segunda-feira, 19 de setembro de 2016















ao longe > every town | cranes

creio.
creio que sintetiza bem o sentimento.
a saudade.
a saudade é sobretudo dos vivos.
a ausência dos mortos é definitiva.
sem solução, sem retorno.
é definitivo.
mas dos vivos... presentes... ainda que ausentes, não.
a saudade é eterna... 
é um aperto que está... que fica... em permanência.
a mente que retorna sempre... a esse mesmo momento... e retoma...
num tempo que custa mais a passar... e parece preso... lento...
seja em que lugar for... seja em que tempo for...
a distância permanece... e afasta...
a vida numa outra vida... que não esta que se vive aqui...
e a música que preenche... tenta preencher esse vazio...
o som nesse vácuo que se instala... every town... cranes...

quinta-feira, 15 de setembro de 2016





















pelos arames > a craftsman's touch | wire


corrente que passa... pelos arames...
melodias. músicas assim só. que se bastam.
com os wire sempre existiu essa certeza... que não segurança...
aliás em todas as suas vertentes... todos os projectos satélite, e foram e são tantos...
sempre existiu essa duplicidade...
experimentalismo versus melodia...
os embaixadores da vertente experimental electrónica sempre foram o bruce gilbert e o graham lewis...
o mais radical imagino que seja o bruce gilbert... e todo o seu experimentalismo... por vezes muito próximo do rock alemão... com o graham lewis a fazer a ponte para a pop melódica do colin newman...
os he said sempre foram muito mais adocicados do que os dome ou os duet emmo... onde existia uma forte presença do... bruce gilbert...
até nos registos vocais isso está patente...
o graham lewis mais grave e distante... o colin newman mais agudo e popular...
muito da carreira dos wire foi feita deste princípio...
desde 154 até ao presente... que sempre se digladiaram no bom sentido...
e construíram uma obra segura e notável... mesmo nas colaborações mais imprevisíveis... tais como...os immersion... os oracle... wir (wire em modo de trio)... até há ressonância presente nos virgin prunes de if I die... e nos minimal compact e a. c. marias...
porque os fantasmas sempre foram os mesmos... e imagino que já tenham decorado os seus nomes...
nessa corrente que passa... pelos arames...
e nessas melodias assim só. que bastam.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016





















retrocesso sem sucesso > into you like a train | the psychedelic furs


como que do avesso. digo eu.
e dito assim... parece estranho...
passo a explicar...
o richard butler sempre foi a alma mater dos the psychedelic furs...
o núcleo duro formou-se sempre em torno dos irmãos butler... tim e richard...
e espero não estar a errar... novamente...
como sempre errei no julgamento dos... and also the trees...
apenas me apercebi da importância do justin jones... face à somenos importância do simon huw jones... aquando do seu concerto em leiria...
esta mania que geralmente temos de privilegiar os frontman... os vocalistas em absoluto... é simplesmente absurdo...
e fiz questão de lhe o referir pessoalmente aquando do fim do concerto... e ele sorrindo anuiu...
imagino, não deveria ser o único equivocado...

no caso dos furs... já não tenho tanta certeza...
o richard butler até mesmo pela sua discografia pós the psychedelic furs parece-me mais consistente... consciente... incoerente?...
o disco em nome próprio... é mesmo um dos melhores onde esteve emerso...
é um registo melancólico... triste até talvez... sobretudo cansado...
mas se os the psychedelic furs nem sempre foram surpreendentes... o primeiro registo, e sobretudo a primeira melodia... india... era, foi e sempre será um portento...
até mesmo o meu irmão logo se interessou... ensonado que estava na sua primeira audição...
e este registo homónimo é por vezes isso também...
menos imediato... menos acessível... mais ácido e soturno... numa aproximação incomum... porque menos popular...
oiça-se e verifique-se... 
certifique-se pois... ciente que india, soap commercial  e talk, talk, talk... ficaram assim lá atrás... presos e perdidos nesse tempo prolífero e profícuo... ou não estivéssemos a falar dos idos anos 80...





segunda-feira, 5 de setembro de 2016















novamente sem novidade > the operative | magazine


novidade?...
aqui não há lugar a qualquer novidade...
antes, e isso é que é uma novidade... os magazine regressaram... ao activo.
têm um disco novo... um dvd novo... e andam a dar concertos um pouco por aí...
novidades...
aqui não há novidade...
antes a coerência de uma continuidade... diga-se... difícil de obter...
tantos são os anos que entretanto se passaram...
mas que em nada alteraram essa visão... a do howard devoto e afins...
ele que a solo e mesmo com o noko nos luxuria já nos havia presenteado com belos registos... e que nada ficaram a dever aos magazine... cujo expoente maior foi mesmo o secondhand daylight... sendo no entanto todos os trabalhos consistentes... coesos, mas sobretudo maduros e intemporais...
poucos músicos se têm interessado pelo percurso dos magazine... e da lírica do howard devoto... o que é sobejamente estranho...
mesmo a sua participação no primeiro registo dos this mortal coil... é... notável...
no mínimo notável... sendo mesmo a melhor música que integra esse disco... suplantando os dead can dance... o colin newman... os cocteau twins, entre outros...
e isso quer dizer já alguma coisa... diz, tudo.
senão oiça-se holocaust... e creio... nenhumas dúvidas subsistirão...
novidade... não é preciso novidade alguma...