...
e eu, que nem sabia que algum dia se havia casado... tentei evidenciar algum espanto...
residia agora num qualquer bairro da periferia... e confessou-me o seu vício por constantes viagens... coisa que eu sempre soube... talvez até tenha sido isso o início... da nossa aproximação...
o trabalho consumia-lhe integralmente o tempo... tanto assim que perdera o hábito de ir ao cinema... sequer ler... ou ouvir música...
um pouco envergonhada disse que o último disco que recordava... fora aquele que eu lhe havia oferecido num qualquer natal... logo breathless... chasing promises... e que jamias esquecera aquele tempo juntos em que invariavelmente partilhámos num walkman melodias como... here by chance... better late than never... sometimes on sunday... moment by moment... e até heartburst... que eu com frequência ainda oiço...
vi-a hoje... não há dúvida alguma... há muito tempo que não a via...



segunda-feira, 30 de novembro de 2015



pôr-do-sol, gaivotas e mar calmo > prayer | the durutti column

há dias assim.
e o sol já se põe... lá ao longe... no horizonte longínquo...
o mar aparente estar calmo... uma ou outra onda que aflora e rebenta com mais estrondo... e força...
a maré está vazia... e ao longo do areal deserto... dois tractores aguardam... a chegada de mais um dia de faina...
olho para o lado esquerdo... não se avista ninguém... apenas os vultos de bandos de gaivotas que chegam, e estão... 
olho para o lado direito... ao longe a silhueta de duas pessoas que se afastam...
no mar o sol que tende a desaparecer... e os barcos de madeira colorida que vagarosos tentam chegar... e esse é também o sinal...
na areia agora molhada... cresce o frenesim de gaivotas... que aguardam e adivinham...
dias assim só podem ser preenchidos por uma melodia... prayer...
e essa melodia só pode pertencer aos durutti column...
que são a banda sonora para dias assim... 
simplesmente porque também há dias assim... nesta praia que de tanto já se me tornou familiar...




















no inferno > don't you know | disco inferno


graças a deus, novamente no inferno...
podia ficar aqui o dia todo a ouvir...
simplesmente a ouvir... don't you know dos disco inferno...
graças a deus que há infernos... assim... como estes.
as texturas densas e pesadas... fazem parte... os samples também...
aqui ressuscita-se a cacofonia que os simple minds celebraram em 1979... porque é um registo familiar e comum...
essa é provavelmente a matriz dos disco inferno...
singles cheios e esquizofrenicos... que atraem poucos ouvintes... desatentos...
paira por aqui o fantasma dos mogwai... se bem que os mogwai deles sejam descendentes...
existem bandas assim... irrequietas... inconformadas...
que geram melodias cacofónicas... 
e se dúvidas existirem, oiça-se it's a kids world... e estamos a falar de single, uma música acessível portanto... e no entanto... 
demos graças a deus porque para infernos assim... quem precisaria do céu...

sexta-feira, 27 de novembro de 2015



um dia qualquer > san pedro | mogwai


era um dia como este... um dia qualquer... um dia como outro qualquer...
e havia uma conferência de pássaros... e um baile...
onde uma péssima dançarina se exibia... ao som de uma música para peixes...

ela surgiu assim, de repente...
surgiu assim... surgiu do nada.
de repente estava na minha frente... de pé, com as suas pernas longas a terminarem naqueles brilhantes sapatos pretos...
olhei para cima e vi o sorriso estampado no seu rosto...

simplesmente não estava à espera... confesso.
olhou para mim e serenamente disse...
fiz-te uma surpresa?...
tens pensado em mim?...
sempre achei que poderia ter existido... acontecido algo entre nós...
talvez eu devesse ter avançado primeiro... 
agora parece-me tarde... tanto mudou... tudo se alterou...
a minha estupefacção... a minha incredulidade... perante tais palavras... tal conversa...
e calado continuei a dançar... e...

e se sempre lhe tido achado alguma graça... nunca na minha mente aflorou uma réstia... de uma qualquer possibilidade... longe de mim. ainda para mais sempre a imaginei comprometida... 

convidei-a para dançar... 
e a sala estava agora repleta de pares de dançarinos... e a má dançarina que não se cansava... de se exibir...
o cheiro de perfumes baratos invadia o ar... 
e o chão de madeira encerado... 
e o som das músicas que em loop se sucediam... até finalmente se deterem em san pedro... mogwai...
afinal quem mais faria uma música estranha para um dia estranho assim?... vá, digam lá...

quinta-feira, 26 de novembro de 2015






















serena ilusão > a quiet darkness | houses

1.
surgiu assim... surgiu do nada.

simplesmente não estava à espera...
olhou para mim e serenamente disse...
tem pensado em mim?...
sempre achei que poderia ter existido... acontecido algo entre nós...
talvez eu devesse ter avançado primeiro... agora parece-me tarde... tanto mudou... tudo se alterou...
a minha estupefacção... a minha incredulidade.
se sempre lhe tido achado alguma graça... nunca na minha mente aflorou uma réstia... de uma qualquer possibilidade... longe de mim. ainda para mais sempre a imaginei comprometida... uma rapariga assim engraçada, não faz sentido estar só... serena ilusão, a minha...

2.
passei aqui ao pé... e decidi passar...
a ver se estavam...
e não é que estavam.
estranhamente estavam até os dois...
e vim aqui... digo-lhes agora... apenas para vos falar dos houses.
os houses são um duo de chicago... que produzem melodias serenas e sufocantes... de tão belas que são... e tudo tornam...
os houses não são prolíferos... têm apenas 2 discos... all night e este a quiet darkness...
mas, ambos de uma intensidade... é difícil... impossível ficar-lhes indiferente...
o a quiet darkness é soberbo... sublime mesmo...
ouve-se do princípio ao fim com uma serena inquietação... numa tranquila apatia...indolência até...
ou tudo isto não fosse acerca dos houses e das magníficas melodias que produzem...