morreu o imortal > baby turns blue | virgin prunes
morreu.
assim só, sem aviso prévio...
extinguiu-se... desvaneceu. desapareceu.
sumiu-se deste mundo...
ficámos sem mark e. smith... perdemo-lo... e todos ficámos e ficamos a perder...
mesmo os que nem sequer sabiam da sua existência.
morreu o trouble maker maior...
o mais inconformado... o mais problemático.
que não o maior problema...
era assim mesmo, estava-lhe na génese... na genética digo eu...
era difícil não ser problemático em manchester... era difícil não ser operário em manchester... nessa cidade suja... fabril e industrial... berço dos the fall... dos joy division... dos magazine... de morrissey... ian curtis... howard devoto e mark e. smith... que continha todo o mau carácter mas igualmente a perspicácia de nenhum dos outros...
não se lhe conhecia hábitos de ser simpático... aliás a sua maior virtude era mesmo a sua maledicência... algo que tanta falta faz neste nosso mundo contemporâneo tão polido e correcto...
deve haver inteligência... perspicácia... sentido de humor... para haver lugar ao sarcasmo... e não devia ser possível... devia ser mesmo impossível... proibido mesmo não existir em todas as periferias urbanas citações escritas e graffitadas com a raiva e a bílis desse seu pensamento.
pensamentos como "tempos desesperados exigem medidas desesperadas"... deviam ser obrigatórias, digo bem, obrigatórias em todas as paredes de todas as periferias das grandes cidades do mundo...
quando se constrói um percurso numa vida sem nunca se mudar absolutamente nada... no mínimo obtêm-se um elogio como esse que john peel lhes fez... "sempre diferentes, sempre os mesmos"...
extingui-se... desvaneceu-se... desapareceu.
morreu-nos. e mesmo sem saber, todos ficamos a perder...