trinta anos > butterfly on a wheel | the mission
ia a passar e resolvi entrar...
assim só. nem que seja para revisitar as memórias.
passados trinta anos, falo pela primeira vez. aqui.
falo aqui pela primeira vez...
sim, de facto já se passaram trinta anos... imagina, trinta anos sem ti...
difícil de imaginar... difícil de entender...
sabes, custa sempre... ainda que o tempo amortize... e abrande...
o tempo cura tudo, diz o ditado popular... treta...
o tempo cura o que a nossa mente pretende esquecer...
o tempo recua e tudo demonstra e mostra.
acredito, o que sempre acredito.
que imagino que através desta tensão e desespero... soubesses que esta era na minha imaturidade... mas, quem tem maturidade para conviver diariamente com o sofrimento... a fragilidade e a perda?... confessem...
sempre me senti abençoado... por ter a família que sempre tive e em mim tenho e contenho.
mas estranhava a cruel fragilidade com que constantemente eramos incomodados... e isso sempre fez perigar o nosso quotidiano...
mas creio, também essa fragilidade e fraqueza que nos uniu.
confesso, dada a tua constante vulnerabilidade... a ausência de constância... e já perto do fim as oscilações constantes e quase diárias... sobretudo as noites de que tanto te queixavas...
recordarei sempre essa nossa caminhada solitária, após mais uma ida nocturna ao hospital de santa maria... quando me referiste o teu receio fundado... de que na próxima ida a inglaterra, e eram tantas... irias tentar consultar um médico... dado não estares descansado com o que te diziam os médicos aqui.
fizemos esse percurso meio em silêncio, o reflexo do luar na larga calçada... para irmos apanhar um táxi de regresso a casa...
igualmente passou a haver uma constância dessa mesma fraqueza e fragilidade...
e o que se anunciava ou previa... não era desejável...
lembro todos os hospitais e lugares por onde inevitavelmente passámos...
o hospital da cuf na infante santo...o hospital st. louis no bairro alto, onde esperei por notícias no final de mais uma intervenção cirúrgica a que tiveste de te submeter...
e as recorrentes idas e estadias no hospital de santa maria...
todas estas oscilações no nosso quotidiano abalam... e abanam...
sobretudo quando ao nosso redor tudo está seguro e estável...
relembro as convalescenças... e as recaídas...
assumo que o mais assustador... porque desestabilizador... foi a inconstância e a inconsistência com que periodicamente nos deparávamos...
mas relembro igualmente aquele final de tarde... mais uma sexta feira... um fim de semana que se avizinha e começa...
e recordo igualmente o jornal que religiosamente te comprava... sim, esse semanário que gostavas de folhear... como todos os vespertinos que existiam na época...
sim, nunca foste pessoa de ler os matutinos... e que estranho o que estou para aqui a dizer... jornais que já nem existem...
eo disco que nesse final de tarde comprei, antes de rumar a casa... butterfly on a wheel... the mission... que creio, nem cheguei a ouvir...
a hora de jantar que se aproxima... o carnaval prestes a iniciar...
o que sobra quando já nada sobra?
o que sobra quando já pouco ou nada resta?
o que resta quando já nada resta?
reuni os pedaços que sobram.
são estes que vivem aqui na minha memória.
que nada se perca.
recordarei sempre essa nossa caminhada solitária, após mais uma ida nocturna ao hospital de santa maria... quando me referiste o teu receio fundado... de que na próxima ida a inglaterra, e eram tantas... irias tentar consultar um médico... dado não estares descansado com o que te diziam os médicos aqui.
fizemos esse percurso meio em silêncio, o reflexo do luar na larga calçada... para irmos apanhar um táxi de regresso a casa...
igualmente passou a haver uma constância dessa mesma fraqueza e fragilidade...
e o que se anunciava ou previa... não era desejável...
lembro todos os hospitais e lugares por onde inevitavelmente passámos...
o hospital da cuf na infante santo...o hospital st. louis no bairro alto, onde esperei por notícias no final de mais uma intervenção cirúrgica a que tiveste de te submeter...
e as recorrentes idas e estadias no hospital de santa maria...
todas estas oscilações no nosso quotidiano abalam... e abanam...
sobretudo quando ao nosso redor tudo está seguro e estável...
relembro as convalescenças... e as recaídas...
assumo que o mais assustador... porque desestabilizador... foi a inconstância e a inconsistência com que periodicamente nos deparávamos...
mas relembro igualmente aquele final de tarde... mais uma sexta feira... um fim de semana que se avizinha e começa...
e recordo igualmente o jornal que religiosamente te comprava... sim, esse semanário que gostavas de folhear... como todos os vespertinos que existiam na época...
sim, nunca foste pessoa de ler os matutinos... e que estranho o que estou para aqui a dizer... jornais que já nem existem...
eo disco que nesse final de tarde comprei, antes de rumar a casa... butterfly on a wheel... the mission... que creio, nem cheguei a ouvir...
a hora de jantar que se aproxima... o carnaval prestes a iniciar...
o que sobra quando já nada sobra?
o que sobra quando já pouco ou nada resta?
o que resta quando já nada resta?
reuni os pedaços que sobram.
são estes que vivem aqui na minha memória.
que nada se perca.