receio > wall | nils frahm
tenho algum receio...
do que vá encontrar.
parece-me algo óbvio... tanta coincidência.
acho estranho... demasiado estranho.
tenho algum receio...
sobretudo do que possa encontrar.
até mesmo, ou sobretudo pelo histórico dos antecedentes.
não gosto de surpresas, muito menos deste género...
fico desconfortável, e isso obviamente nota-se... e não sei o que dizer.
mas afinal tudo é óbvio, tudo é fatal...
a vida passa e por vezes nem nos apercebemos...
é demasiado rápido... e desgastante... tudo consome.
e entramos nas nossas vidas e rotinas... e simplesmente esquecemos tudo o que nos rodeia, e que invariavelmente tende a mudar e avança...
deixamos assim só, de lado... para trás pessoas que foram e são significantes nas nossas vidas... e simplesmente esquecemos... e pomos de lado... e deixamos no tempo... e simplesmente esquecemos.
saem do nosso quotidiano...
e desvanecem-se... desaparecem do nosso imaginário e rotinas. e um dia perdem-se porque deixam de fisicamente existir.
e quando morrem deixam saudade... mas deixamos de ser úteis... inúteis.
e ficam assim lá longe... no passado.
nesse passado que no entanto, estrutura e alicerça... faz parte integrante da nossa vida...
agora distante...
e nessa distância que nos aproxima e convoca a todos os que nos antecederam...
posso afirmar que já não tenho receio algum...
nenhum.
pai, mãe... aí vou eu...
largo os daqui, agarro os daí...