terça-feira, 31 de julho de 2018





















apaga tudo > day I die | the national

apaga tudo, não esqueças nada. erase all.
não esqueças... não te esqueças de apagar tudo... mesmo tudo.
não deixar rasto, algum. nenhum. 
apagar tudo. "delitar" tudo, se assim posso dizer.
fazer delete a toda uma existência... não deixar nada por apagar... apagar tudo.
não deixar rasto nenhum... algum.
como refere a música dos new order... regret...
maybe I've forgotten
the name and the address
of everyone I've ever known,
it's nothing I regret...


sim, isso... fazer isso sempre. para sempre.

esquecer tudo... desaparecer de tudo.
desaparecer... sumir... desvanecer para sempre.
dar assim só, sumiço... a tudo, de tudo.
passar a ser incógnito... mais incógnito mesmo...
obter uma desejada transparência...
passar a ter uma aparência transparente.
ser assim só. aparente.
nesse desejo de anonimato...
misto de desconhecido... ignorado mesmo.
qualquer coisa de secreto... e enigmático.
como se fosse um segredo apenas. incólume.
passar incólume... invisível.
tornar-me irreconhecível... porque desconhecido.
ser tudo... não sendo nada.

apaga tudo não esqueças nada...


terça-feira, 17 de julho de 2018















uma lágrima > cut | low


tenho uma lágrima a escorrer-me serenamente pela cara...
uma lágrima, apenas uma.
e por mais que o estranhe... sei de onde vem... sei o seu significado.
vem dessa mesma saudade... de pessoas boas... puras e sérias que já deixaram o meu quotidiano...
tantas se foram... e vão... e as que ficam e estão... escondem-se e desconfiam.
não são seres sérios e serenos como os que outrora me habituei a conviver...
agora é tudo rápido, demasiado rápido... fútil e superficial.
as pessoas já não disponhem de tempo... já não existe uma cumplicidade na partilha do tempo... e das informações sérias.
já não há prazer algum na partilha e comunhão do tempo... gasto, junto.
esse tempo apenas tem... ou terá valor quando tudo fôr irreversível. porque já impossível.

agora é tudo avulso... provavelmente demasiado falso para poder ser verdade...
estas relações descartáveis em que nada nem ninguém comunga... apenas frivolamente se convive... faz com que o virtual ganhe preponderância... nesse domínio avassalador sobre uma realidade que sempre conheci...
tudo se torna volátil e fútil direi eu... 
como na ingrata gratidão... no refúgio e isolamento dessas partilhas e grupos onde por vezes nos integram ou integramos...
nessa felicidade fácil e irrelevante... indiferente e inútil...
demasiado fácil... para não ser falso...

tenho uma lágrima a escorrer-me serenamente pela cara...

uma lágrima, apenas uma. 
apenas uma porque é sobretudo sincera... e mesmo assim cínica para mim.