terça-feira, 14 de setembro de 2021

canções de facto > mojave 3 e o rádio



canções de facto > mojave 3 e o rádio


não confundam. 
não se confundam. sim, são ambas tranquilas, deliciosas e muito viciantes.
mas volto a dizer, não confundam...
não se devem confundir, embora apresentem semelhanças. bastantes. imensas.

love songs on the radio dos mojave 3... é uma melodia encantatória... muito da linha sequencial dos slowdive... com a voz da rachel goswell numa entrega serena e calma... como sempre o foram as melodias dos slowdive. e convem relembrar que estes mojave 3 surgem exactamente na sequência do fim dos slowdive (primeira encarnação).
songs they never play on the radio do james young segue o mesmo registo... tranquilo e melancólico... numa temática idêntica... onde predomina a reserva intimista... mas que igualmente confronta os músicos em geral com a qualidade orgânica das suas melodias... e a necessidade implícita da exposição e popularidade das mesmas... nomeadamente o factor rádio... e o fantasma dessa mesma exposição... logo, repercussão... logo popularidade. 

deixem-me tranquilizar-vos...
acredito na ironia deste mesmo destino...
não canções fantasma... porque fantásticas... 
e a sua exposição... rondará mesmo, acredito... a nulidade.
simplesmente porque falamos de registos de excelência... verdadeiras canções de facto.
e isso, creio... basta.

porque os ouvintes não estão mais interessados em ouvir...
e isso desgasta...

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

esferas > somesay | wah!










esferas > somesay | wah!

há um momento em que também tu terás de aprender a usar a dor para crescer... 
ou simplesmente usar a dor para sofrer. 

porque a dor está lá, esteve sempre lá, desde o momento em que nascemos.
apenas a começamos a entender a partir no momento em que acontece. e se torna irreversível. é prática comum. acontece com todos, acontece a todos.
a saudade cresce e assusta... ganha dimensão.
ganha uma proporção até aqui desconhecida... desmesurada... e cria-se e constói-se um vazio... um enorme vazio... 
e tudo o que resta está vazio... oco. onde não existe sentido, para nada.
o tempo torna-se lento... vagaroso... difícil de passar... de enfrentar.
a vida afasta-se e perde nitidez... porque existe uma real dificuldade em ver... em aceitar...
tudo ganha uma imensa dimensão... e é nesses momentos solitários que a frase proferida pelo pete wylie faz mais sentido...
ao meu redor todos se movem em círculos... eu movo-me em esferas...

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

apenas > tu eras apenas uma pequena folha | homem em catarse



















apenas > tu eras apenas uma pequena folha | homem em catarse

disseram-me que era aqui... que era no número 17.
este é o número dezassete, correcto?...
mas será mesmo aqui, interrogo-me...
não tem tanto ar de ser aqui... estarei enganado?...

quando te conheci, eras apenas uma pequena folha caída na calçada... indiferente... misturada com tantas e todas as outras folhas...
quando em ti reparei, sei-o... foi pelas piores razões...
imaginei a juventude... a distracção... a falta de noção... nunca, a irreverência...
verdade, não me enganei... nunca foste irreverente... apenas por vezes atrevida...

o que faz em nós... reparar nos outros que nos rodeiam...
para o bem e para o mal... mas sobretudo para o bem...
de onde viemos?...
para onde vamos?...
o que está ainda por criar?... quem somos nós?...




terça-feira, 7 de setembro de 2021

ver > planned obsolescence | prolapse



ver > planned obsolescence | prolapse


vi-te... não me viste.
sinto-me aliviado... sinceramente não saberia o que te dizer...
ainda para mais passou tão pouco tempo... desde essa tua dura separação...

ainda recordo as nossas longas conversas no café... tardes infindáveis...
sabes, o que gosto sempre é a situação... costumavas dizer sempre, segura de ti mesmo...
a situação pode ser complicada. pode ser perigosa... 
retorquia-te por vezes eu... certo de tudo se pode complicar e precipitar...
estás a fazer-me um interrogatório... não mereço... posso mesmo imaginar a tua cara de desaprovação...
e quando questionada, para surpresa dizias... sabes, por vezes fumo... fumo muito... chego a fumar demasiado... acalma-me...
mas pouca gente sabe... imagina... fumo apenas na minha intimidade...

o que te deixa nervosa?... questionei...
coisas... respondeste alheada já da nossa conversa...
e do nada afirmaste... daqui a nada é carnaval...
por vezes as conversas eram absurdas... incoerentes... embora tu lhes tentasses dar sentido...
algum sentido que fosse... nenhum, diria eu...
apeteceu-me convidar-te para ir ao cinema... ver um filme ou outro que sabia... irias gostar...
pensei em malcolm & marie... ou mesmo em diana... 
vês, tudo filmes estranhos com nomes próprios... mas hesitei...
e em silêncio fiquei a ver-te afastar... a ver-te partir...

mesmo assim gostei de te rever...

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

setembro > tempo de david sylvian


setembro > tempo de david sylvian


chegou setembro. 
como chega sempre, discreto... mês calmo, que sucede o reboliço das férias de quase todos...
e setembro é invariavelmente tempo de ouvir david sylvian... ou não existisse em setembro uma magnífica canção chamada september...

the sun shines high above
the sound of laughter
the birds swoop down upon
the crosses of old grey churches
we say that we're in love
while secretly wishing for rain
sipping coke and playing games

september's here again
september's here again

chegou novamente setembro...