sexta-feira, 28 de maio de 2021

ver de perto o fim > q quarters | the associates













ver de perto o fim > q quarters | the associates


é improvável.
diria mesmo... é impossível. não gostar.
não ficar a gostar dos the associates.
sobretudo destas melodias. o q quarters. o white car in germany. o tell me easters on friday.
são efectivamente as melhores, não sendo as mais populares e orelhudas... 
os the associates tiveram uma fase muito activa... mas sobretdo muito eclética.
single após single... todos muito consistentes e bons mesmo... sem pretender roçar os tops que mais tarde se viriam a tornar um alvo e obsessão.
o q quarters desde a sua capa até ao conteúdo... é imenso... irrepreensível e enorme...
mesmo o lado dois deste maxi-single é igualmente elegante e obscuro quanto baste...
e nesse prolífero ano de 1981... realizaram oito... oito ouviram bem... 8 singles.
imensa obra, de enorme qualidade.
ao tell me easters on friday seguiu-se o q quarters  e pouco depois o white car in germany... trilogia magistral e mágica que definiu a sua melhor fase... registos todos lançados na editora situation two...
a fase posterior... mais pop e acessível... obviamente atirou-os para um mediatismo que estes registos não tornavam possível, quer pela marginalidade... genialidade e qualidade da música. no entanto repousam ainda aí a espaços, verdadeiras pérolas como é o caso de a matter of gender já editado pela fiction records editora que partilharam com os the cure...
igualmente 1982 foi o ano do lançamento de sulk, provavelmente o seu mais reconhecido registo... e onde se inscrevem registos de enorme qualidade... partilhados com singles apelativos para o top of the pops e charts que tantas e todas as outras bandas disputaram aquando do surgimento em força dos maxi-singles e intermináveis misturas...
mas no sulk repousam ainda melodias inesquecíveis, tal como mais tarde se veio a verificar em perhaps... mas os singles mais importantes tinham definitivamente ficado para trás e surgia uma vertente funk, que embora previsível, estava arredada da imensidão compassada e maquinal de q quarters e white car in germany... muito mais próximos da derivação electrónica germânica... e menos da soul e funky que mais tarde lhes ditaria o respectivo fim...




sexta-feira, 21 de maio de 2021

livros > include me out | young marble giants






livros > include me out | young marble giants


recordo que lá em casa havia um livro de música. talvez uma biografia... ou uma compilação de entrevistas ou textos, uma coisa assim. 
talvez do morrissey... talvez da patti smith, não sei, já não me recordo.
estava sempre estrategicamente pousado na mesma posição, em cima de uma mesa de vidro que havia na sala de estar...
não sei se alguma vez alguém o leu... e eu, apesar da natural curiosidade, nunca me atrevi a pegar-lhe...
sim, poderia ser da patty smith... ou até talvez do morrissey...
e agora, na distância do tempo... sinceramente nunca entendi o porquê daquele livro estar ali, apenas pousado sobre aquela mesa de vidro... provavelmente na esperança de que alguém nele reparasse e o lesse...
era estranho, sobretudo porque aquela não era de todo uma casa com espírito musical... não havia cultura musical ou mesmo hábito de ouvir e escutar música...
posto de outra forma, havia em determinadas ocasiões música, mas não era música física... era antes, música de circunstância... apenas para complementar almoços... aniversários... 
não era nada regular... ou estudado.
era simplesmente música ambiente... que não música ambiente no estrito e lato sentido da música criada por exemplo... por brian eno.
não. nunca houve aqui uma intenção estética... um mero propósito.
era simplesmente música como se um qualquer rádio estivesse sintonizado.
e isso quanto a mim, não é música... 






quarta-feira, 19 de maio de 2021

ninguém > untitled | throbbing gristle




ninguém > untitled | throbbing gristle


alguém pode estar a fazer uso dos meus textos...
uma compilação de textos artísticos... uma coisa assim... e depois pode...
não pode.
não pode... estes textos não são textos artísticos... dizem pouco, dizem nada.
quem quer utilizar textos que dizem muito... fazem provavelmente pouco, nada.
e não vou... não me quero enervar... logo não vou nisso pensar. não vou. 
não vou pensar... vou, não pensar...

hoje vou simplesmente ouvir em catadupa o heathen earth dos throbbing gristle... esse portento que tanto me marcou e marca... neste percurso que também é a minha existência... e que faz igualmente parte dos apêndices e apoios que por vezes surgem e ajudam. mesmo na ausência.

e fico com a sensação que me fica a faltar qualquer coisa...
uma qualquer outra coisa que não esta... esta coisa que agora tenho e pouco me diz...

e fica então esse vazio... essa sensação...
e fica então para uma outra ocasião... 

segunda-feira, 17 de maio de 2021

o dia em que > avignon | the orchids














o dia em que > avignon | the orchids


o dia em que os the orchids quiseram ser os felt.
corrijo. os dias em que os the orchids tentaram ser os felt.
porque simplesmente foram tantos os dias, todos os dias.

meio mundo que habitava a sarah records tinha os felt como referência... como objectivo.
talvez por isso a sarah records tenha tido um culto tão específico e especial...
essa música suave... leve e ingénua... inocente mesmo, que transversalmente polvilhou a generalidade das bandas oriundas dessa editora... fez e tornou os felt ainda mais especiais...
mas igualmente todos os registos que ambos lançaram... felt e derivados... sarah records e oriundos...

e creio, os the orchids foram em determinado momento a encarnação de diversos membros polifacetados, que estiveram mais perto desse mesmo objectivo...
o dia em que todos tentaram ser os felt...

como é que se explica o inexplicável? > fernando e joão










como é que se explica o inexplicável? > fernando e joão


lembro-me do encontro.
do nosso encontro. casual, recordo. ali na esquina do campo de santa clara, junto ao mercado num dia de feira da ladra.
ficámos ali os três perdidos... parados, no entusiasmo da dimensão das nossas perspectivas musicais. o fernando magalhães mais reservado, mais culto... muito, mas mesmo muito seguidor do mestre peter hammill e quejandos... o joão veríssimo mais entusiasta e expressivo... mais anos 80... sobretudo a facção mais negra mas igualmente marginal. coil... death in june... sol Invictus... estão a ver, não estão...

e eu estou aqui porquê, perguntarão alguns...
para celebrar... melhor, para perpetuar esse mesmo momento. ao princípio de uma tarde de uma terça-feira... e que sei-o agora... infelizmente irrepetível...
o fernando sempre mais contido... calmo e seguro... conciso e ciente dos seus mestres... e descendentes... com um discurso seguro e coeso, intelectualmente superior, com uma imensa devoção ao trabalho de peter hammill... e no que isso redundou. brian eno... robert wyatt... robert fripp faziam igualmente parte dessa sua paleta de músicos de eleição... mas o ídolo era certamente peter hammill.
conheci-o através do meu irmão nuno... e sobretudo do seu irmão, o nuno.
curiosamente o meu irmão igualmente nuno, era da mesma idade do fernando e colega de turma... exactamente o mesmo se passava comigo e com o nuno magalhães... ambos da mesma idade e igualmente colegas de turma no liceu que todos frequentávamos... o liceu camões.
o fernando e o nuno magalhães moravam perto, muito perto do liceu camões, na rua andaluz... e era aí que por vezes passávamos parte das nossas tardes... entretidos com as divagações e divulgações do fernando... e na descoberta dos sons que invariável e entusiasticamente nos mostrava... e me marcaram e construiram...
alicerçado sobretudo nos sons dos anos 70, os van der graff generator e os king crimson predominavam nessas mesmas audições... impossíveis de não surgir sempre a qualquer momento como exemplo... o bom, o melhor exemplo a seguir...
verdade seja dita, nunca o perdi de vista... e os nossos gostos musicais sempre coincidiram... muito provavelmente porque a sua herança já residia igualmente em mim...
das muitas vezes que com ele me cruzei sobretudo em lojas de discos de segunda mão... carregava sempre nas mãos pequenos amontoados de discos... que mais pareciam pequenos tesouros que singelamente amparava... e recordo o sorriso no seu rosto diametralmente proporcional à tranquilidade do seu discurso...
falava agora entusiasmado das descobertas dos tuxedomoon... dos cabaret voltaire... test dept... do universo industrial e tantos e todos os outros que a essa família pertenciam... ironizando sobretudo a falta de conhecimento e reconhecimento que os donos dessas lojas tinham da música contemporânea... tal como nos dias de hoje ainda se assiste...
foi não só responsável pela minha formação enquanto melómano... quer através das tertúlias no seu quarto e do seu religiosamente intocável gira-discos... mas igualmente enquanto responsável por determinadas importações que sugeria aos amigos da contraverso... para não falar das suas sábias palestras em diversos jornais onde invariavelmente comentava e falava do estado actual da música pop e não só... fosse no blitz... o independente... ou até na rádio universidade tejo (rut)... e no suplemento sons do público...

o joão mais jovem e entusiasta... logo muito entusiasmado com as descobertas mais recentes... mas não apenas... que cimentam e constroem as nossas discografias... marginal... e um entusiasta inflamado dos death in june... coil... joy of life e derivados... 
o joão veríssimo conheci-o acidentalmente no universo das lojas de discos, poucas diga-se... onde com freqüência nos cruzávamos... vindo mais tarde a aproximar-nos o facto de se ter tornado namorado de uma ex-aluna minha... a sara, uma italiana, aluna erasmus... que por cá ficou após o final do ano lectivo... perdida e encantada com lisboa...
construiram um verdadeiro tesouro, quer a partir de cá, mas igualmente em itália onde frequentemente se deslocavam... e que os levou a editar inúmeros discos, fosse através do selo extremocidente... ou simplesmente nas suas soberbas e luxuosas edições piratas limitadas e de imensa qualidade gráfica... 
ficou por desvendar esse mistério... onde se efectuavam esses mesmos trabalhos mas igualmente realizar a passagem de testemunho... dessa estranha edição oriental (coreana?... chinesa?... tailandesa?... filipina?...) de um álbum do robin guthrie... esse mesmo que nunca me chegaste a presentear...
e esse momento vem agora ao de cima... atraiçoado pela minha memória... que os conjuga e congrega agora aqui. aos dois. 
simplesmente pela finitude e perspectiva do tempo... do que se faz com ele... e como usa...

recordo o entusiasmo que iluminava e inflamava os respectivos discursos... e o quanto defendiam as suas descobertas e apostas. 
e como isso agora é uma mera memória que reside em mim... e que um qualquer dia igualmente acabará por findar...

e essa conversa e discussão continuará certamente... 
porque se vocês foram andando... eu certamente irei lá ter, e então puderemos concluir tudo aquilo que demasiado cedo ficou por dizer...

e que ambos me perdoem mas agora fico-me pelo imperfect list dos big hard excelent fish... 
sei que ambos não discordarão...
e que concordarão na sua excelência...

segunda-feira, 10 de maio de 2021

dúvida > on edge | piano magic













dúvida > on edge | piano magic


o que é a vida para um homem... quando a sua mulher fica viúva?...

terça-feira, 4 de maio de 2021

a imagem > the picture | editors





















a imagem > the picture | editors


nunca entendi.
sinceramente. nunca entendi.
porque é que com algumas bandas é assim... é sempre assim.
refiro-me aos editors... poderia estar a falar dos new order... dos siouxsie & the banshees.

os editors são paradigmáticos.
e estranhos. porque não sei se é intencional...
será propositado, questiono...
deixam imensas melodias nos singles... 
e por vezes arrisco a dizer... simplesmente as melhores...

transportam para os álbuns... música menos poderosa e provável...
e algumas melodias imensamente dignas e boas... falecem mudas nos lados b dos seus singles...
e assim ignotas ali repousam... desconhecidas e esquecidas por muitos e tantos...
o que dizer de an eye for an eye... de the picture...
mesmo de some kind of spark... sobretudo em comparação com o orelhudo tema... eat raw meat = blood drool... que foi eleito como single do respectivo álbum...
o que dizer?
não sei o que dizer...






a missiva > don't look back | virgin prunes













a missiva > don't look back | virgin prunes


podíamos ter ido beber um café, conversado um pouco... sei lá...
mas não. optámos pelo silêncio, pela distracção... 
sobretudo pela distância e o isolamento.
perdeu-se a oportunidade... surgiram outras...
 
devíamos ter esclarecido a confusão... as dúvidas instaladas.
será presença?... será ausência?...
como aquela primeira missiva que em mão te enderecei... e que tudo em si resumia... o amor mais belo do que a lógica...

qual a diferença?...
tal a indiferença...