terça-feira, 28 de junho de 2016





















as entediates tardes de domingo à tarde > gloomy sunday | the associates

sometimes on sunday...
recordo essa frase... dita assim por alguém faz tempo.
e imediatamente relembro o gloomy sunday cantado pelo billy mackenzie...
e acredito os domingos serem assim chatos em qualquer lado...
os domingos serem assim entediantes em todo o lado...
há por vezes músicas assim...
que funcionam bem... com a monotomia dessas tardes, desses dias...
por vezes há melodias assim...
que acompanham e anestesiam... todo envolvem...
e os associates foram peritos nisso...
as músicas do billy mackenzie são assim por vezes... incómodas, como as tardes de domingo...
as tardes de um domingo... todas as tardes de todos os domingos...
mas o alan rankine também não lhe ficou atrás... se bem que em quantidade de música...
basta reparar em the sandman... ou last bullet... your very last day...
que rivalizam com beyond the sun... winter academy... sing that song again... apenas para citar algumas...
obviamente breakfast e those first impressions... que até a minha mãe conseguiram impressionar...
os associates tinham essa capacidade... de serem urbanos... muito suburbanos...
basta ouvir alguns maxi-singles... para conpreender a incongruência...
se por um lado existem q quarters... white car in germany... tell me easter's on friday e a matter of gender entre tantas outras...
a verdade é que também existem fever... waiting for the loveboat... take me to the girl... country boy, lá está... fire to ice e heart of glass...
agora digam lá...
haverá dia pior do que domingo pela tarde?...



falar assim > seekers who are lovers | cocteau twins


falar assim, só.
num monólogo estranho que se tende a perpetuar...
a solidão desgasta... consome...
divagarmos... viajarmos com o nosso pensamento...
sempre com o nosso pensamento presente.
e ficar assim só, nessa ausência que se instala... e permanece.
é por vezes mágico. estranho e divino... ficar assim absorvido em nós próprios, como se nada mais existisse... ou importasse...
essa é em grande parte a medida... que define a nossa vida...
porque a nossa vida, quer queiramos ou não...
é sempre vivida em solidão...
e essa solidão, quando aceite... inebria... entontece.
sabe bem por vezes... a solidão...
apetece estar só... em sintonia apenas connosco...
nem todas as pessoas têm esse querer... essa vontade...
para alguns até... essa coragem...
muitas pessoas não gostam de estar sós...
não sentem essa necessidade...
assalta-as até algum medo... a ideia de solidão... coexistem mal consigo próprias...
na solidão existe... impera uma paz... uma tranquilidade difícil de encontrar em comunhão... com outros...
na solidão existe um adormecimento propício... ao silêncio... à calma.
há uma serenidade que tantos intranquiliza... pelo simples receio... do isolamento.
há muitas... demasiadas melodias para momentos assim, confesso...
e demasiados autores... assim só... vêm-me à memória john foxx... robin guthrie... harold budd... peter walsh... vini reilly... mesmo robert smith em dias mais inspirados... mesmo ian mcculloch... porque não e obviamente tim bowness... sobretudo david sylvian... bobby wratten... kyle j. reigle... ian curtis... seria uma injustiça não referir o gavin friday... martin bates... lawrence e até a espaços o exótico pete wylie e o desgovernado julian cope que compôs uma das mais belas melodias de... sempre...  
oiça-se head hang low... e confirme-se...
oiça-se... tiny children... ...and the fighting takes over... the great dominions... e reafirme-se...
ou simplesmente seekers who are lovers... desses cocteau twins já desgastados e em fim de ciclo... e que por também assim falarem... nos demonstram o quanto bela pode e deve ser a solidão... em momentos de enorme sofrimento e profunda ruptura.
celebre-se então o falar assim... o falar só.
ou dito de outro modo... o solilóquio... que não o monólogo...



quinta-feira, 23 de junho de 2016












desenhar > your dress | john foxx


desenhar-te os dedos...

as linhas das pernas...

esse perfil doce e sussurrante... delicado... reparar em todos os pormenores...
perscrutar todo o corpo... 
e entretanto amanhecer... e tu sem dares por isso... por nada...
assim só, acordares... e o desenho estar pronto... feito... enquanto dormias...
noites assim de encantamento...
e alvoradas silenciosas e calmas...
são esses também os momentos que dão sentido... trazem significado...
viver a vida... num quotidiano ignoto e vazio...
esvaziado de intenções... sentimento e cumplicidade...

por vezes a nossa vida também faz sentido ser assim...
ser nada.
sermos só nós...
apenas nós numa solidão aterradora... sem diálogo possível...
num solilóquio imenso... onde tudo visionamos e revemos...
são esses também os momentos... que atribuem maior significado... a estes...
é o monólogo da solidão... o isolamento que por vezes nos mostra o valor...
da partilha... da cumplicidade genuína...
que nos faz percorrer mapas que desconhecíamos... territórios ignorados e esquecidos...
assim sendo, pego no meu ipod... ponho os auscultadores nos ouvidos... carrego no botão de play... e o som que me invade e percorre o silêncio... e naturalmente tudo preenche... your dress... john foxx...

assim só... desejando-te... desenhar...
desejando-te... desenhar-te.





quarta-feira, 15 de junho de 2016





















na desordem das sombras > empty camps | cemeteries 

difícil. difícil mesmo.
acreditem...
é difícil de decidir... que música ouvir desse registo que agora mesmo oiço...
barrow dos... cemeteries...
decido-me por empty camps... como me poderia ter decidido por outra qualquer... uma qualquer outra... I will run from you... sodus... procession... sei lá, é-me indiferente...
consigo ouvir todas e qualquer uma... indiscriminadamente em loop... até parecer que me canso... porque não me canso de ouvir... este registo...
confesso. eu confesso...
achava difícil... para não dizer impossível mesmo...
encontrar... actualmente encontrar um disco assim...
tão íntegro... sereno... melancólico... e seguro...
e confesso... jamais imaginei que viria do outro lado... do atlântico...
sempre foi na europa que este tipo de música mais seduzia...
e nos induzia... e acontecia.
existe uma cultura... um tempo mesmo... para essa pré-disposição... 
existe uma razão. que reside aqui. não do outro lado do atlântico...
e quando a excepção acontece... a surpresa aumenta...
e aqui a surpresa foi dupla...
não só já não aguardava uma banda assim... e ainda para mais vinda dos estados unidos...
a surpresa foi maior...
como, confesso... já não aguardava...
idos os anos 80itenta... quando quase todas as semanas surgiam bandas novas... mas sobretudo inovadoras...
já não pedia essa proliferação... apenas uma novidade... de quando em quando...
mas não... tenho passado os anos mais recentes... quase exclusivamente entretido... sim, é esse mesmo o termo, entretido... com reedições... de discos... bandas... pequenas surpresas até...
mas aqui... aqui, não...
reside aqui um turbilhão... senão de novidades... pelo menos de qualidade...
e a mim... basta-me qualidade...

































reflexão nos dias desiguais > a short term effect | the cure 


a quebra de monotonia...
uma outra sintonia...
dedico algum tempo a algumas séries... a essa que agora mesmo se iniciou...
outcast de seu nome...
seduziu-me o nome... o trailer... acima de tudo o grafismo e... agora que percebi que o genérico contem o a short term effect do pornography dos the cure... tudo me parece perto da perfeição...
o pornography sempre foi um disco, diferente... distante do comum ouvinte... 
passo a explicar... o pornography sempre foi um disco difícil...
acessível a poucos... 
porque nunca deixou nada, nem ninguém indiferente...
é um disco visceral... que mexe com as entranhas... os sentidos e sentimentos...
porque é um disco seco... cru, directo e forte. muito forte...
e nem todas as pessoas têm essa disponibilidade... 
mas bastava estar atento... bastava ver a fotografia da capa... e à época, a publicidade ao mesmo... que digo-vos... superava mesmo a foto escolhida para o álbum...
mas isso seria outra discussão... sobre outro assunto... numa outra época... que já não esta... 
por ora fico-me com as imagens de outcast... um contemporâneo descendente do exorcista... e o a short term effect... imprevisto genérico... mas que tão bem soa...
esta é a reflexão para dias desiguais... porque não iguais... aos outros...
aos rotineiros... iguais... e onde nada de interessante me move...
na quebra da rotina...




domingo, 12 de junho de 2016














palavras soltas > old photographs | trembling blue stars

por vezes quero acreditar...
que estamos em sintonia. assim só.
sinto-o. não apenas através do que me dizes... sobretudo acerca do que escreves...
e das imagens que por vezes deixas escapar...
há um lado silencioso e sensual em cada imagem que se revela...
as palavras ainda que mais directas... por vezes... mentem...
simplesmente dizem o que queremos ouvir...
será que também é assim com os cemeteries... como o foi em tempos com os trembling blue stars...
já mandei vir o the wilderness... mais tarde tentarei adquirir o barrow... se existir...

é assustador... 
é encantador...
saber... sentir, querer acreditar que assim o é... 
que embora na distância... ambos caminhamos no mesmo sentido...
e que um dia talvez nos encontremos... e nessa comunhão existamos...
como sempre assim o entendi através do bobby wratten...
será o mesmo igualmente possível com o kyle j. reigle...
quem sabe um dia... tu me o dirás... 

quarta-feira, 8 de junho de 2016




para variar > our false fire on shore | cemeteries

para variar... para não variar.
um dia...
um dia também eu gostaria de escrever... saber escrever...
escrever o que por vezes penso... sinto... e vejo.
por vezes gostaria de escrever... como as pessoas que leio... e de que tanto gosto...
sejam eles... quem forem... robert smith... pedro chagas freitas... paulo varela gomes... ian curtis... agustina bessa-luis... o howard devoto... o peter hammill...
o quanto gosto... o tanto que gostava... de me expressar assim...
por vezes até como o miguel esteves cardoso... com quem aprendi que gostar de música é muito mais... do que simplesmente isso... música...
é escrever também sobre música... sobre essa música que nos incomoda e absorve...
que nos concentra e distrai.. que nos comove.
e escrever assim... apaixonadamente é também apaixonante.
de ler... como se estivesse a ouvir...
confesso... chego a sentir algum desconforto... alguma inveja...
por não saber escrever assim, só...
deixar sair... deixar fluir em palavras tudo o que se sente... e pensa...
soltar esse pensamento medroso... e simplesmente escrever...
ter essa facilidade... esse desígnio... por destino...
tal e qual como quando oiço algumas melodias... como as que agora mesmo oiço...
se fosse músico... provavelmente também seria invadido por esse... embaraço...
de estar a ouvir algo... que me transcenderia...
e assim fico... delicadamente a ouvir... our false fire on shore... cemeteries, pois claro...
para não variar... 
para variar...



desengano > sodus | cemeteries


por vezes também é assim...
enganamo-nos... engano-me para ser mais preciso.
conciso até...
as descobertas também servem para isso... servem sobretudo para isso.
para compreendermos o quanto podemos estar enganados... andar assim só... no desengano.
e esses momentos são mágicos... porque deliciosos...
assemelham-se aquele tempo... que antecede uma paixão... e que sabemos de antemão o que aí vem... seja ela que paixão for... carnal... literária... cinéfila... melómano... 
confesso... descobri os cemeteries assim só... ao acaso...
a sua música veio ter comigo... e ficou.
reside em mim. 
posso com alguma certeza afirmar... que jamais se separará... de mim.
tem tudo para ser bom... para dar certo...
é serena... triste... repetitiva e melancólica....
tem muito do que eu gosto... do que me é costume... e familiar...
é como se efectivamente há muito nos conhecêssemos...
e onde me reconheço...
segredo-vos... é onde gosto de estar...
tranquilo... nesta família...
senão oiçam sodus... e provavelmente perceberão do que estou a tentar falar...

quinta-feira, 2 de junho de 2016





desencanto > the disappointed | anthony reynolds

encanto...
desencanto...
tanto engano... 
o anthony reynolds é um perito no desengano... no desencanto...
basta conferir na generalidade das suas composições... manifestos diria eu...
tipo inquieto... incómodo... e incomodado mesmo...
tipo irrequieto, se é que me faço entender...
o anthony reynolds sempre foi assim... em todas as suas encarnações...
um camaleónico... pouco camaleão...
fosse através dos jack... dos jacques... em nome próprio... ou noutra qualquer designação... sempre foi incómodo... porque nos incomodava... 
com as suas melodias... com as suas palavras... sobretudo com as suas palavras.
os seus escritos... tesouros muito bem guardados por e para alguns garanto eu... são sublimes...
abordem these roses taste like ashes... e vejam se não tenho razão...
é igual... é o mesmo...
como se estivéssemos a ouvir uma qualquer composição sua...
que sendo escrita, também o é...
tipo inquieto mesmo...
e que nos afecta... e incomoda...
e de tanto incómodo e incomodado que eu já estou... levanto-me... pego no disco que deposito no leitor de cd... e a música incómoda, arrastada e desencantada que surge...the disappointed... de que sempre gosto... mas que tanto me agasta...







quarta-feira, 1 de junho de 2016



retirado para melhoria > forever never | robin guthrie

como eu hoje ouvi na rua... acidentalmente, de passagem... numa conversa trivial...
onde uma mulher contava a outra...
sofrer também faz bem... também faz falta... 
e, estranho... achei aquilo tão estranho... simplesmente...
e de tão estranho... ficou em mim... e por isso provavelmente agora escrevo...

e como alguém um dia escreveu... 
um dia, vou escrever um sonho antes de ir dormir...
notável... inolvidável... escrever um sonho antes de dormir...
e então tentar sonhar de novo... sonhá-lo...
sonhar o sonho que se escreveu... reescrevendo assim mesmo o sonho... 
essa a ideia... que imagino... também eu gostaria de sonhar...
sonhando um sonho... que havia escrito mesmo antes de me ir deitar...
e dormindo... sonhando esse mesmo conto... esse mesmo sonho...
como quando se elege um disco para ouvir...
como este em que agora mesmo pego... robin guthrie... forever never...