sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

 

novamente > the days | the names

novamente interrogar-se-ão alguns... os menos distraídos...
sim, direi eu... sim.
de novo os the names... 
pela existência desse registo novo... já assim não tão novo...
stranger than you... de seu nome... e que carrega em si, melodias como o tema título... o lights... what she knows about the night... the passengers... mas sobretudo the days...
é em the days que tudo repousa... e assenta. tudo conflui...
melancólico... de uma tristeza sombria... que linearmente percorre todo o disco...
mas aqui torna-se sublime... de uma dimensão e intensidade acima da média...

é estranhamente um disco muito coeso e coerente... talvez a soar a anos 80oitenta do século passado... pela estrutura... som e coesão. e sobriedade até talvez...
faz até lembrar o a light far out dos "primos"  the wake... que igualmente e estranhamente regressaram quando já ninguém pensava.
ambos partilharam editoras e tempos... e momentos... e pensamentos... e sofrimentos... mas sobretudo nunca abundaram na composição... se bem que os the wake tenham quase o dobro de discos editados relativamente aos names... o que também não será difícil... dado estes terem tão poucos...
e regressaram quando já ninguém os esperava... eu incluído. 
mas verdade seja dita... também poucos os aguardavam... nunca foi enorme o séquito...
nunca tiveram muitos seguidores... ou interessados.
e tão interessantes que foram... e são.


terça-feira, 26 de janeiro de 2016
















até nova ordem > hurt | newOrder


até nova ordem, ouviram...
ficarei aqui até que me dêem nova ordem...
e ficarei calado... em silêncio, enquanto aguardo...
não emitirei nenhuma opinião... parecer...
não esboçarei um sorriso... qualquer esgar que seja...
e enquanto aguardo, penso...
sou livre de pensar... já que o pensamento não emite som...
é livre... o meu pensamento é livre...
e, assim sendo... enquanto olham para mim e me fitam...
faço que oiço... oiço mesmo o hurt dos newOrder na minha mente...
que não me mente...
mas... poderei estar a fazer confusão...
é que costumo confundir o hurt com o mesh... 
ou será com o cries and whispers?...
mas... como tenho que ficar aqui... calado e quieto... como anteriormente afirmei...
faço que oiço o hurt... que pode ser o cries and whispers... que pode ser o mesh...
sim, eu sei... sempre confundi esses singles...
mas uma coisa eu sei... 
será sempre newOrder...



















porque sim > she loves me | the cassandra complex



porque sim... simplesmente porque quero.
porque quero. basta-me. como referencial...
quero. pronto, está dito...
quero aqui falar dos the cassandra complex... por mais estranho que isso possa parecer...

trago... carrego sempre essa imagem...
a dos cassandra complex associados a um verão... e a um furo lento... num carro rápido na auto-estrada... a caminho do centro do país...
e a velocidade que se reduz... e só agora reparo nas tuas pernas pretas e na tua saia curta...
o concerto que se aguarda... e se atrasa... 
a troca do pneu sobressalente em plena auto-estrada... pela drástica redução de velocidade de circulação...
e o concerto cada vez mais longe... porque mais próximo...
instala-se um nervosismo colectivo... difícil de disfarçar...
o tempo perdido torna tudo mais difícil... e reparo que a tua saia curta... é mesmo demasiado curta...
o concerto que nos aguarda... e pouco se avança...

finalmente chegamos à vila... apressadamente comemos uma qualquer sandwich e bebemos duas ou três cervejas... está muito calor neste final de tarde neste dia de fim de agosto...
ao longe já se avistam as muralhas do castelo... e o som que nos aguarda...





domingo, 24 de janeiro de 2016















pequenas mentiras (3) > permafrost | magazine

gosto dessa ideia...
reconheço que gosto dessa ideia...
de as tuas mentiras serem mais atractivas do que a verdade... a mais pura das verdades.
gosto desse teu desplante...
dessa informalidade mesmo...
por vezes até da naturalidade... com que mentes...
dito de outra forma... omites e deturpas a verdade...
esse brilho no olhar... malandro e natural... a serenidade com que o fazes...
sem tensão... alguma... 
com intenção...

mentiria... mentir-te-ia se não dissesse o quanto é injusto...
o anonimato dos magazine... e desse punhado de registos... de onde inevitavelmente sobressai... o secondhand daylight... 
incomoda. a sério... e falo sério...
o permanente adormecimento... o lado ignoto... ignorado mesmo...
e tantas bandas deverão ter influenciado... 
parece-me demasiado injusto... 
o howard devoto sempre foi um tipo culto... letrado...
com influências ao nível da literatura... do cinema...
basta conferir as suas líricas... 
e a música... envolvente e complexa... 
sempre próxima de um registo cinematográfico...
e nunca... ninguém prestou atenção... 
parece mentira, ser verdade...


e isso evidentemente é uma pequena mentira. minha.


pequenas mentiras (2) > low cool | cabaret voltaire 

caminho para um lugar vazio...
absolutamente vazio... e o mais assustador... é que não me assusto... nada.
é um lugar estranhamente sereno... seguro diria até eu na minha ingenuidade...
não há lugares assim... não há muitos lugares assim... apenas um...
em definitivo, acredito eu... porque definitivo...

caminho por um lugar vazio...
já não há ninguém... olho para norte, não se avista ninguém... 
olho para sul... já não há nada... nem casas... nem ninguém...
caminho num lugar vazio... alvo e branco...
esvaziado. vazio.
ainda há lugares assim. de onde eu vi... para onde ou vou...
e há músicas que preenchem vazios assim...


músicas igualmente vazias, esvaziadas de intenção...
frias... secas e desertas. intencionalmente vazias...
assim, oiço agora low cool dos cabaret voltaire...
e não, não se iludam... não é uma música vazia... esvaziada do que quer que seja...
apenas eu o pretendo assim, hoje.
e isso evidentemente é uma pequena mentira. minha.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016


pequenas mentiras > sorrow | the national



há coisas assim.
tenho associadas à morte de amigos... melodias.
das quais não consigo escapar. evito... mas nunca consigo.
é inevitável... estamos assim ligados... não nos conseguimos desligar...
apenas quando também já eu não existir... esse elo por ventura quebrar-se-à...
a vida tem destas coisas... como a morte...
e a memória por vezes custa e trai... porque não existe distracção, possível...
e sempre que recorro a estas melodias... regressa a recordação...
é indissociável... 
já não se conseguem dividir...
aquando do sorrow dos the national... só eu sei... ainda hoje é assim...
e agora no final do ano... novamente tudo se grudou aos editors...
especialmente essa triste melodia que dá pelo nome... the weight of the world...
sim, eu sei... ainda é tudo muito recente... mas com estas músicas sempre o será...
porque sempre que de novo as ouvir... tudo regressa em catadupa... numa memória compulsiva... 
como dizia um amigo meu a propósito de uma namorada... as tuas mentiras são mais atractivas do que a verdade...





quinta-feira, 21 de janeiro de 2016





















loja de conveniência > holocaust | this mortal coil


não estava à espera... de todo. nada à espera.
apenas reparei porque o rapaz que seguia à minha frente, de repente se deteve...
assim só na chuva.
e ficou ali parado a olhar para a parede branca graffitada...
escrito a spray preto... numa letra larga e rápida, podia ler-se...
a ana é racista e não gosta de chineses que usam crocs...
sorri e também a mim me apeteceu tirar uma foto daquela parede hilariante...
mas não... prossegui e acelerei o passo... 
não queria de todo perder aquele comboio...
nem deixar de ajudar aquela velhinha senhora a conseguir também ela apanhar o comboio...
como diz o tom smith, vocalista dos editors... I'm so glad I found this... I'm so glad I did...
é verdade. 
não sei de que ana se trata... tão poucos quem serão os chineses em causa... mas a atestar pela proliferação das lojas que por aí existem... tantos podem ser...
mas uma coisa eu sei... a ana tem razão. num aspecto. único.
não há nada pior do que um ser humano... seja ele de que raça for... calçado com uns crocs... 
e assim sendo... retomo a minha marcha... ponho os headphones e carrego no botão de shuffle do meu ipod... logo surge a voz melancólica do howard devoto... holocaust... this mortal coil também...

promessa > bread from heaven | gene loves jezebel

prometes?...
prometes que me pagas quando chegares a casa?...
prometes que ainda me pagas esta semana?...
prometo.
empresta-me o dinheiro para eu comprar o disco...

ainda hoje o recordo...
como se tivesse sido ontem... mas não.
passaram-se anos... décadas mesmo...
e ainda o retenho na memória...
o disco obviamente era o primeiro álbum dos gene loves jezebel...
que assim do nada surgiu nas minhas mãos... naquela banca improvisada no rock rendez-vous... após imagino o concerto dos teardrop explodes... ou dos danse society... echo and the bunnymen... the sound... ou até porventura dos chameleons...
inesperadamente contemplava o promise... primeiro registo de longa duração dos gene loves jezebel... de quem já tinha ouvido 1um ou 2dois singles...
a capa era fantástica... e logo eu que à época consumia bauhaus... tones on tail e afins...
como não vinha preparado, recorri ao meu irmão... que se prontificou a emprestar-me o dinheiro para comprar o disco... insólito e inesperado lançamento nacional da dansa do som...
com aquela preciosidade junto a mim, bebi mais uma cerveja... e discutimos o concerto que acabava de terminar... 
a mente essa já estava em casa... junto da aparelhagem, pronta para consumir essa nova aquisição...
podia aqui falar das bandas que povoaram e preencheram o nosso imaginário de adolescentes distantes do centro do mundo... periféricos mesmo...
e todos esses acontecimentos acrescentavam e enriqueciam...
neste outro mundo... tudo parece impossível... de ter sido assim, mesmo assim...
mas foi.

prometes que me pagas assim que chegarmos a casa?...
prometes?...

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016




amanhã talvez > the splendour of fear | felt


amanhã talvez... segredou ela enquanto lhe acariciava o pescoço...
pele perfil sussurrante...
sempre gostei de a ver assim... calma... descontraída...
recordo as tardes assim languidamente passadas... 
assim só, prostrados... a imaginar... a falar... a sentir.
e as melodias que invariavelmente acompanhavam esses fins de dia...
onde se inscreviam... o perry blake... os indispensáveis no-man... e obviamente os durutti column e os felt...
devo confessar que sempre gostei dos felt... especialmente dos dois primeiros discos...
o crumbling the antiseptic beauty... mais calmo e sereno... o the spendour of fear... mais sincopado e grave... com uma secção rítmica inesquecível...
os felt, verdade seja dita... desde o início que sempre me remeteram para os durutti column... contemporâneos nesta viagem de frágeis melodias de guitarras acústicas... sempre demasiado pessoais e belas para poderem ser esquecidas...
e através de the stagnant pool... ainda lembro o olhar... esse doce olhar com que me olhavas através do silêncio... e da necessidade de simplesmente te dizer... nada...
e quando te tentava beijar... deixavas escapar em surdina... amanhã talvez, quem sabe...