segunda-feira, 30 de novembro de 2020



lembrança > au-delà du fleuve | wim mertens


segundo o dicionário de língua portuguesa, lembrança pode significar... recordação... apontamento, enquanto auxiliar da memória... alvitre, ideia... um presente, geralmente de pouco valor... um objecto comprado para relembrar alguém ou algo, um lugar... 
mas acima de tudo e o que mais aqui me interessa... um acto mental pelo qual a memória reproduz um facto passado.

e este disco... sobretudo esta música... au-delà du fleuve que integra a trilogia integer valor do wim mertens... traz, devolve tudo à recordação... 
e por vezes dói... custa... a memória simplesmente atraiçoa, porque custa. dói. chega a doer mesmo...
sobretudo porque os factos passados já foram vividos e regressam nunca... vivem assim apenas em nós, nesta forma crua e dura... residual... que por vezes aflora o pensamento... como uma mudança de maré... 
amamos pessoas que já morreram. qual a utilidade disso? será simplesmente nostalgia... sofrimento?... 
qual o sentido maior que ainda não conseguimos entender... e atingir...

assim sendo preciso de escrever tudo. mesmo tudo. o que recordo.
antes que se esfume e desvaneça...
preciso de entender tudo, mesmo tudo...
antes que tudo acabe,antes que tudo esqueça... e a memória se gaste. 
e finde. e se perca.
assim sendo tentarei tudo recordar... tudo visualizar... enquanto este disco avança... e me devolve à memória... a vida que entretanto já passou e gastou... e as pessoas... e os lugares... e os actos e os factos...

e foi precisamente isso que este disco hoje me fez... 
devolveu-me à memória... tempos e momentos que também eu saboreei e vivi... 
e como alguém me questionou... 
esta não era a música que a tua mãe tanto gostava?...

domingo, 29 de novembro de 2020




legado > the good son | david sylvian


devia haver um legado? 
deveria haver lugar a um legado? uma herança?...
esqueçam isso, esqueçam tudo isso...
nunca algum filho meu... em ocasião alguma demonstrou sequer curiosidade alguma...
não. nunca. nenhum.
jamais. 
nunca nenhum, sequer me abordou... e questionou...
nunca nenhum sequer equacionou... teve essa curiosidade.
demonstrou interesse algum. nenhum.
e tanta música e tanto disco decorreu... e nada.
absolutamente nada.

herança?... qual herança?
desde cedo... desde sempre que os habituei a ouvir todos os discos que invariavelmente eu consumia... e diariamente ouvia...
e no entanto nunca houve uma necessidade voraz ou simplesmente surda que os fizesse um qualquer dia vir ter comigo e sequer tivessem tido a curiosidade de perguntar...
o que é isto que está a tocar? 
o que é que estás a ouvir?
nunca por nunca ser...

verdade seja dita... sempre ouvi a minha música de eleição...
sem nunca ter tentado impingir nada a ninguém.
nunca, por não ser.

e assim sendo, vou ouvir o blemish do david sylvian... em modo solitário... 
como sempre fiz e ouvi tantas e todas as outras músicas que igualmente preencheram e foram e fizeram a minha companhia...



29 de novembro > sleep no more | the comsat angels



por vezes.
por vezes apetece-me telefonar-te. é, creio, um impulso.
penso... vou telefonar-lhe... assim só, vindo do meu pensamento... vindo do nada...
mas hoje é indiferente... é sobretudo diferente.
faz anos que me deixaste,um sábado pela manhã por sinal.
foi uma chamada estranha, porque muito cedo, especialmente para um sábado de manhã.
e as notícias não eram obviamente boas.
havias partido nessa noite... nessa madrugada?...
nunca me foi referido... apenas sei que pela manhã, as notícias eram de que havias morrido.
e mais pormenores... não soube. nunca os soube.
sei apenas que me deixaste... nos deixaste...
não é que fosse surpresa... não foi inesperado. 
estávamos à espera... desde há algum tempo... sabíamos que a doença te haveria de derrotar...
apenas acreditávamos que seria mais tarde... sempre mais tarde.

e faz hoje anos que me morreste... e aqui me deixaste...
29 de novembro... o ano já se torna mais confuso... 
e não sei o que diga... o que te diga.
não se celebra um dia assim... não se comemora, apenas se recorda.
e aqui estou a relembrar a tua, a nossa vida em comum... 
e assim sendo... igualmente me decido por ouvir um dos discos que porventura passou por aquela casa da avenida de madrid... e que de tanto o ouvir quase se gastou... e tantos e todos porventura incomodou...
pego na rodela metálica do compact disc e carrego no botão open do leitor de cd...
deposito o disco na sua gaveta e pressiono o botão de iniciar...
a gaveta lentamente fecha-se e a música que de imediato se inicia...  the eye dance... the comsat angels...
que inevitavelmente me devolve as memórias daquela casa que nos habituámos a chamar de nossa... até um dia... 
esse dia.





quarta-feira, 25 de novembro de 2020



não havia > discipline | throbbing gristle


só havia duas pessoas normais entre aquelas. 
veio a verificar-se anos mais tarde. apenas alguns anos mais tarde.
naquela altura tudo passou despercebido... aliás...
aliás christine carol newby... mais conhecida como cosey fanni-tutti... era a mais rebelde e estranha... numa estranheza que inevitavelmente englobava e fascinava toda a gente. 
mas apenas a ela se lhe reconheciam dotes invariáveis de marginalidade.
aos outros componentes... embora tóxicos e excêntricos...  atribuia-se essa mesma excentricidade ao seu universo artístico e musical. puro engano.

desenganem-se os mesmo mais cépticos.
havia ali muito para além da música que em conjunto construíram.
e reparem, digo construíam... e não compunham.
verdadeiramente deveria mesmo dizer... a música que juntos desconstruíam.

imediatamente identifiquei-me com o heathen earth... e havia uma fotografia tocante e estranhamente vulnerável na capa do discipline... que remetia para subúrbios industriais e inóspitos... onde os throbbing gristle sempre navegaram e onde surgiam frágeis, mas ao mesmo tempo pujantes... num enquadramento austero e clássico.
ironicamente, ere esse o mesmo registo com que costumava contemplar os meus alunos, no início de cada novo ano lectivo. assim, como um primeiro teste e embate...

mas os throbbing gristle foram... são muito mais do que isso. musicalmente.
o peter christopherson igualmente fudou os psychic tv com o genesis p-orridge após a cisão dos mesmos... e a outra metade, cosey fanny-tutti e chris carter deram origem aos chris & cosey... 
mas peter christopherson iria mesmo mais longe e fundaria os coil com o seu cúmplice amante john balance... 
por sua vez... cosey fanni-tutti... estrela emergente no universo das performances pornográficas dos anos 70... continuou ligada ao mundo performativo, e com chris carter moldou diversos registos de música electrónica absorvente...
genesis p-orridge por seu turno navegou militante e militarmente nos throbbing gristle... e nos psychic tv... antes de refundar os tgristle... e de se metabolizar com a sua mulher, lady jaye... em sucessivas transformações e mutilações, intitulada breaking sex... que o levaria a uma mudança de sexo... e igualmente de percurso musical.
até que a morte consumiu antes do tempo grande parte deste universo... restando actualmente chris carter e a sua eterna companhia... na figura de cosey fanni-tutti... porventura os mais discretos de entre todos... se é que a isto se pode chamar mesmo discrição.

não havia. só havia.
 








errado > the dreamer is still asleep | coil


o que é que está errado, quando tudo está errado?
sim, digam-me... não consigo imaginar, o que estará errado... quando aparentemente tudo está errado...

eu oiço...músicas... por vezes fotografias... leio livros... interesso-me por artigos...
que simplesmente ninguém lê... 
discos que muitos evitam... imagens que ninguém pretende observar.
 eu vejo paisagens com determinado potencial... eu escuto... perscruto... onde ninguém vê ou simplesmente ouve ou sente... nada.

digam-me...
o que é que está errado... quando tudo está errado...



segunda-feira, 23 de novembro de 2020













o fantasma persegue > resíduos dos wolfgang press


o michael allen dos the wolfgang press canta em hammer the halo..

...get that curse off my land
get that curse off my land
who said doctor's orders?
baptised i have no church
get that curse off my land

now, if i had a hammer i'd nail the halo back...

confesso.
confesso que sempre gostei dos the wolfgang press. desde o início.
corrigo. mesmo desde antes do princípio.
estranho, eu sei, pode parecer estranho... mas é verdade.
conheço os wolfgang press desde os tempos dos rema-rema e dos in camera... 
conheço os wolfgang press desde os tempos dos mass. e dos in camera.

eu explico... passo a explicar.
os rema-rema tinham no seu contexto... o michael allen e o mark cox... que nasceram das cinzas dos ditos cujos... e os mass...que debandaram e se partiram em duas metades... dando origem aos renegade soundwave e aos wolfgang press.
os wolfgang press por seu turno integravam o andrew gray que derivou dos in camera...
confusos?.... não estejam...
assim sendo os wolfgang press eram não mais do que o colectivo que continha o melhor dos mass e rema-rema e dos in camera. o que à data era um luxo, apenas reconhecido por poucos... diria mesmo, muito poucos.

passo a explicar... eu explico.
nem todas as bandas possuem ou integram um michael allen. e isso é o garante... de uma enorme e imensa desconstrução das melodias tais como normalmente as reconhecemos.
creio, que apenas reconheço um músico que pode figurar junto deste personagem ímpar.
o howard devoto... com ou sem magazine... foi... é, será?... um músico... compositor e letrista igualmente genial. 
e com a saída inesperada de unremembered remembered... disco perdido se assim lhe podemos chamar... pós funky little demons... a quem está indissociavelmente ligado... encontrei tempo para uma revisitação a toda uma obra que sempre foi de grande agrado.

o fantasma persiste e persegue.


 





sexta-feira, 20 de novembro de 2020


por favor escavem, escavem > dig a hole | the wolfgang press


literalmente. o céu está a cair...
literalmente em cima de mim... e eu não sei se aguento.
o quanto aguento...

escavem um buraco... para se esconderem...
para me proteger... deste isolamento... a que nos devotaram este ano.
ciclicamente surge o fantasma... de um isolamento crescente...
e que se não assusta... isola.
não posso ir ali...
não posso estar além...
apenas posso estar aqui.
devo estar aqui. e permanecer.

assim sendo nesta solidão a que me habituo... escuto dig a hole dos the wolfgang press...
que simplesmente referem... 
...someone grows on my fears so what?...
...some people just get on my nerves...  so what?...

escondam-se... fujam... e evitem...
prevejo que vem aí o fim de um ciclo...
que para mim pode ser finalmente... o derradeiro.




> fotografia de david sylvian258 (agradecimento expresso)




quinta-feira, 19 de novembro de 2020










parte > next | gavin friday

parte. 
em que parte...
já não faço parte. tenho consciência.
o que não deixa de ser estranho. simplesmente deixar de fazer conta.
posto assim de lado. cuja opinião já não ter sido em conta. valer nada.

não deixa de ser estranho. demasiado estranho.
a experiência e a vivência... serem assim postas de lado.
não contarem. para nada.
valerem já nada. 
não serem levadas em conta. 
e mais estranho, simplesmente porque a experiência é incomensurável.
o simples acto ou facto desperta logo um pensamento, uma imagem... uma simples solução.

mas a regra na sociedade actual...
é que o valor, o conhecimento... e sobretudo o reconhecimento, residem numa faixa etária muito restrita e fechada.
ou se é demasiado novo para poder opinar e decidir... e não seremos levados em conta...
ou demasiado velho para igualmente ser ponderado e levado em linha de conta.
a idade, associada à experiência... cultura e vivência habitam nas pessoas e qualificam.
mas a regra é a ausência... a transparência e o isolamento. 
simples e surdo. 
e já agora, mudo.

parte.
parte do que parte, já não faz parte...

segunda-feira, 16 de novembro de 2020



por 1 ou 2 segundos > it's all ahead of you | gavin friday


vi-te... não me viste...
melhor assim.
não esperava encontrar-te... cruzar-me assim naquela esquina, daquela rua... sobretudo aquela hora...
pareceste-me irreconhecível, confesso. 
um pouco desleixada... gasta na urgência deste tempo que nos impede de sarar... e descomprimir...
vestias uma camisola cinzenta escura... e umas calças igualmente escuras... o cabelo acidentalmente apanhado... num demasiado pequeno gancho preto...
parecias apressada... embora hesitante... tudo ali a acontecer na minha frente...

vi-te... não me viste...
não nos cruzámos, diria... por uma questão de um ou dois segundos...
antes assim...



um... dois > commissions | blaine reininger


que me perdoem os mais distraídos. mas tinha de vir aqui... até aqui.
simplesmente para falar dos últimos registos do blaine reininger
apenas isso.
as colectâneas commissions. commissions I e II. respectivamente de 2014 e 2019.
reunem sobretudo registos de produção para dança... teatro... quase integralmente registados na grécia e para peças de teatro e dança igualmente gregas... onde blaine reininger reside desde há vários anos.

são registos magníficos e magnéticos... que nos prendem a sucessivas audições... e que a cada nova passagem... se renovam e tendem a continuar a surpreender.
de uma maturidade e serenidade que vem desde os registos dos tuxedomoon... estas "comissões" são acima de tudo, serenas... sérias e maduras.

tento... e não consigo... são demasiado boas e viciantes estas comissões...
para simplesmente as poder ignorar ou abandonar...
e assim sendo, oiço em frenético loop estas melodias de bailado... teatro e dança... que simplesmente tudo preenchem e tocam.
e me bastam.


domingo, 15 de novembro de 2020



círculo perfeito > my mother told me | the wolfgang press

um círculo perfeito.
lembro-me da porta de ferro verde. verde escuro.
e do desenho que integrava círculos perfeitos... diria eu.
sobretudo para a idade que então tinha

lembro-me perfeitamente da porta de ferro verde escuro... encimada por seis círculos verdes de ferro... que protegiam os vidros interiores...
e da entrada desafogada e inteiramente de pedra. e ao cimo do primeiro lance de escadas, o átrio grande e luminoso.
recordo sobretudo a luz que fluía através da clarabóia situada lá no alto do terceiro andar... que coava todos os pisos e paredes adjacentes... com um lambrim tipo marmorite... mosaico hidráulico de pequenas pedras pretas...  encimadas por um friso de pedra mármore polida, igualmente preta...

e lá no alto... a clarabóia de vidros martelados, que com o tempo foi escurecendo... e deixando passar cada vez menos luz.
tudo recordo ainda... sobretudo a porta que todos e tantos dias manuseei... e que me devolvia a casa...

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

















hesito e evito > nick cave versus the wolfgang press

por vezes gosto de hesitar...
por vezes gosto assim. mesmo.
estou parado com o ghosteen do nick cave... e o umremembered remembered dos the wolfgang press em ambas as mãos... e simplesmente hesito... sobre qual disco escolher para ouvir primeiro.
uma dúvida eu nã tenho. são ambos bons.
obviamente que o ghosteen é melhor. disso também não tenho dúvidas. alguma. nenhuma.
o registo dos the wolfgang press é um disco perdido... recuperado... inexistente.
passo a explicar.
após terem gravado o funky little demons... mark cox abandonou a banda... e restaram assim o andrew gray e o michael allen... que registaram caseiramente 7 novas faixas... que é fácil identificar como sendo próximas dos registos de funky little demons...
mas que nunca viram a luz do dia... simplesmente porque michael allen partiu em perseguição de novas aventuras... 
até agora. surgem 6 dos 7 temas num mini-lp de alguma raça... mas distante do tempo que entretanto por eles passou.

o registo de nick cave... é maduro... denso e duro menos... 
surge na sequência da morte acidental do seu filho arthur... e isso marcou a sua discografia desde aí.
se já não era totalmente fácil e acessível antes... imagine-se agora.
é um disco possuído por uma dor imensa... talvez uma saudade enorme... mas sobretudo uma reflexão sobre a existência... e a sua absurda e absoluta interrupção.

assim sendo hesito... gosto de hesitar...
por vezes gosto de hesitar... mas logo de seguida opto... e pouso o cd na gaveta do leitor de compact disc... e o som que se solta e inicia... you say you love me... the wolfgang press...
















 
sexta-feira 13 > stumble and fall | clan of xymox

sexta-feira 13... mau presságio?... ou será que me pode trazer algo de bom...
não sei... nunca fui muito supersticioso, a esse ponto, digamos...
existe sempre em nós alguma reserva... o receio de um desconhecido que não antevemos... ou simplesmente não controlamos...
dia treze de novembro de 2020... ano que se antevia magnífico... e vê-se...
ninguém previu... ninguém anteviu... o que tantos e tantos relataram ficcionalmente...
existem imensos filmes e mesmo documentários que previam e antecipavam um cenário destes... e na realidade...
a realidade é muito fria... e crua...
a humanidade não está ainda... será que alguma vez estará?...
a humanidade não está preparada para ebolições desta dimensão...
o ser humano é demasiado pequeno e invariavelmente embrenhado em coisas mesquinhas... para simplesmente perceber.
é formidável a responder... a tentar, a tentar encontrar soluções... 
mas a antever...
seremos já demasiado tecnológicos... para ignorar assim a natureza que nos concebeu resilientes mas sobretudo sobreviventes...
é que ao contrário de todas as outras espécies vivas... creio, estamos já distantes de um espírito de sobrevivência e extinção da espécie... que não nos possibilita prever...

sexta-feira 13... 
será que perante um quadro onde este ano de 2020 se inscreve... ainda haverá tempo para mais e maiores complicações...


quinta-feira, 12 de novembro de 2020




saudade > prayer | the durutti column



se aqui vieres, já cá não nos encontras.
mudámos de casa... de residência.
é próxima... é perto da última morada que nos conheceste.
a casa é maior... muito maior mesmo. tem melhores condições... para todos.
apenas não temos aquele pequeno espaço exterior... aquele quintal imensamente povoado por aquela nespereira... e os melros... creio que já não te recordas...
nem mesmo dessa casa... onde foste poucas vezes... já estavas doente... e evitávamos deslocações tuas com tanta frequência...
lembro-me sobretudo de um almoço... logo no início... improvisámos uma mesa... e uma sala de jantar... e ali todos comemos...
segredo-te... nunca esse espaço foi a nossa sala de jantar... apenas naquele dia.
e igualmente recordo... o sol... o brilho e o calor... sobretudo a cor quente que a madeira do pavimento reflectia... nessa tarde, improvisadamente sentados a essa mesa, e ali se fez a nossa última refeição em família...

se nos procurares nessa casa... já lá não nos encontras...
mudámos... como sempre se muda na vida...

quarta-feira, 11 de novembro de 2020













regresso > sara dale's sensual massage (part 2) | coil

regresso aos coil...
regresso a sara dale's sensual massage. tema composto por oito partes... e que agora vê a luz do dia... anos após a inexistência dos coil... já que ambos morreram à diversos anos.
como referenciado no próprio registo... trata-se de uma inusitada e mística banda sonora para um delicioso vídeo erótico... e estou a citar...
composta pelos coil muitos à muitos anos... surpreende e sobressalta-nos... simplesmente pela invulgaridade sonora... mas sobretudo pelo omnipresente fantasma que povoa este título...
se o moments in love dos igualmente defuntos art of noise era o seu opus e registo de excelência... e agora por aqui povoa e reside... igualmente imortaliza este sara dale's sensual massage... 
nem que seja pelo parentesco... mas igualmente pela magnificência... 











nova mensagem > treasure | cocteau twins


regresso. regresso aqui.
regresso assim mesmo... demasiados anos após a primeira audição...
confesso. tenho de confessar. nunca foi disco de muito me entusiasmar...
considerei-o aliás sempre como o pior registo dos cocteau twins...
afirmei-o mesmo.
desconsiderei-o... até agora. 
demasiado tempo...

existem em treasure dos cocteau twins demasiadas pérolas para poder ser esquecido.
ou simplesmente ignorado. talvez a chegado do symon raymonde tenha estancado a bela hemorragia sonora que até aqui os cocteau twins vinham trilhando. e adocicado o seu som e atmosfera... numa envolvência frágil... diametralmente oposta aos discos até aqui produzidos.
ivo é demasiado óbvia para ser sequer referida... é o ex-libris deste registo por razões óbvias.
mas de enntre todas as outras destacaria... sobretudo amelia.
e também otterley e donimo... e pandora...
e mais não digo.


terça-feira, 10 de novembro de 2020



mesa 15 >  sara dale's sensual massage | coil

recordo em mim.
recordo para mim. recrio as minhas fraquezas.
não são muitas... já foram seguramente mais.
e se o nervosismo por vezes aperta e as dúvidas se instalam... há que apagar essas mesmas hesitações e prosseguir... continuar o percurso que se tinha iniciado.

sentado aqui... na mesa quinze deste café... serenamente aguardo por ti...
tranquilamente aguardo... já não me deixo levar pelas emoções... 
e quando ao longe te avisto... um pouco atrasada como sempre... sorris e simplesmente dizes antes mesmo de te sentares...
desculpa o atraso... já sabes é comum em mim... mas estive a ouvir um disco estranho dos coil... e tem uma música, se assim lhe posso chamar... com a qual, creio, te vais identificar...







sexta-feira, 6 de novembro de 2020


 









demasiado tempo > remembrance | gus gus

como se passou tanto tempo?...
como deixei passar demasiado tempo... sem antever?
como se passou entretanto tanto tempo sem te rever?...
como passou tanto tempo sem a possibilidade de te ver...

como passa apressadamente o tempo... 
sem consciência ou simplesmente sem possibilidade de interferência...
as horas... dias... meses, anos sucedem-se em catadupa... e o tempo encurta e esvái-se...
esfuma-se... e consequente termina... 
e uma vez gasto... acaba.

quinta-feira, 5 de novembro de 2020




 
suspenso > gardens | sea oleena

suspenso pela tranquilidade...
suspenso pela tranquilidade que estas melodias evocam... e me transmitem.
e são tantas possíveis e passíveis de nomear...
sintetezemos... 
seja na serenidade dos the durutti column... seja através das calmas paisagens dos july skies... ou mesmo na acalmia de robin guthrie ou harold budd... na tangível tranquilidade de sea oleena ou dos cemeteries... ou simplesmente nas melódicas paisagens de john foxx ou na voz de david sylvian
tudo aqui concorre para um bucólico e pastoral imagético...
ou porque não... um igualmente imaginário de um mar sereno ou demasiado revolto... que apenas engrandece tudo ao nosso redor...
e nos demonstra o quão ínfimos somos e finitos.
desfrutemos então... serenamente...
antes que tudo se transforme...
e me transtorne.



terça-feira, 3 de novembro de 2020



em tempos > whispers | visage


deixa que te diga...não estava à espera.de repente. sinceramente.
quem és tu... onde estavas tu quando te procurei?...      
surges assim na noite... simplesmente do nada.

na vida que irresistível passa e tudo torna irreversível...
diz-me... quem és tu?...
onde deambulavas quando te procurei...
nesse tempo que pretendo usar... mas não existe mais...
diz-me... quem és tu?...onde estavas tu quando te procurei?...

procurei-te por toda a parte...
quem és tu?... onde andavas tu?...
com quem andavas tu... onde estavas tu?...

procurei-te por toda a parte... quem és tu?
onde estavas tu quando te procurei por toda a parte?...