domingo, 30 de junho de 2019
















bombeiros, engenheiros e açucareiros > gary numan & john foxx

descansem.
regressei, voltei ao normal...
e vim para falar de engineers... conversation... metal... complex... films... he´s a liquid... metal beat... a new kind of man... tidal wave...
sim, já perceberam... estou a falar do gary numan e do john foxx... e de uma suposta rivalidade e disputa no início dos anos 80... que nunca aconteceu.
ambos surgiram no final da década de 70... ambos em bandas que tentavam fazer a fusão e passagem do rock para a electrónica pura... olá kraftwerk...
os tubeway army talvez um pouco menos interessantes do que os ultravox à data... ambas com vocalistas robóticos e pouco humanos... numa estética densa... fria e solitária...

ambos enveredaram por carreiras a solo... a do gary numan muito mais visual e exposta... logo mais bem sucedida... a do john foxx mais madura e séria, logo menos apelativa ao comum mortal... porque mais interessante... mas, adiante.

ambos se enquadraram na estética dos fundadores... afastando-se diametralmente do pós-punk...
sim, foi aos kraftwerk que foram beber não apenas os universos e atmosferas... mas igualmente a estética.
fato e gravata... pouco comum a músicos oriundos do punk...
os álbuns the pleasure principle e metamatic, surgidos respectivamente em 1979 e 1980... foram e são marcos fundamentais da cold wave.

ambos marcadamente taciturnos... fundamentalistas electrónicos... frios e despojados... onde o ser humano surge isolado... num mundo egocêntrico e desértico... muito próximo de blade runner, filme icónico dessa mesma década... 
tanto numan como foxx surgem retratados como executivos... cinzentos... sob a luz de holofotes enigmáticos... e cujas melodias se assemelham até na frieza das letras contadas... que não cantadas.
a vida separou-os por uma década exacta... a música essa era a mesma... assim como o respeito, admiração e amizade mútua.
o resto é apenas história...

sábado, 29 de junho de 2019





na calma da noite > tonight | saint etienne

calma... tenham calma.
calma... tenham sobretudo muita calma...
neste dia... nesta noite, sinceramente deu-me para isto... deu-me para aqui.
saint etienne
sim, eu sei... até estou a corar um pouco...
é, parece uma vergonha... mas não é.
são melodias em catadupa... assim só descontraídas e descomplexadas...
qualquer amante de pastilhas elásticas devia passar por aqui, pela discografia dos saint etienne...
sim, eu sei, por vezes parece demasiado fácil... mas não é.
produzir música assim descaradamente pop e elegante... eu disse elegante?...
esqueçam...
esqueçam mesmo, porque não está ao alcance de qualquer um... 
e na discografia dos saint etienne qualquer melodia soa a potencial single... e hit...
assim sendo os discos assemelham-se todos a best of... tal é a quantidade de emergência pop que contêm...

sim eu sei... já disse que até já corei... mas na sequência de falar aqui da sarah records, lembrei-me... isso só...
mas não apenas isso.
não está ao alcance do comum músico... escrever hits em catadupa... sobretudo porque cantados na voz da sarah cracknell... que tão bem assenta nestas melodias elásticas...

fica já dito que amanhã prometo regressar... ao normal...
e fica desde já aqui referido... que vou ouvir os swans... os tones on tail... e os rema-rema...

estou perdoado?




segunda-feira, 24 de junho de 2019




sem rasto > in the dark | magazine

por vezes é assim... nada.
perde-se-lhe o rasto...
muitas vezes é assim... a maior parte das vezes é mesmo assim.
perde-se-lhes o rasto... ficam sem rasto.
e não devia... ser assim.
tanto trabalho... tanta dedicação... tamanha atenção... e nada... tudo dá em nada.
tanto investimento... o nascer de um sentimento... e nada... tudo acaba em nada... sem nada.

domingo, 23 de junho de 2019






















santos em santos > a família sarah records

deixem-me ser assim só. hoje...
deixem-me ser assim só lamechas... hoje. por hoje.
prometo não voltar... assim.
prometo não ser mais lamechas... sensível a melodias como estas...
prometo não voltar a ser assim...
de que agora mesmo vos falo... os brighter.
e porquê os brighter perguntarão vocês... alguns de vocês...
porque recebi hoje no correio um cd dos brighter... laurel...
e que para além de ser engraçado e pop... sim é isso mesmo, engraçado e pop...
tem uma música chamada... adivinhem... isso mesmo... summer becomes winter ...
que é descaradamente encantadora... e me fez ir em busca dos outros... de todos os outros discos deles... e voltar a ouvir... christmas ... out to sea... o single onde consta também... adivinhem...  never ever... e end... e a eterna lembrança dessa editora pop... demasiado pop... onde coabitavam os blueboy... os orchids... another sunny day... os eternos field mice... east river pipe... até onde andaram os the wake... pop, aqui muito pop... heavenly - mais pop não há... ivy... harvey williams... e tantos outros igualmente iguais.
perceberam agora... noite pop... de popular porque no mês dos santos...  populares... logo guitarrinhas tipo felt... melodias tipo pastilha elástica... mas prometo... eu prometo...
prometo não regressar... não voltar a falar de grupos assim pop...
prometo não voltar... a ser assim.
prometo não ser mais lamechas... 
e ouvir músicas assim populares... e comer sardinhas... e beber sangria até fartar...

                                quarta-feira, 19 de junho de 2019




                                na ignorância > a impossibilidade de ignorar

                                hoje era impossível... ser de outra forma...
                                e confesso, voltei aos cd singles... não sei explicar... são estúpidos...
                                porque despropositados... têm invariavelmente pouco tempo... de audição...
                                e muito espaço... para nada... sim, eu sei é um desperdício...
                                e no entanto agradam-me...
                                não me perguntem porquê... agradam-me...
                                talvez pela descendência... parentes próximos dos maxi-singles... e no entanto...
                                não podiam ser mais antagónicos...
                                os maxis eram bons... exactamente porque usavam o espaço todo...
                                logo o som era muito melhor... superior...
                                os cd singles desperdiçam... o espaço quase todo...

                                e sempre que entro numa discoteca... ebay... ou qualquer site...
                                a atenção vai logo para aí... para os maxi... cd singles...
                                sempre me interessou... já no tempo do vinil... no tempo real... não neste agora... em que por exemplo... e só para citar... o pornography dos cure... é um álbum duplo... o head over heelsdos cocteau twins tem duas possibilidades... simples e duplo... os bauhaus idem... não sei onde foram nascer tantos discos duplos... cuja origem é discos normais e single...
                                sim, no tempo em que os maxi-singles eram assim de se pegar e ficar a admirar... ficar a contemplar... com aquela dimensão... a definição das fotografias... o formato mesmo, assim quadrado... aquela textura... aquele odor a papel bom que viajava pelas capas e inserts......
                                os cd singles serão porventura um resquício... uma memória apenas...
                                e assim justifico o molho de cd singles que repousam junto de mim...
                                e me fazem levantar tantas e imensas vezes da cadeira... apenas para os ir trocar...
                                mas adiante... atmosphere... joy division... love song... simple minds... 1981 - 1982... new order... pérola claro está... you take away the sun... gavin friday... mesmo o ignorado e fantástico... so and slow it grows dos wir... 
                                love will tear us apart versão swans... say dos the creatures... já agora siouxsie and the banshees... e essa raridade, há que manuseá-lo com cuidado... the last beat of my heart ... e nesta sequência... bela lugosi's dead... bauhaus...
                                para o fim deixo propositadamente the house of the heart... dos and also the trees... e the beast box is dreaming cruelmente negligenciado... luxuria... desse mesmo howard devoto.
                                provavelmente a impossibilidade de ignorar.

                                domingo, 16 de junho de 2019




                                1983 o verão é estranho > new order e demais facínoras


                                o verão já nos habituou a isso.
                                com o verão surgem invariavelmente os festivais de verão...
                                que sempre nos habituaram a isto...
                                que não outra coisa. vou-lhe chamar estranheza... que não diferença.
                                grupos mais ou menos úteis... bandas inúteis...
                                roteiros para todos os gostos... e cervejas também para todos os gostos... 
                                telemóveis... redes e tarifários para todos os desgostos... 
                                sobretudo concertos... para quem não gosta de concertos...
                                ou dito de outra forma... para quem o essencial não é a música... antes o acessório.

                                falo agora de verão e por isso falo dos new order... e desse famigerado verão de 1983... aquando da experimentação da nova tecnologia oferecida no japão no ano transacto... que os haveria de se aproximar de uma pop electrónica e dançável... perigosa e escorregadia... que haveria de os catapultar para um estrelato maior... e menor... mas isso são outras estórias...

                                a saída de blue monday em formato de 12 polegadas... tudo precipitou... não que os discos que se lhe seguiram fossem maus... não... mas o carácter mais marginal e industrial que os caracterizava... simplesmente desapareceu.
                                a voz de bernard albrecht não era a voz... não era sobretudo a voz de ian curtis... e foi-se alterando, tornou-se pop... aproximou-se perigosamente de cantores melosos pop... e desses famigerados hinos que se lhe seguiram...
                                tentativas... resposta pronta aos new order agora vulgarizados e pop... de confusion... blue monday e quejandos... surgiram os simple minds de promised you a miracle....
                                os echo & the bunnymen seguiram-lhe o rasto com essa nódoa que é never stop "discotheque"... e cujo título diz tudo... resposta pronta foi esse também famigerado the walk dos cure... animação permanente em terras e praias obrigatórias nesse maldito verão de 1983... ibiza... torremolinos... benidorm... marbella... quando o algarve ainda estava assim entorpecido... adormecido... 
                                os cabaret voltaire por seu lado... e com a saída de chris watson, que muito alterou... porque precipitou... deleitaram-se com just fascination... hino pop onde a voz de stephen mallinder se alterou para territórios pop... aproximou-se perigosamente de jim kerr... ele também já despersonalizado... assim uma espécie de tony carreira britânico...o que terá levado bandas que anteriormente haviam criado músicas como everythings gone green... one hundred days... over the wall... ou in trance as mission... ainda a touch of evil... a desviarem-se das suas trajectórias naturais... e a penetrar territórios senão proíbidos... pelo menos até aí impensáveis...
                                resposta óbvia... o verão de 1983... o estúpido verão de 1983.

                                houve um tempo assim... esquisito... estranho mesmo... em que todos tentaram imitar os new ordere a prole de cabeleireiras... talhantes e mecânicos britânicos... graças a benidorm... torremolinos... marbella... e ibiza... substâncias ilícitas ou duvidosas... bebidas menos aconselháveis... e empregadas de supermercado em férias e feriados estravagantes... mas nada elegantes...

                                houve um verão assim... o verão de 1983... o estúpido verão de 1983... ao qual todos os outros se lhe seguiram.






















                                a vida toda em desordem > as it happens | lowlife


                                não, não... dizia a rapariga ao telemóvel... quando nos cruzámos...

                                estava parada em frente aquele grande edifício... onde estão instaladas diversas empresas...
                                e eu desço a rua naquela tarde de intenso calor e penso...
                                segue a vida toda em desordem...
                                cada dia... e nenhuma ordem...
                                não há alterações... significativas... 
                                nada se avista no horizonte... tudo se imagina...
                                prossegue a vida toda em desordem...

                                estamos em abril... no entanto cheira já a verão...
                                o modo como as pessoas já se vestem... em particular as mulheres... mais descontraídas e ligeiras... leves mesmo.
                                é quando quase tudo começa a acontecer.
                                senão logo verão...