segunda-feira, 7 de maio de 2018





na outra margem > I talk to the wind | king crimson

ontem. assim só, sem aviso prévio...
ao fim da manhã... o rádio do carro que de repente... e sem qualquer aviso... debita os  acordes iniciais de I talk to the wind dos king crimson...
quanto tempo passou... quanto tempo se passou, desde... desde então...
segredo-te, este foi o primeiro disco que intencionalmente comprei.
com dinheiro meu... que juntei.
foi o disco que me mostrou o caminho... e a importância desse mesmo caminho.
foi o disco que no fundo... tudo despolotou.
dito de outra forma... foi o primeiro disco que me fez falta... cuja música me fazia falta.
então tive de o adquirir... mas, o que eu não sabia então... ou ainda...
é que muitos e tantos outros se seguiriam...
mas sim, in the court of the crimson king foi o primeiro registo que posso dizer... se fez meu.
tal como o godbluff dos van der graaf generator... o foxtrot dos genesis... 
discos, sim discos de 1969... 1972... 1975...
houve alguns... marcantes mesmo... mas em 1978 igualmente surgia outra marca... diferente. porque maior.
o systems of romance... tudo mudou... 
os ultravox... em paralelo com o low e o heroes do bowie... o another green world e o before and after science do brian eno... tudo fizeram estremecer...
toda a estrutura... toda a edificação que eu entretanto construíra... alicerçada nas bandas dos anos setenta... simplesmente... ruiu.
desfez-se... sumiu-se... inconsistente. incoerente.
quando tudo me parecia tão seguro... tão evidente... foi quando tudo se desmoronou e foi posto em causa...
sei-o agora... sabia-o já então...
ao escutar o I talk to the wind na radar nessa manhã de domingo... a novidade era só essa.
a surpresa... da música... dessa mesma música ali naquele dia....
porque a vida estava lá... já encandeada nessa melodia de então...
e tudo o que construiu a partir desse momento... tem a ver com esse mesmo momento.
e nada se descobre... tudo se transforma. e enlaça.