segunda-feira, 31 de dezembro de 2018













ano novo (em parte alguma) > little black dress | gavin friday

hoje, deu-me para aqui... 

deve ser nostalgia... ou o ter chegado tarde a casa...

harold budd... e clive wright... e john foxx... e robin guthrie...

a song for lost blossoms... the moon and the melodies... translucence drift music...
que coisas mais pegajosas... mais melosas... nostálgicas mesmo...
deve ser por amanhã ser feriado... ou não.
pode ser por ter chegado tarde a casa...
ou a birra da criança do autocarro que agora mesmo passa...
ou a infinita saudade que todas estas músicas possibilitam e atraem...
nostalgia até... tristeza também...
sim, porque há que ter cuidado...
e não entrar de qualquer modo em alguns destes discos...
the moon and the melodies é avassalador... a song for lost blossoms é triste e profundo... mas translucence é perigoso mesmo...
sim, mesmo perigoso. perigoso mesmo estou-vos a dizer...
de tão triste se torna... 
perigoso porque tudo envolve...
e domina... porque nada resta... tudo absorve.
é assim o dia... a noite de hoje.
o melhor é mesmo ir ler... e afastar-me destes sons belos e melancólicos... para parte incerta...
















ano novo (parte três) > golden hair | slowdive


na ausência de assunto...
a ausência de assunto é o assunto em si mesmo.

violo o branco desta folha de papel para dizer... que a partir de agora passarei a escrever com uma caneta bic preta de escrita fina.
e que estarei sempre presente e disponível pelas 21 horas no largo do conde barão... envergando uma t-shirt igualmente preta e com um disco de vinil dos wolfgang press, que me foi oferecido por el-rei D. Dinis aquando de um almoço que tivemos para abordar a criação e plantação do pinhal de leiria, mas isso são outras estórias... para outras investidas no referido largo.
e sempre grato como de costume, senhor john balance...
neste e num outro mundo...










ano novo (parte dois) > no birds to fly > virgin prunes

globalização... santa globalização.
tenho andado a ouvir uns russos... que transpiram... descansa que ninguém veio para te roubar nada.
interpol... e... joy division.
assim mesmo. não uma cópia barata... apenas umas músicas grandiosas, para não serem esquecidas.
os videos... esqueçam. algumas boas fotografias do interior... distante...
rostov-on-don... algures... nenhures na rússia. de seu nome motorama... um misto de diaporama e motorola...
e já agora a sobrinha tímida da siouxsie... essa que também aqui fica...

isto hoje tem andado uma desgraça...
deve ser do fim do ano... que agora acaba... não do novo, que agora começa... que ainda não chegou... e não pode ser culpado de nada.
já chega... já cheira a bafio... mas o ano acaba, ou não?...
mas não consigo controlar... é descontrolado... é incontrolável...
é, diria mesmo... incontornável.
e sigo... prossigo... e é, sim eu sei... uma desgraça...
não controlo... não consigo controlar o tempo...
ficar assim só num ano... estacionado num ano escolhido... 
mas não.. há que avançar... nunca parar.
parece mais forte... o desejo de ficar... permanecer.
ficar onde estão e ficam as memórias entretanto vividas... 
em prol de avançar sobre o desconhecido...
e estático e receoso... oiço no birds to fly... virgin prunes de boa má memória...

























ano novo > attention to life | piano magic

no dia em que o ano termina. assim mesmo.
este é o último dia deste ano... de 2018.
estamos no último folgo... por um fio.
nas televisões já se comemora um pouco por toda a parte a chegada do novo ano... 
aqui, tranquilos, aguardamos.
faz-me lembrar... faz-me lembrar o ano de 1980... desculpem...
a transição de 1980... para 1981... quando vindo do nada, decidi...
fazer a minha passagem de ano... apenas na companhia do closer, sim esse mesmo... dos joy division.
e assim só... acompanhado dessa sequência de melodias inebriantes... entrei solitariamente no novo ano.
e mesmo sobre a meia noite... olhei-me no espelho... e nada notei...
fiquei inerte... apenas a olhar fixamente... e em nada de novo reparei...
nada diferente se observou... embora eu... 
embora eu... tal como o ano que findava... ficasse sempre um ano mais velho, mas...
indiferente... não notei nenhuma diferença...

e aqui hoje... novamente penso...
apetecia-me repetir a dose, apenas isso.
ficar assim só a ouvir attention to life dos piano magic... magistralmente cantada por peter milton walsh... sim, esse mesmo... dos the apartments...
que melhor companhia poderia eu desejar... ambicionando...
glen johnson e peter walsh... e o closure para fechar o ano...



domingo, 30 de dezembro de 2018

















prazer > the promise | the paradise motel



existe esse prazer... insisto.
uma tentação voyeur de simplesmente ficar a imaginar... a desejar...
não é necessariamente o acto de ver...
antes o acto de imaginar... desejando ver.
a imaginação flui perante um determinado imaginário...
não há nada como deixar a imaginação fluir... porque resulta sempre... invariavelmente melhor do que a realidade...
dito de outro modo... é como ler um livro e em seguida... ver esse livro traduzido em filme.
a imaginação permite na maior parte das vezes... ser melhor... ter uma melhor representação do que a sua interacção num filme...
a luz... as palavras que se dizem... a forma como essas mesmas palavras são ditas... e o que induzem... e reduzem... tudo reduzem.
os planos... as falas... as vozes mesmo.
a luz... a temperatura da cor... a tonalidade... a intensidade...
os sons que se produzem... a música que que ao longe se detecta...
os ambientes que se criam... nesse imaginário interior... e que dificilmente terão correspondência... com uma realidade que por vezes se constrói...

e esse imaginário existe... é necessário... 
porque assim perdura igualmente a imaginação... que nos permite deambular...
sonhando... 
esse mesmo sonho, que é sempre superior... melhor do que a realidade...








quarta-feira, 26 de dezembro de 2018




fantasia > my country | the durutti column


paixão e desalento em proporções semelhantes.
medidas que por natureza se tocam e entrelaçam...
são estas as sensações cruas... fortes e solitárias  que esta mesma música transmite...
numa oscilação certamente íntima com o curso de uma vida. a dele. a minha.
sentimentos ancorados... presos na memória... que se ficam e restam.
ficam sempre... para sempre. como sempre.





segunda-feira, 17 de dezembro de 2018





















em sonhos > all cats are grey | the cure

parece-me uma situação algo embaraçosa. sinceramente.
e tenho, no entanto, todas as letras aqui mesmo na minha frente. maiúsculas e minúsculas.
mas o texto não sai... não flui.

1(um).
nunca me classifiquei como cantor... embora possa cantar.
nem como escritor... embora saiba escrever.
nem como músico... ainda que adore música.
vejo-me sobretudo como actor.
quando caminho nas ruas, vejo não apenas a minha representação... mas coisas que sei, as pessoas necessitarem de observar.

2(dois).
a imagem não é tudo para mim.
a imagem apenas projecta a pele que cobre o corpo.
a alma está para além das nossas visões.

3(três).
a realidade é o que vivemos, e os sonhos são também o que somos.
temos de os viver, agir segundo eles.
a minha realidade preferida, são aqueles sonhos em que se acorda a pensar que aconteceram mesmo.



porta entreaberta > eli´s theme | mogwai



costumava deixar a porta assim entreaberta... simplesmente para a saber chegar.
não que fosse necessário... a sua pontualidade era irrepreensível...
mas simplesmente para a poder sentir chegar...
sem nunca me deixar denunciar.
os seus bons dias diante da recepção anunciavam uma alegria contagiante... que em mim nunca foi possível entender.
esse seu lado altruísta e positivo sempre a todos contagiou...
e esse momento do dia passou a ser rotina... que preenchia parte do meu dia.
até esse dia em que estrategicamente anunciei que iria ter de fazer serão...
excesso de trabalho, referi.
e assim noite dentro... sózinho naquela sala grande e vazia...
abri a gaveta da minha secretária e peguei no marcador preto...
aproximei-me do seu local de trabalho... 
e na parede branca com letras maiúsculas simplesmente escrevi...

did you love me when you woke up?
or did the night erase your heart?

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018




nada > c'est un rêve | death in june


hoje.
agora, agora mesmo. escrevo novamente.
escrevo-te novamente.
e repito.
repito-me.
não, não é preciso escrever. certas coisas.
pois é apenas repetir-me.
repetição, mera repetição.
no entanto, saliento algumas. condições.
e sentimentos.
e novamente te digo. correndo o risco de me repetir.
e no entanto. nada de novo, não é nada de novo.
nada que ainda não saibas. 
dito de outro modo, nada que não saibas já.

são apenas pensamentos avulsos.
sentimentos. crús. secos.
ditos assim friamente.
parecendo não importar.
como se fossem assuntos... assuntos menores.
e no entanto. contam.
contam, porque alegram.
e por vezes confundem... e assustam.
assustam. porque obrigam a perder o controle.
chegam a duvidar. a pôr em causa.
a pôr à prova. 
e doem. ferem.
de tão determinados. e felizes.
doem de tão felizes... que se tornam.









reconhecimento > to my love | july skies


há que criar alguma distância.
e evidentemente alguma expectativa.
dar algum tempo. e espaço.
proporcionar algum tempo.
pede-se o número de telefone a alguém...
e não se vai logo a correr telefonar.
deve-se dar espaço.
deixar passar tempo.
parecer desinteressado. acima de tudo.
e criar algum silêncio.
e expectativa. se possível.




terça-feira, 11 de dezembro de 2018





















leitura > love songs on the radio | mojave 3

comecei a ler este livro por acidente. 
mero acidente.
simplesmente porque estava doente.
e devorei-o em dois dias. 
não inicialmente, que a doença não o permitiu.
mas assim que melhorei... assim que tive forças para a ele me dedicar...
simplesmente li-o em dois dias...
nada a ver.
sabem, nada a ver com aqueles livros que por vezes se arrastam nas nossas mesas de cabeceira... com um pretexto...
de um dia os ler... porque não temos sono... a simples desculpa de uma insónia... 
até mesmo a insignificância de aguardarem um melhor momento...

já tive... tenho livros assim... livros de cabeceira...
que por ali vão permanecendo... quais bibelots... que invariavelmente de tornam adornos.
algumas biografias que são consumidas ao sabor do tempo... 
e fazem... companhia...
lembro a biografia dos magazine... e o beautiful caos, história sintetizada dos psychedelic furs... que gravitam entre a mesa de cabeceira e a respectiva estante...
de momento recordo um outro exemplar... que sintetiza tudo o que foi dito...
o facing the other way... a história da 4AD... que se tem arrastado... e permanecido... e confesso... nem o tenho lido por ordem cronológica...
tem sido... assim ao sabor dos anos... ou das histórias das bandas...
mera curiosidade... o facing the other way, creio... segue-se a essa compilação de 1995 intitulada facing the wrong way... igualmente da 4AD...
compilação essa confesso... nada acrescenta de notável... apenas contem duas ou três pérolas dignas de serem magistralmente ouvidas... e consecutivamente...
a lisa gerrard... os wolfgang press... e o salto mortal dos slowdive... que camaleonicamente encarnaram nos mojave 3... igualmente soturnos... melancólicos... contidos... e tristes... de uma tristeza avassaladora... que agora mesmo me impele a querer ouvir...
e vou...

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018




conta-me um conto > at the heart of it all | coil

que dimensão tem um conto... um livro... uma simples carta?...
dez páginas... cem páginas... mil páginas?... uma simples página...
o que conta, quando se conta um conto?...
o que se conta quando se conta um conto...
e um livro... o que se escreve...
o que se escreve e diz quando se escreve uma carta?...

tinha mil e uma coisas para te dizer...
mas esqueci...
desculpa tanta dúvida... tanta hesitação...
mas isto é apenas...
é já um ensaio... desse mesmo ensaio...
que é esse desafio de escrever, de escrever um conto... inédito... assim só.

tinha mil coisas para te dizer...
mas fiz por esquecer...
o caixote a meu lado está cheio... repleto de folhas amarrotadas...
hesitações sucessivas... confesso.
existe mesmo um pequeno receio de ser mal interpretado...
mas vou insistindo... persistindo...
diversas vezes mesmo desistindo...

assaltam-se dúvidas... que não minhas... alheias... na verdade, tuas.
por mim, estou convicto... seguro... inseguro...
palavras... meras palavras...
como tantas outras que porventura te têm chegado às mãos...
para serem lidas... assim cruas.

que fique aqui igualmente dito...
nunca soube escrever de uma forma clara. eu sei.
eu próprio tenho dificuldade em por vezes entender o que escrevo.

mas sei que é partir daqui.
porque é a partir daqui que tudo deve ser medido. por ti, agora.
ou melhor, a partir de agora.
porque é a partir de aqui que tudo deve ser pensado...
ou melhor, a partir de agora.
porque é a partir daqui que tudo deve ser pensado.
ou melhor, repensado... imaginado... construído.
tudo é desejável a partir daqui.
porque tudo se pode tornar possível...
a partir de agora tudo se torna possível... porque desejável... pelo menos para mim.
apenas depende da imaginação de cada um. e igualmente da curiosidade... e do meu engenho.
ou melhor... do meu empenho e entrega... e desejo.
sei que é a partir daqui... de agora. que tudo tem de ser medido. equacionado.
porque já nada é igual. já nada é o mesmo.
tudo se lê e deseja diferente.
porque diferente  meu modo de ver. e pensar. articular o pensamento. antes de agir.
nunca sei escrever de uma forma clara.
sempre o soube.

e assim sendo apelo a essa primeira carta que nervosamente em mão te entreguei...
recorria a essa banda em que me apoiei... e que singelamente dizia...
o amor mais belo do que a lógica...
ainda te lembras?...
eu jamais esquecerei...






o interesse do desinteresse > the messenger | harold budd

1.
vou publicá-lo assim, aqui... apenas por tua causa.
referi-te que havia escrito um pequeno texto que acho, te interessaria, porque de momento te dizia respeito...
riste-te... como sempre te ris de todos os assuntos... mais ou menos sérios e severos.
ora então aqui vai, sem mais demoras...


2.
já havia reparado nela... mesmo sem ela sequer saber da minha existência...
comigo é sobretudo assim, acima de tudo assim...
as pessoas ganham particular evidência em mim... sendo eu um mero, passivo e irrelevante personagem... invisível ou transparente neste quotidiano...
sempre tive jeito para que os outros ganhassem pertinência e importância em mim... sem a mínima relevância para terceiros... e essa indiferença magoa... sempre nos magoa...

pede-se o número de telefone a alguém... e por maior que seja o desejo...
não, não se pode... não se deve correr esse risco...
não se vai logo telefonar... não se vai de súbito assim telefonar-lhe, apenas porque nos apetece... porque tanto nos apetece...
há que criar distância... e sobretudo deixar passar tempo... algum tempo, mesmo correndo o risco de terceiros...
não se conhece uma pessoa e se vai assim directamente mostrar um interesse... desmesurado...
há que criar espaço... mas sobretudo expectativa...
evidentemente que não lhe contei. propositadamente.
nem sequer cheguei a fazer alusão alguma. nenhuma.
há que criar alguma distância... e desinteresse mesmo...
deixar a outra pessoa assim, como que desamparada...
propositadamente frustrar os próximos passos... confundir os momentos.
deixar na dúvida... na incerteza.
não dar nada por certo, conciso.
cultivar uma relação... a sombra de uma relação... 
e o tempo por vezes ajuda... a construir essa memória... a sedimentar essa memória.

assim sendo há que criar alguma distância... e alguma expectativa.
deixar passar tempo... e demonstrar alguma indiferença mesmo... quando possível... e o tanto possível...
assim sendo se vê e constrói o valor... o significado...





sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

 



minha > head hang low | julian cope

quero que a minha vida seja minha.

os meus êxitos... os meus falhanços... as minhas escolhas.
não consigo viver junto ao meu sonho sem fazer parte dele.


quero... quero que a minha vida seja minha.

que seja eu a decidir... por tudo o que me diz respeito...
os meus sucessos... os meus erros... a minha felicidade... a minha ilusão...
a minha infelicidade e a minha desilução.


não consigo viver junto ao meu sonho sem fazer parte dele.




















os enormes silêncios > slow it all down | no-man


evidentemente que não lhe contei.
propositadamente.
nem sequer cheguei a fazer alusão, alguma.
demasiado tempo havia entretanto passado... para me sentir à vontade.
refiro que fiquei desconfortável mesmo... pudor, timidez, até surpresa, esse género de coisas...
encontrei-a assim por acaso ao balcão de um café onde decidi parar...
no meio daquela viagem longa e demasiado quente...
cumprimentou-me com aquele seu sorriso mágico... que creio sempre empolgou todos os que lhe foram próximos...
via-se que estava mais velha... continuava no entanto com aquela sua beleza natural... que uns bons anos antes me havia feito aproximar dela...

confidenciou-me que tinha duas filhas... cujas fotografias me fez questão de mostrar... 
e que havia regressado à sua terra natal... onde agora trabalhava...
que se havia casado com um amigo de infância... e igualmente divorciado...
que os seus pais ainda por vezes quando os visitava... perguntavam por mim...
e eu, o que era feito de mim... o que fazia... indagou.
simplesmente lhe disse que vivia o dia... pelo dia... que tal como a música dos piano magic refere... que tudo nos pode acontecer na vida... especialmente nada, maioritariamente nada...
ao que ela em silêncio sorriu... pousando em seguida a chávena de café e pegando no troco depositado em cima do balcão... disse-me... continuas na mesma, não mudaste nada...
inerte não me movi sequer para a cumprimentar... não tentei sequer uma simples troca de contactos... se é que não seriam ainda os mesmos...

despedimo-nos... e simplesmente comecei a caminhar... 
sem nunca ter a pretensão de olhar para trás... não fosse ela...
e assim decidido, parti numa estranha névoa que perturbava e envolvia os meus pensamentos... em catadupa.
e ao afastar-me, apenas pensei nesse tempo todo entretanto passado...
nos enormes silêncios...
os enormes silêncios comuns...
nesses enormes silêncios... todos e realmente nenhuns...

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018



cicatriz > breakfast | the associates



abre-se uma cicatriz... é uma ferida que não sara.
e que se coze e descoze...

recordo a selvajaria... a barbárie...
era uma barbaridade, uma bestialidade mesmo.
a brutalidade do volume do amplificador com que eu ouvia os discos...
a estupidez a que eu me entregava... e a todos expunha...
esse meu gosto... essa paixão e dedicação pela música...
que me levava a situações estúpidas como essas.
perdoem todos... a sério, peço-vos imensa desculpa... não tinha nessa altura noção... consciência mesmo...

e agora... como me arrependo... de tanto transtorno e inquietação...
como pude ser tão rude... tão indelicado... simplesmente tão egoísta.
gostava de ouvir música, apenas isso... e assim sendo abusava no volume da aparelhagem...
que imbecilidade... que parvoíce. sobretudo que indelicadeza.
mas, pronto, aceitem as minhas sinceras desculpas... já passou... não tenho mais essa idade... e essa imaturidade.
vim aqui... sarar feridas... e abrir memórias...
tempos idos de charlotte sometimes dos the cure... de love will tear us apart dos joy division... de white car in germany dos the associates... kick in the eye dos bauhaus... somesay dos wah!... a promise dos echo & the bunnymen... o everythings gone green dos new order... o fireworks dos siouxsie and the banshees, e tantos e todos os outros maxi-singles que preencheram os meus dias... as minhas noites rodando infinitamente no meu gira-discos...
o quanto... o tanto tocavam alto os maxi-singles... uma novidade na época...
mas... não foi para isto que aqui vim...

foi antes isso.
recordar o dia... a noite em que a minha mãe me entrou quarto dentro... e simplesmente me perguntou quem estava a cantar... e que música era aquela...
incrédulo... fiquei mudo... tal o espanto...
nunca a minha mãe se havia antes referido à música que eu invariavelmente ouvia... a não ser para baixar o volume... para não incomodar os vizinhos...
mas naquele dia... naquela noite, não... indagava pela autoria de uma melodia... 
e referiu mesmo... o quanto aquele cantor... cantava bem...
nunca o esqueci... agora mesmo o recordo como se fosse ontem...
pelo insólito... de tão fora do comum... de tão inédito.
e sei qual a melodia... e o cantor...
o cantor era o billy mackenzie..vocalista dos the associates a cantar breakfast... que a partir desse mesmo dia... e com aquele sorriso que jamais esqueço estampado no seu rosto... por vezes assomava na porta do meu quarto e simpaticamente me pedia... par pôr aquele disco... que eu já sabia o qual era... de quem se tratava...
com o tempo igualmente those first impressions ganhou junto dela um carinho especial... 
mas o breakfast era a sua música de eleição... entre milhares de tantas e todas as outras que povoavam o espaço do meu quarto... e tudo preenchiam...
e ainda preenchem.


















nos descontos > world in motion | newOrder



cheguem cá... aproximem-se... sim, isso mesmo.
cheguem perto de mim...
vou contar-vos um segredo... isso mesmo... um segredo meu.
hoje pela primeira vez na minha vida, fui ver um jogo de futebo ao vivo... num campo relvado e tudo... e enorme...
bem, enorme não era... era normal... com medidas regulamentares...
e com bancadas... pequeninas... mas bancadas... e claques ruidosas... que infelizmente pouco tempo estiveram inactivos.
embora poucos... 8 a 10 elemnetos por claque... o som era ensurdecedor... faziam na verdade muito barulho...
eram muito ruidosas mesmo... se bem que em pontos diametralmente opostos do campo.

e fiz igualmente uma descoberta... uma outra descoberta...
não tinha a noção da quantidade de injúrias e palavrões... no melhor vernáculo que os adeptos produzem...
disparam em toda e qualquer direcção... o único objectivo é encontrar um alvo... seja ele o árbitro... os jogadores da equipa adversária... mas igualmente os jogadores da sua própria equipa... basta alguma coisa não correr conforme os seus parâmetros...
outra descoberta... outra novidade... é que não tinha a noção da quantidade de gente que passa a vida a cair... sim, no chão... no relvado, e quase sempre sem ninguém lhes tocar... inclusive o próprio árbitro...
e outra diferença substancial, creio... é que um jogo da segunda liga... difere de um da primeira liga... porque aqui jogam... mais como eu...
vocês não imaginam a quantidade de tempo que a bola anda no ar...
é um misto de pontapé para o ar... cabeçadas... cortes mal calculados... e alívios de última hora... mas sempre para o ar... com a bola no ar...
por vezes o olhar centra-se mais no céu do que no relvado...
na primeira liga... e pelo que tenho assistido na televisão... joga-se no chão... junto ao relvado...

mas, agora sei que um dia terei de voltar... regressar.
simplesmente porque o jogo terminou empatado...
assim mesmo... sem golos... algum. nenhum.
sem um único golo... ainda que os adeptos tenham festejado efusivamente... uma bola que passou ao lado da baliza...
e assim sendo... regressarei, para provavelmente poder assistir ao primeiro golo...