a aproximação do silêncio > cathedral oceans | john foxx
condicionado.
confinado a este reduto a que chamamos casa.
confesso. não me custa. nunca me custou. embora goste deandar ao ar livre, simplesmente percorrer as ruas da cidade anónima e aleatoriamente.
sim, mas não me custa estar em casa.
hoje decidi-me por uma passagem integral dos cathedral oceans do john foxx...
o cathedral oceans (mais tarde apedidado de I, dado existirem agora o II e III) foi o mais surpreendente, porque menos óbvio.
inesperado diria mesmo.
o john foxx, após anos de uma electrónica compassada e fria, retirou-se e surgiu como que do nada, sim, sempre foram doze anos de ausência... esse o tempo que mediou entre o in mysterious ways e este cathedral oceans...
musicalmente foi uma ruptura em todos os sentidos...
abandonou-se uma pop electrónica refinada e fantasmagórica... que sempre muito deveu aos kraftwerk, desde o início dos ultravox...
e resurgiu em modo igualmente electrónico... mas aqui numa proximidade ao movimento denominado de rock alemão... com ausência constante de ritmo... num experimentalismo e ambientes serenos... a lembrar uns tangerine dream planantes...
mas a grande novidade foi sobretudo a introdução de um cântico... simbólico e religioso... que tentava tirar partido sobretudo da sua semelhança ao canto gregoriano... ampliado e amplificado pelo espaço que o rodeava... e pela reverberação e delay próprios da própria acústica dos espaços religiosos de grande escala... onde o eco se faz sentir e intensificar na projecção da voz humana...
não o sabia... soube-o mais tarde... o próprio john foxx fez parte integrante de um coro na sua juventude... tendo daí tirado as ilações relativas à projecção da voz, consoante as especifidades e espacialidade do espaço e materialidades do mesmos...
referia-se simbolicamente que esta trilogia existia na sequência de pretender sobretudo ouvir. de preencher um espaço com qualquer coisa calma e luminosa... que iradiasse uma serenidade que a música comum não conseguia transmitir... encher um espaço de infinitas dimensões...
simplesmente atribuir a essa mesma música a impressão de uma serenidade que se experimenta na música litúrgica... em oposição à nossa vivência do quotidiano febril,,, acelerada e ruidosa...
havia um desejo de calma e continuidade... em melodias imensas e enormes no tempo e igualmente no espaço...
e essa vontade e experiência está patente e reflectida nesta tranquila trilogia que tanto gosto de tenho e de possuir, com a vantagem de igualmente ter um dos vídeos dedicados aos cathedral oceans...