terça-feira, 14 de agosto de 2018



















um quarto claro > circus circus | robin guthrie


existe música assim.
existem espaços assim. coexistem até. ou apenas.
sobretudo existe uma monotonia... uma melancolia que percorre transversalmente todos estes sons e volumes...
como é possível música trazer dentro tanta e tamanha tristeza...
como é possível transcender... ser maior que tudo... e nada.
circus circus do robin guthrie... subtext do john foxx & harold budd... 
será por acaso?... por puro acaso...
não, obviamente que não é por acaso.
existe aqui uma razão. tem de existir.
uma dimensão musical assim não acontece por acaso...
será individual ou colectivamente... todos eles já colaboraram entre si...
o harold budd tem vários registos quer com os cocteau twins... ou simplesmente com com o robin guthrie.
o john foxx também tem belas melodias partilhadas e compostas com o harold budd... o  mesmo se passando com o robin guthrie.
e todas estas colaborações são muito sólidas... sóbrias em si... ninguém prevendo destacar-se ou simplesmente sobrepôr-se...
existe um respeito mútuo e creio... uma admiração, que torna a música serena... e acalma...
tudo acalma e transforma... porque transcende em si...
é, torna-se maior... que a própria dimensão...

como nesta divisão... neste quarto claro onde me refugio e escuto...



segunda-feira, 6 de agosto de 2018





















outro lugar > long light | john foxx


permanecer.
ficar... estar sempre em lugares assim.
como este que agora visitei...

estar... apetece estar aqui... simplesmente estar em lugares assim...
a frescura que se sente... e o peso, sobretudo o peso... do tempo que por aqui passou.
ficar... apetece ficar sempre mais... 
ficar sempre em lugares assim. permanecer, ficar sempre... para sempre.

não sei se é da escala, apenas... que também o é...
mas sobretudo do espaço... e da matéria.
aqui tudo está num patamar superior... até o silêncio é mais denso e sério...
carrega nele o tempo de outros tempos... e é mais profundo...
tal como a matéria... que não os materiais.
aqui não há lugar a materiais... apenas matéria... e tempo... e espaço... e história.
essa a importância.
até o contraste entre a luz e a sombra é maior... mais denso e intenso.
mas sobretudo a escala... a dimensão, essa dimensão pela qual ficamos arrebatados...
e o peso. 
tudo se abate assim abruptamente sobre nós... e adensa...

já não há lugar a lugares assim...
como estes espaços deste convento que me levam... e induzem...
apetece ficar aqui sempre...
para sempre.


quarta-feira, 1 de agosto de 2018



still a story > rhythm of cruelty | magazine


isto ainda é uma história acerca de cumplicidade... paradoxos... e sobremesas geladas.
agora o caso é mais sério... demasiado sério...
estamos a falar de uma sumidade... um compositor doutorado...
mesmo que o seja honoris causa... ou simplesmente por isso mesmo. tem mais valor, pelo reconhecimento... provavelmente o mesmo conhecimento.
existem alguns... para surpresa de muita gente...
john foxx... stephen mallinder... eventualmente peter hammill.
howard devoto assim mesmo...

excelência de músicos... mas igualmente uma notável escrita... que os destaca de tantos outros.
não é apenas a melodia que conta... a lírica importa.
segredo-vos que começei por gostar dos psychedelic furs... essencialmente pelo conteúdo dos textos... do que se dizia e afirmava... o que se desejava contar.
óbviamente que india é um exercício introdutório de excelência... poucos, mesmo muito poucos o conseguiram...
os magazine igualmente eram fenómenos de escrita... senão oiça-se feed the enemy... e tudo o que se diz, afirma... e envolve... nestes relatos espectáveis... porque dignos de verem vistos... notáveis.
tudo o resto são histórias... algumas menos elegantes e mais óbvias...
sobretudo lamechas e evidentes... expectáveis em si...
porque prováveis, previsíveis e comuns... a um pensamento comum.
ou seja... isto já não é uma história acerca de cumplicidade... paradoxos... e sobremesas geladas.