sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

um ano > halloween | robin guthrie + harold budd



um ano > halloween | robin guthrie + harold budd


o ano termina hoje. 
finda mais um ano estranho e diverso do que estamos habituados.
o ano termina hoje. e tendemos a acreditar que se fecha este ciclo... viral...

e com ele termina inevitavelmente também menos um ano da nossa vida.
celebra-se o novo ano um pouco por toda a parte...
provavelmente pouco cientes de que abatemos um ano inteiro na nossa finita existência... e celebramos.

o ano acaba hoje. 
e com ele acaba por também acabar menos um ano da nossa existência. e celebramos.

não acrescentamos. simplesmente subtraímos. 
em suma... acaba por tudo acabar.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

como num sonho > waiting to land | july skies








como num sonho > waiting to land | july skies


como tudo pode ser tão sereno. tão simples e tranquilo.
como tudo devia ser... calmo e simples. e no entanto.
tudo e todos tendem... a complicar. a confundir... a exagerar.

se possível devemos esquecer que o mundo é redondo...
que a terra gravita em torno do sol...
olhar para o horizonte... e saber... 
que nenhuma coisa pode estar em dois lugares ao mesmo tempo... não poderá?

se possível devemos tornar a nossa mente e o nosso espaço numa fortaleza...
ter imaginação para ver uma nave espacial a flutuar através de uma caixa de ovos em cartão...
sonhar com jogos e vidas que apenas nós entendamos...
pintar e riscar desenhos alheios... e sobretudo nunca nos preocuparmos com a qualidade dos nossos próprios...

se possível devemos tomar o rumo norte... quando todos se viram e caminham em direcção ao sul...
encurtar a distância entre os sonhos e a realidade...
tentar mapear todos os caminhos que nos são desconhecidos...
descobrir e desbravar novos fronteiras e horizontes nebulosos.

ter crença e acreditar na ilusão...
viajar para além do outro lado do espelho...
explorar o espaço atrás dos armários e roupeiros... 
regressar a uma inocência e infância...
esquecendo o próprio tempo... e tudo o que em si carrega e acarreta...

em suma viver como se de um sonho se tratasse... e trata-se.


nota: fazer-se acompanhar de waiting to land | july skies

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

retorno aqui > forever changed | harold budd



retorno aqui > forever changed | harold budd 

porquê?
questionarão alguns... porquê.
porque dedico tanto tempo a ouvir estas músicas... estas melodias, estes autores...
simplesmente porque são avassaladoramente tristes e belas na sua essência.
simplesmente porque a vida precisa de ambiências assim... para acompanharem todas as paisagens que vejo... e momentos que experimento.
estas atmosferas são e devolvem à memória... momentos... lugares... sobretudo pessoas que não existem mais. 
e essas pessoas e esses lugares... e momentos, preenchem as nossas vidas... e atribuem-lhes sentido... são fracções que consolam... e dão sentido.
e o sentido é tanto maior quanto mais consciência da fragilidade e efemeridade desses mesmos tempos.
porque tudo tem o seu tempo... e acaba.
existe música mais singular do que esta... do harold budd... do robin guthrie... do john foxx... mogwai... wim mertens e quejandos... que emoldure todas essas e estas lembranças e celebrações que se esfumaram e no entanto restam. porque ficam. habitam em nós... fracções e fragmentos de vivências comuns... 

seja criança naquela aldeia ainda sem luz da beira baixa... seja simplesmente numa tarde a passear na arriba fóssil lá no alto junto à praia na companhia do meu pai e do meu irmão... 
e todas estas memórias... todos estes momentos soam melhor, acompanhados de melodias assim... como esta que agora mesmo oiço... integrante de luxa... harold budd.

porquê...
perguntarão alguns... e tantos... e todos.
simplesmente porque basta... porque me basta.
existem melodias que tudo consolam e confortam... e ajudam a recordar...
sobretudo a amenizar... porque carregam e devolvem à memória momentos únicos que vivemos...

são reflexões calmas e serenas...
propícias à memória... e na recordação as imagens habitam e vivem...
as imagens surgem... e ajudam... enriquecem a vida já de si vazada...
e nesse vazio, os sons ecoam e constroem...
edificam a companhia... que apenas melodias assim conseguem proporcionar.
e isso basta.
a mim basta-me essa presença memorial...
já que todas as outras formas se tornaram há muito impossíveis.



segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

promessas por cumprir > given to dreaming | lowlife






















promessas por cumprir > given to dreaming | lowlife


prometi-lhe que lhe telefonava... mas não cumpri.
prometi-lhe que a levava a jantar. mas não cumpri.
nem sei bem porquê... mas nesse dia atrasei-me, sem necessidade diga-se...
talvez fosse já o meu subconsciente... a não desejar ir... não sei.
e este tipo de promessa... sobretudo as falhas e faltas, ficam para a vida...
sim, eu sei... não se deve falhar... sobretudo nestas circunstâncias... quando se havia prometido. 
nunca se deve falhar junto do sexo oposto... gorar expectativas...
aprendi-o há muito... efectivamente não me serviu de nada...

igualmente não sei... o porquê... 
o porquê de algumas bandas nunca terem alcançado... o êxito que mereciam... se é que lhe posso chamar assim.
os lowlife, creio... nunca procuraram a fama... era uma banda muito introspectiva e direccionada... a fazer lembrar os breathless... muito distantes do mainstream... focados em si mesmos...
o reconhecimento nunca importou... porque realmente não era importante.
a obra, essa ressentiu-se da ausência de êxito... talvez não.
no caso dos lowlife não se pode falar de êxito ou sucesso... essa nunca foi a intenção.
talvez daí surja o facto mais importante.
a sua música é tão melhor... por isso mesmo.
simplesmente por nunca terem desejado a popularidade e o reconhecimento.
a construção do seu mundo ao longo de 5cinco... 6seis álbuns... foi deveras eficiente...
porque o legado é igualmente tão importante quanto o dos joy division... and also the trees... ou cocteau twins...
basta conferir em permanent sleep ou diminuendo... 
composições como a sullen sky não estão ao alcance de muitos... antes, de muito poucos...
o desconhecimento... isso é outra história...

e enquanto aguardo... foi isso... foi isto que reflecti...
para ajudar a passar o tempo...
enquanto novamente a aguardo... nesta promessa vã de um novo encontro...
provável desencontro diria eu... 
com o tempo a passar... o restaurante próximo de fechar... o tempo a esgotar... 
novamente digo...

aprendi-o há muito... aprendi pouco...
afinal não me serviu de nada...

apenas isso > india | the psychedelic furs


 








apenas isso > india | the psychedelic furs


apenas isto.
uma vontade indómita de mudança.
de mudar. de tudo mudar.
até mesmo de partir. daqui.

para ali... onde nem sei sequer aonde fica.
ou se existe.
mas fica.
e imagino, fica para sempre. 

apenas isso.

rotina citadina > swallows and swifts | july skies





rotina citadina > swallows and swifts | july skies


ninguém podia não reparar.
com o vento o vestido de setim verde...
acentuava as formas e as curvas do corpo... era literalmente impossível não reparar...
junto da esquina onde a aragem se torna repentinamente corrente de ar mais forte...

mais acima... na esquina junto da minúscula loja de ferragens, o mesmo ritual de sempre aquela hora...
o barulho metálico e metódico na azáfama da recolha do material... 
o arrumar dos escadotes de alumínio... o início de mais um dia que se precipita e chega ao fim...
o empregado acelerado e vociferando os impropérios habituais...
o patrão no interior... sereno e bem mais calmo.

esta pode ser a melodia que carrego e acompanha estes meus percursos diários...
swallows and swifts... dos eternamente tranquilos july skies...




sábado, 18 de dezembro de 2021

por vezes > the night sky | july skies





por vezes > the night sky | july skies


por vezes é assim. assim mesmo.
não sei por onde começar. parece que a escrita me foge.
as letras e as palavras custam... demoram a surgir.
por vezes quero escrever e não consigo... simplesmente porque não tenho essa facilidade.

por vezes, muitas vezes é assim.
as ideias não fluem... as palavras não se agregam e constroem...
nada ganha ou faz sentido.
muitas vezes.
como agora mesmo... e assim sendo eu páro. não hesito e simplesmente páro.
aqui.
mesmo aqui. 



 

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

escutem > i asked for love | lisa gerrard & patrick cassidy



escutem > i asked for love | lisa gerrard & patrick cassidy

por vezes são melodias... discos assim que nos despertam...
deste entorpecimento diário em que vivemos...
e nos acordam. e satisfazem.
porque chamam e requerem a nossa atenção. e satisfazem.
e isso, creio... basta-nos.
e basta.

a música por vezes basta. basta-nos.
é suficiente. porque ajuda. e preenche.
preenche-nos de alegria... enche-nos de melancolia... sobretudo e independentemente do que se escuta... atesta-nos.
é um sentido e um sentimento estranho...
esse, de tudo apaziguar... de tudo conseguir alterar...

a música tem esse dom... esse condão.
de tudo parar. de tudo concentrar.
por vezes é mesmo necessário parar. para simplesmente ouvir.
a música quando é importante... pára. paralisa.
tudo em redor torna-se menor... sem importância.
e esta música da lisa gerrard é também assim. 
porque importa. 
porque é importante. e nada mais importa.
porque tudo transforma e transcende. 
e torna imenso e enorme.
e isso é o bastante... porque me basta.




domingo, 5 de dezembro de 2021

penso > broken heart | spiritualized






penso > broken heart | spiritualized


chove lá fora.
está uma luz estranha neste fim de tarde. amarelecida e pálida... 
vem-me à memória pedaços... fragmentos da conversa de ontem ao jantar...
diversas conversas... diversificadas opiniões.

mas igualmente algumas músicas que tenho escutado incessantemente.
posso falar de broken heart dos spiritualized... 
posso falar de alef de wim mertens... imagino que também q quarters dos the associates... 
até de noyalain de lisa gerrard... sodus dos eternos e fiéis cemeteries... e porque não donuts dos mogwai.  
são melodias circulares na minha vida... vão e vêm tal como o ciclo das marés... 
e o que as mantém perto de mim... é esse carácter sombrio que todas carregam e povoam... e no entanto tanto me ajudam.

penso...
não penso.
ainda chove lá fora...

popular mesmo > músicas para qualquer rádio




popular mesmo > músicas para qualquer rádio

pop de popular.
andei a ouvi o motorcycle emptyness dos manic street preachers e o getting away with it dos james. e não coro. 
simplesmente porque ão tenho vergonha alguma. nenhuma.
nenhuma mesmo, de ouvir pop deste calibre. 
são melodias viciantes e cíclicas... circulares mesmo, que nos prendem dias... tardes a fio.
e ontem foi assim.
pop... do mais pop, confesso.
e, acima de tudo soube-me bem.

e, não, não coro.