terça-feira, 24 de fevereiro de 2015













num dia como qualquer outro > burning skies | tones on tail




o que dizer... como dizer o deslumbramento?...
como falar de lugares... desses lugares onde fomos tão desvairadamente felizes... inconscientes e felizes... inocentes por vezes até...
como falar dessas noites que simplesmente se sucediam em catadupa... e das músicas que invariavelmente as preenchiam... tudo preenchiam...
como explicar a quem não viveu esse tempo... a importância da música nos lugares...
como explicar que os lugares que sem sabermos nos estavam destinados... eram sempre escolha pelos ambientes sonoros...
e que cruzavam os the cure... os new order... echo and the bunnymen... the sound... siouxsie and the banshees... e para alguns mais eruditos... and also the trees... tones on tail... danse society... xmal deutschland e toda a troupe da 4ad... 
e de que falávamos nós noites dentro... música... vocalistas... editoras... lojas secretas de coisas antigas... e descobertas em audições solitárias de programas de rádio, alta madrugada... papel e caneta para escrever nomes de bandas novas... por bastas vezes imperceptíveis...
foi também assim a nossa juventude... onde também havia espaço... para aí residirem os tones on tail... e essa música densa... escura e sombria... que a generalidade dos mais distraídas apelidou de gótica.
revivalismo à parte... revisitemos burning skies...
como num outro dia qualquer desse tempo...
como dizer o deslumbramento... onde não há passado...
apenas memória... e sons assim, suspensos no tempo...

domingo, 22 de fevereiro de 2015





toda a vida num só dia > the rapture | siouxsie & the banshees



para se falar de siouxsie & the banshees, só pode ser assim...
com sensualidade...
mas sejamos francos... nem era isso que eu tinha em mente...
já havia decidido que era tempo de falar dos the sound... que ainda na noite de ontem acabaram preenchendo o meu imaginário...
sim, adivinharam... essa mesma noite de longa insónia...
os sound e esse portento chamado de from the lion's mouth... onde residem entre outras, pérolas como winning... contact the fact... fatal flaw... silent air... mas, adiante...
a siouxsie & the banshees surgiu-me esta manhã... 
agora mesmo oiço the rapture... disco que, confesso, nunca muito gostei...
talvez por a expectativa ser alta... não é todos os dias que se tem john cale como produtor...
desde cedo que percebi... não ser um disco fácil... imediato...
melodias longas e distantes... 
depois de tinderbox... peepshow e superstition... confesso, esperava mais...
creio, esperava-se mais...
mas, com o tempo... verifiquei a sua maturidade... a sua seriedade...
e agora sobretudo com a reedição de 2014... as faixas extra adicionaram uma coesão... uma certeza mesmo...
fgm e new skin, rematam eficazmente todo o disco...
pelo contexto... sobretudo pela força.
fgm é muito competente... complementa a transcendente faixa que dá nome ao disco, the rapture... na sua nova dimensão. como forever já o tentava fazer...
e sejamos sinceros... para se falar de siouxsie... apenas deste modo...
sexy e sensual... como ela sempre o foi... 
seja na sua fase hyaena... nesse tom preto erótico e carnal...
em superstition... metálica e sensual... veja-se o video de kiss them for me...
a expressão... os movimentos... mas sobretudo a inesperada indumentária... adereços e maquilhagem...
para ser sincero... desde sempre... desde o primeiro the creatures... wild things... nessa sessão fotográfica registada por adrian boot... nessa banho sensual e sexual a preto e branco... com budgie... despertava e despontava uma nova e diversa siouxsie. diferente.

assim sendo para se falar de siouxsie e da sua música, francamente só pode ser assim...
com sensualidade...


sábado, 21 de fevereiro de 2015

























num momento de insónia, então > sleep no more  | the comsat angels

havia de chegar a hora... esta hora...
havia de chegar a hora de escutar... e falar novamente dos the comsat angels...
decido-me pelo sleep no more... um dos seus registos mais calmos... e homogéneo...
sempre que penso nos comsat angels... invariavelmente hesito...
hesito entre o sleep no more... e o fiction...
o sleep no more é igualmente belo... ainda que mais duro e rock, até...
o fiction... sereno... mais nocturno... introspectivo...
soturno mesmo. maduro...
bom para uma hora tardia do dia... noite dentro...
after the rain... sublime... acima de qualquer suspeita...
now i know... not a word...more... pictures...
entre outras demonstram a maturidade da banda... alcançada aquando do sleep no more...
senão oiça-se... gone... dark parade...goat of the west... our secret...
só de inumerar tais melodias fico com vontade... de as rever...
de as ouvir... familiares... e constantes...
se o sono persistir em não aparecer... e a insónia permanecer...
será então esse o destino... o meu próximo destino...
aliás haverá maior sentido do que ficar noite dentro a ouvir o sleep no more... perante uma crise de sono... uma insónia, por assim dizer?
e perante esse facto... conformado... existirá alguma companhia mais apropriada do que este mesmo registo... 
afinal é essa mesma a afirmação... não durmas mais... não precisas de dormir...
oiçam-se então os the comsat angels, então...

















podia escrever noite dentro > crash and burn | john foxx



hoje estou assim... sem sono...
prolífero até talvez... 
nesta multiplicação e multiplicidade de pensamentos...
ideias que se encadeiam e reproduzem... mesmo.
e continuo acompanhado... de sons... melodias...
já ouvi muito noite dentro... 
já ouvi new order em quantidade generosa... associates... chameleons... 
mas agora descanso ao som de john foxx...
apeteceu-me assim só...
ouvir... voltar a ouvir john foxx... e quase aliatoriamente peguei no crash and burn...
na sua versão dupla... 
estranhas... ainda que deliciosas, estas edições duplas...
que não as originais... que não as primeiras...
surgem por vezes passado algum tempo... para deleite dos adeptos...
só que não fazem justiça ao alinhamento original... e tudo confundem... embora sempre acrescentem algo... de inovador... de motivante...
esta extensão por vezes até desnecessária... oferece no entanto sons extra... que de outro modo estariam para sempre mudos... porque inaudíveis...
e em bastos casos... o mesmo será dizer... inúmeros...
esses mesmos sons deveriam ser do conhecimento generalizado... que não público...
passo a explicar...
apenas os interessados... os conhecedores... os seguidores... saberão destas existências... que não o público em geral...
que provavelmente também não estará interessado... 
acima de tudo não estará interessado. nestas extensões... 
que não serão valorizadas...
a delícia destas faixas extra, onde por vezes residem... versões mas igualmente músicas perdidas... nunca antes usadas... inutilizadas... pouco comerciais... bestiais.
sei-o agora...
a noite contínua... progride...
e eu aqui... sem sono... nesta insónia deliciosa... que me permite... decidir... o que ouvir...
e de seguida o meu pensamento alinha desde já uma nova sequência...
sister feelings call... simple minds...
fiction... the comsat angels...
e se a sonolência ainda o permitir... swans e o maravilhoso the burning world...























música assim só, de engate > drug | the czars



com os czars creio, foi sempre assim...
melodias lânguidas... provocantes e serenas... que se tornam sedutoras...
a música dos czars... sempre a entendi assim... de encontros e desencontros...
de amores e desamores... relações e rupturas...
mas quando falamos de drug... tudo se esquece... porque tudo é permitido.
será talvez a mais lúcida canção de amor... porque não óbvia...
será talvez a mais linda canção de amor... porque não evidente...
e digo canção, porque é de uma canção mesmo que se trata...
as palavras iniciais incomodam mesmo... porque de tão verdadeiras, ninguém se lembra... de as enumerar... declarar...
e se a capa do disco já é uma referência... um indício...
a música nele contida, supera tudo... qual amor, torna-se irracional...
e ouvi-lo... obriga a uma repetição... um loop, a que é impossível fugir...
muitas bandas... quase todas as músicas abordam o tema... mas esta canção, é invariavelmente estranha... porque inesperada.
o amor assim falado... cantado... parece mágico...
e os czars são efectivamente peritos em magia.
música assim só... denuncia qualquer amor...
música assim anuncia qualquer amante.




nada é verdade, nunca > a matter of gender | the associates



perdoem-me a familiaridade...
hoje não estou para formalidades, e a verdade é que já conheço os associates há tanto tempo... que não faz sentido algum, chamar-lhes the associates... nenhum, mesmo.
a primeira vez que os ouvi... decorria o ano de 1980...
imagino que o primeiro registo tenha sido o tell me easter's on friday...
e o mais estúpido... é que em 1981... em londres... com o maxi-single na mão... decidi optar por outros discos... e deixá-lo para trás...
confesso-o agora... nunca mais o voltei a ver... e nem mesmo conheço alguém que o tenha...
estranhas opções... em momentos de decisão... há que optar, decidir.
e nem sempre se decide o mais correcto...
a minha intuição costumava prevalecer... perante discos em que tinha de escolher... normalmente nem optava pelos que no momento mais gostava... antes preferia decidir segundo a raridade... a dificuldade em obte-lo ou voltar a encontra-lo.
mesmo assim algumas decisões tomadas na época vieram a verificar-se... erradas.
que o digam o maxi-single dos associates... o charlotte sometimes, maxi-single dos cure... a promise maxi-single dos echo & the bunnymen... para referir apenas alguns...
é melhor parar por aqui... acho que já estou a ficar nostálgico... 
só de imaginar que cheguei a tê-los a todos nas mãos... em uma ou outra ocasião e decidi-me por outras escolhas...
bem o melhor é ir ouvir o a matter of gender... já que o tell me easter's on friday, nem vê-lo.


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015





















a singela simplicidade dos montgolfier brothers


simples, tudo aqui parece tão simples...
recorda a jane, os young marble giants e até os eyeless in gaza do início...
mas não, estamos perante os montgolfier brothers...
não, não estou a falar especificamente de disco nenhum... 
neste caso pode mesmo ser qualquer um...
todos são igualmente serenos... uniformes e bons.
oiça-se o seventeen stars... ou o the world is flat...
ou o all my bad thoughts... até mesmo o journey's end...
todos têm melodias extremas... porque próximas de uma impossível beleza...
se dúvidas existissem... bastaria ouvir time spent passing... even if my mind can't tell you... between two points...
ou até talvez... inches away... the world is flat...
porque não... the first rumours of spring... 
este duo tranquilo... que em tudo o que produz... deposita, calma... não é propriamente prolífero...
poucos registos em muito tempo...
apenas que a validade de cada um desses registos é eterna... vale, fica por muito e longo tempo...
essa é a natureza dos montgolfier brothers... 
como se de uma fotografia de jeanloup sieff se tratasse...
como se a serenidade fosse assim simples e eterna.

















assim mesmo sem fôlego > please be happy | breathless



faz todo o sentido. falar dos breathless aqui, agora.
eu explico, passo a explicar...
conheci os breathless... através dos this mortal coil...
o dominic appleton... integrou o segundo disco dos this mortal coil...
tal como descobri o gordon sharp através do primeiro registo dos... this mortal coil.~
o gordon sharp é o senhor responsável pelos cindytalk... de quem também um dia aqui terei de falar. pela importância... da sua música...
o dominic appleton é o senhor responsável pela editora tenor vossa... e pela banda apelidade de breathless...
e os breathless são demasiado importantes para poderem ser esquecidos...
imagino-os sempre esquecidos... para sempre esquecidos... construíndo melodias distantes do público...
fazem música introspectiva... onde falam da sua vida... dos seus receios... amores... dissabores... conquistas... e rupturas...
o último registo... onde repousa essa faixa de uma beleza assustadora... please be happy... construíu-se em torno do fim de uma relação... que se adivinhava...
todos os discos dos breathless são pessoais... íntimos... 
como se de uma purga se tratasse...

todo o registo envolve e revolve uma relação... 
sem nunca a resolver...
as músicas sucedem-se assustadoramente desoladas... tristes... ocas mesmo...
são a memória de um passado mais feliz... 
senão vejam-se os nomes... please be happy... everything is us... next time you fall... fade away... walk away... entre outras que igualmente abordam e alimentam o fim de uma longa relação...
mas não há tristeza aqui... apenas memória...
e quando o disco chega ao fim... fica-se assim mesmo, sem fôlego.







assim só > fond affections | this mortal coil


podia ficar aqui, assim apenas. calado.
mas não teria sentido, algum. nenhum.
por isso vou falar... vou falar dos wolfgang press...
os wolfgang press... conheci-os herdeiros dos rema-rema...
de quem tenho o maxi-single wheel in the roses... onde repousa essa pérola denominada... fond affections... 
lembram-se... recordam-se?...
sim, isso mesmo... é mais conhecida por ter uma versão dos this mortal coil...
assim sendo, percebem a dúvida... fico na dúvida...
não sei se continuar a falar dos wolfgang press ou dos this mortal coil... já que a versão destes últimos... é superior ao original...
os wolfgang press tiveram uma segunda encarnação... chamada de mass, autores de um belíssimo disco solitário... e deram mais tarde origem a essa fascinante dupla apelidada de geniuser... e desse disco inesquecível... mud black...

os this mortal coil são outra estória...
uma história igualmente escura... cinzenta e serena... de três actos...
o it'll end in tears... é soberbo... difícil de igualar... de superar...
o filigree & shadow... é igualmente bom... apenas já não tem o factor surpresa...
e o blood... sendo bom, é um pouco inferior. pouco. mas um pouco...
os the hope blister são outra conversa... versão para uma outra conversa. que não esta.
assim sendo sentemo-nos e concentremo-nos na música que agora mesmo começa...
fond affections... this mortal coil...



terça-feira, 17 de fevereiro de 2015













como num outro carnaval > louise | clan of xymox



como num outro carnaval... que não um outro qualquer carnaval.
recordo o ano... 1987. carnaval de 1987 para ser mais exacto.
foi a primeira vez que o ouvi... que o vi mesmo...
que fisicamente lhe toquei.
o irmão mais novo de um amigo meu... o hugo, irmão do paulo... havia-o recentemente adquirido em inglaterra... creio, chegara mesmo na véspera...
e trouxe-o directamente com mais alguns discos para a festa de carnaval...
onde eu também estava... e onde por um acaso fazia de dj de ocasião...
sinceramente os outros discos já não me lembro... recordo apenas o medusa... dos clan of xymox...
e de por momentos ficar a contemplar a sua capa.
contemplar sim, as capas da 4AD da época eram para ser contempladas... desfrutadas...
sempre me fascinou o trabalho da 23envelope e do vaughan oliver...
melhor dizendo... sempre me interessou... a par dos discos que a editora ia produzindo...
um pouco à semelhança da factory e do peter saville...

regressemos entretanto ao carnaval e aos clan of xymox...
mesmo naquele espaço confinado e escuro pude testemunhar... a qualidde da imagem... impressa em papel brilhante... contrastando com o resto da capa... cartão mate...
frente e verso... 
e quando nervosamente o pousei no gira-discos... o som que brotou era potencialmente muito acima das minhas expectativas...
grosso... grave e espesso... sintetizadores... caixa de ritmos e a voz grave e baça...
nem da melhor das minhas expectativas eu havia projectado algo superior ao album anterior... o clan of xymox... muito intenso e homogéneo.
mas este superava tudo... todo um imaginário que decorria do tempo de audição contínua do seu antecessor.
a dificuldade agora era optar, escolher... louise... michelle... agonised by love... masquerade (nem de propósito, tão a propósito)... after the call... back door...
lembro ainda hoje que esse foi o melhor momento de um bom carnaval do distante ano de mil novecentos e oitenta e sete...
recordo as festas... os amigos... as cervejas... até as invariáveis bebedeiras...
mas sobretudo a descoberta deste disco e do som nele contido...


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015





















como uma fotografia a preto e branco > and also the trees


porquê falar dos and also the trees... perguntarão alguns...
porque me parece relevante. importante mesmo.
porque toda a música que produziram... é demasiado importante... para estar e residir assim só, no esquecimento.
os aatt são sérios... fazem música séria...
sincera e intemporal... com laivos de música russa... czariana mesmo...
com memórias de grandes e eternos salões... ao som de balalaicas...
como num beco abandonado... ou escavando a terra húmida com os dedos...
é disso que se trata... é disso que esta música trata e fala...
de encontros e desencontros... de uniões... de separações.
de amores... dissabores...
é uma música triste e serena que tudo preenche... todo e qualquer recanto de qualquer quarto...
é uma música que pede... impele à solidão...
a uma introspecção... a uma redobrada audição... assim só em silêncio.
e existe silêncio também nestas melodias...
que merece ser experienciado... 
assim sendo retiro-me para simplesmente ouvir... gone... like the swallows... aatt.



















como se tudo fosse verdade > killer eyes | violet indiana


por vezes há pessoas assim...
por vezes há pessoas com vozes assim... sedutoras...
é o caso, presente. a sensualidade da voz de siobhan de maré é um desses casos...
aveludada... sedutora... sensual e secreta mesmo...
assim escura... como se de um quarto em penumbra se tratasse... 
verdade seja dita... o robin guthrie sempre teve jeito para a escolha das vozes... que não pessoas...
já nos cocteau twins a cristalina e doce voz de elizabeth frazier... tudo enchia... tudo percorria... numa sucessão de discos indeléveis... cuja matriz era essa mesma... a voz cristalina e sedutora que acompanhava o enigmático som das guitarras... sem palavra murmurar...
agora nos violet indiana... o caso é igualmente... diverso.
que não diferente.
a puberdade afirmou-se... a voz ganhou corpo... como se de repente tivessemos passado de uma loura virginal... para uma morena, mais carnal.
se a música se manteve... inalterada... com essa mesma matriz... o certo é que a voz amadureceu... e assim sedutora, canta... palavras reconhecíveis...

é certo que também os violet indiana já acabaram... já se finaram...
e o robin guthrie continua prolificamente a editar música... em filmes... em discos... em novas vozes... nesse som característico e enigmático... que envolve a guitarra... e as sensações que revolve... a solo... ou na companhia... digamos... de john foxx... ou harold budd... existe uma diferença... porque existe uma enorme consistência... nessas melodias que produz e provocam... um abatimento... por vezes uma tristeza difícil de explicar... porque impossível de ignorar...

mais alegres concentremo-nos e oiçamos... killer eyes... violet indiana, a sedução outra vez.



























o mundo também passou por aqui > blaine reininger



sim é verdade.
temos momentos assim... de alguma erudição...
em que nos sentimos até um pouco cultos... por assim dizer.
comigo passa-se o mesmo...
sempre que oiço um disco dos tuxedomoon ou simplesmente do blaine reininger...
como o que hoje oiço... commissions... música produzida para teatro e dança...
nessa inesperada mudança de localização... estratégica...
da califórnia para a grécia...
assim só... em busca... procura de mais produção...
e a genialidade e o virtuosismo que desde sempre lhe reconheci...
continuam intactos... o som do característico violino... o carisma do piano... sons que aqui a espaços se repetem e para os tuxedomoon remetem...
desde que os vi tocar no teatro são luiz... nessa parceria de piano e violino...
com o steven brown endiabrado ao piano... e que para a posteridade ficou registado em one hundred years of music... onde os fantasmas de half-mute... desire... divine... holy wars ou ship of fools, para mencionar apenas alguns dos fantasmas que se concentram e aqui assolam e assomem... como se de uma constelação de sons eruditos se tratasse. e trata.
porque o mundo também por aqui passou... 






erro meu > tidal wave | john foxx



terá sido erro meu... ou simples esquecimento?
para todo o efeito aqui fica o reparo... ainda que tardio.
a minha relação com o john foxx... com esta música electrónica fria e distante...
tem anos... décadas. 35 anos para ser mais exacto.
sim, o metamatic saiu em 1980... ano em que o ouvi e imediatamente adquiri...
ainda recordo... semblante triste... na época apenas encontrei disponível a edição portuguesa...
não é que o som fosse mau... que o era... muito mau mesmo.
mas a qualidade de impressão... gráfica... era terrível... demasiado má mesmo...
um papel de péssima qualidade... e as fotos demasiado desfocadas... sem contraste...
nesse ano percorri a cidade em busca de um exemplar "autêntico"... genuíno... inglês digamos...
apenas o vim a encontrar anos mais tarde... em segunda mão... mas em muito bom estado.
ocasionalmente via o do meu primo... com que por momentos me deleitava... a ver os centros do disco... lado, perdão... side one e side two... com aquele logo em tons de cinzento... metal beat.
o cd comprei-o mal surgiu... e tenho diversas e demasiadas edições para o dizer... sem algum pudor...
apenas persigo a edição japonesa... sim, essa mesmo. a de capa original miniaturizada...
demasiado caras as que tenho visto à venda... efectivamente e musicalmente falando, não trazem absolutamente nada de novo... é apenas uma questão de formato, se me faço entender...
e essa rivalidade latente... com o gary numan... pelo expoente máximo de electrónica... frieza... postura... até na forma de vestir... que na época tanta tinta fez correr...
verdade seja dita... o john foxx sempre foi mais sério... mais ele próprio.
ainda o é.
o gary numan... ía com a corrente... 
sim, eu sei... tem discos bons... que rivalizaram com alguns menos conseguidos do john foxx... mais lamechas... que o outro, o gary numan...
só que enquanto o john foxx amadureceu e construíu um caminho... um percurso... consolidado... o gary numan perdeu-se... vítima de si próprio... com gravações suburbanas e decadentes... sem nexo algum... nenhum. vejam-se as fotos das capas...
o john foxx oiço correntemente... ainda hoje mesmo o fiz...
tidal wave... entre tantas e todas e quaisquer versões...

sábado, 14 de fevereiro de 2015















começar de novo > summer becomes winter | brighter


sim, eu sei.
não sabem do que eu estou a falar, sim eu sei...
não é que não esteja acostumado... poucas pessoas se lembram ainda...
da sarah records...
dessa editora que o matt e a clare iniciaram em bristol...
dessa improvável forma... embalando singles na bancada da cozinha...
e do culto que entretanto se formou e cresceu...
vocês sabem como são os singles de vinil e os japoneses...
sobretudo os japoneses...
mas também, sejamos justos... o som pop... tão pop que parece até difícil de reproduzir...
tantas bandas... tantas guitarras... tanta pastilha elástica...
tanta descendência... tão smiths... tão beatles... tão ingénuo...
tanto mentol... nestes sons e melodias precoses e virginais...
nesta adolescência... nesta puberdade mesmo.
assim sendo bem-vindos à escola... secundária.
nesta festa de raparigas de vestidos rodados às bolas... ténis coloridos... sumos variados...
assim sendo comece a música... e que comece pelo melhor...
summer becomes winter... brighter... 

























chamemos as coisas pelo nome > the names



os the names sempre foram uma incógnita... para muitos.
certamente para quase todos...
tenho um punhado de amigos que sabem do que falo... dos names...
quanto aos outros... todo é novo... tudo já sendo tão velho... demasiado velho mesmo.
os names remontam... a mil novencentos e oitenta e dois... ano do lançamento de swimming... embora já existissem desde 1979...
e swimming não sendo perfeito... era-o provavelmente na época...
uma banda assim... belga... que despontava com as editoras cultas e elitistas...
les disques du crépuscule e factory benelux...
as antologias... essas colectâneas que os discos do crepúsculo lançavam metodicamente...
eram... são magníficas... onde repousam nomes como marguerite duras... richard jobson... eno... john foxx... harold budd... nyman... durutti column... jeanne moreau... cécile bruynoghe... paul haig... entre tantas outras sumidades...
e os names obviamente... 
e nervosamente editoras cultas e eruditas que tinham sucesso... algum.
e porventura incomodavam o estabelecido... e vigente panorama...
e melodias como a que agora mesmo oiço e reconheço...
i liked you better when you were dead...
e que tanto se aplica a tantas pessoas...
efectivamente... chamemos as coisas pelos nomes.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015


















estranho, achei estranho > decline and fall | virgin prunes

achei estranho, assim só.
porque razão é que ainda não tinha obtido resposta... alguma.
nenhuma mesmo.
e creio, para me esclarecerem de tal assunto, bastariam algumas horas... um dia quanto muito.
olhei para a data do meu último contacto... do meu último email.
passaram-se entretanto quase dois meses...
achei mesmo muito estranho.
as potencialidades destas novas tecnologias... destas novas formas de comunicação... e, nada...
tudo continuava na mesma... como anteriormente... como antes mesmo.
do tempo das cartas. em que era preciso... esperar.
ficar à espera... de uma resposta...
e assim sendo, já que tive... tenho de esperar...
aproximo-me da estante... e com calma, escolho... posso escolher, o que ouvir.
decido o que ouvir.
assim mesmo, dependendo apenas de mim, ter o poder de decisão...
não ter que esperar por nada... por ninguém...
bastar-me... ser suficiente, a minha decisão... até a minha indecisão...
e então, entre tantas possibilidades, opto pelos famigerados virgin prunes...
afinal não é à toa que estou mal disposto...
existe uma razão...
frustrado com esta situação... esta espera que já desespera...
quando o disco começa e a música surge...
assim só bruta e crua... decline and fall...


domingo, 8 de fevereiro de 2015
















motorama > a ressurreição do ian curtis



31 anos depois...
ouviram bem... 3trinta e 1um anos depois...
finalmente a ressurreição de ian curtis...
depois de tantos embaraços... depois de tantas atrapalhações... hesitações e vexames mesmo...
basta ver o que os NEWorder andaram a fazer... quase sempre... e sobretudo o que lhe fizeram... que raio de legado...
o movement ainda lhe fazia alguma justiça... pelo menos não o deixava ficar mal... não o envergonhava digamos...
mas passados alguns singles... esqueçam... mais vale mesmo estar assim morto.
morto. defunto. cadáver mesmo.
mas agora não... agora há, agora temos os motorama...
e quem são os motorama perguntarão os mais distraídos...
são um bando de músicos suburbanos... ou não... de rostov-on-don... cidade russa....sim, russa repito... na rússia mesmo...
assim, como é que eu vos explico... tipo setúbal...
e se virem as suas indumentárias... e os cortes de cabelo... certamente alcácer do sal...
mas continuemos... que é para bem... para melhor...
e o que tem o ian curtis a ver com tudo isto... perguntarão os mais distraídos...
é que os russos à medida que cresciam... devem-se ter fartado de poupar...
assim digamos... para comprar um punhado de discos...dos joy division, claro...
e dos felt também... talvez até dos smiths... certamente alguns dos new order... cure até...
então os singles iniciais... são brutais... fantasmas de unknown pleasures... todos, mas mesmo todos...
há agora um novo disorder... um novo day of the lords... um novo shadowplay... um novo...
bem... o melhor é mesmo apresentar os filhos pródigos...
echoes...  ghost... horse... anchor... normandy... budapest... ready for the floor... a versão ao vivo então... esse espírito povoa agora a rússia... 
até incomoda... tanto tempo depois...
mas não bela sem senão... os rapazes russos são matreiros...
então não é que quando perceberam a importância da coisa... e do bando de seguidores interessados ou simplesmente interesseiros...
e na sequência do primeiro álbum... alps de seu nome... fizeram uma inflexão...
wind in her hair... northern seaside... alps mesmo... there's no hunters here ainda povoado de fantasmas... letter home... ship...  são boas na mesma... mas.
são outra coisa... para uma outra... uma nova presença...
agora residem aqui... resíduos dos felt... field mice... trembling blue stars... northern picture library... brighter... e as capas repararam... tão smiths...
malandros os gajos... agora compram noutra editora...
foi-se a factory... chegou a shinkansen... que entretanto também já acabou...
outros tempos... sinais de outros tempos...
que mais não seja 31 anos depois.



eyeless in gaza > com os olhos postos no chão


obviamente pareceu-me correcto. desde o princípio.
desde o primeiro momento em que ouvi o primeiro disco dos eyeless in gaza...
que não o primeiro álbum...
acidentalmente comecei pelo que ainda hoje considero o melhor... drumming the beating heart... trazido pelo meu pai desde londres... ao qual se seguiu poucas semanas depois e já em estado de puro encantamento... o caught in flux... assim mesmo vinil duplo... que trazia também o eyes of beautiful losers... este trazido por um amigo meu, também de inglaterra...
drumming the beating heart, mas sobretudo o caught in flux foram uma imensa surpresa... pela linearidade... pelo despojamento... sintéticos e eficazes... mostrando que parcos recursos possibilitavam óptimos resultados...
alguém mais conseguiu fazer músicas... sim, porque é de música que se trata... melodias assim como one by one... picture the day... lights of april... see red... veil like calm... lilt of music... transience blues... sixth sense... stealing autumn... evening music... still air... tell... blue distance... confessem...
não, claro que não... nem mesmo os felt nos seus dias mais inspirados... se lhes aproximaram...
os durutti column... bem, os durutti column são diferentes... são outra história...
tenho uma relação de muitos anos com os durutti para lhes ser infiel...
que não posso.
os durutti column a espaços... talvez até mesmo sempre... foram próximos também dos eyeless in gaza... pela economia de meios... pela sensibilidade... sobretudo pela sinceridade.
são ambas bandas que produzem discos assim solitários... para ouvir a espaços... isolado... sem absolutamente ninguém a quem NADA contar.
porque tudo conterem...