segunda-feira, 25 de julho de 2016





















para o meu pai > sixth sense | eyeless in gaza


nem todos os pais são assim... eu sei.
eu sou.
aprendi contigo... 
o meu melhor aprendi contigo... o pior, sinceramente não sei... é apenas meu.
foi talvez a forma como vivi a vida... que para aqui tenha sido encaminhado...
encurralado diria eu... mas adiante... não é de amargos e ânimo leve que quero aqui falar...
quero falar dessa tranquilidade que sempre de ti emanava...
fosse em que situação fosse... e que inveja tenho...
já que cada vez mais "fervo" em pouca água...
e tem tendência a agravar-se, confesso-te...
mas é de ti que quero recordar... 
desse doce sorriso com que invariavelmente me contemplavas... sempre que me presentavas... com um monte de discos das minhas eternas e infindáveis listas...
acredito agora que por vezes não te terá sido fácil... encontrá-los.
verdade seja dita... nunca te pedia algo muito comum ou popular...
como a mãe uma vez me confessou... numa das tuas triviais viagens... percorrias tempo interminável na busca... nessa procura que eu sei, nunca seria óbvia e fácil...
mas esse teu gosto... em me ver feliz... levava-te a palmilhar... eu sei, herdei-o de ti... faço provavelmente o mesmo...
e também de ti herdei... ponho os outros sempre antes de mim... confesso... por vezes até mesmo de mim me esqueço... quando se trata do pedro e do hugo... e da carla... e quando era da mãe...
é vício meu... eu sei... mas aprendi contigo... essa felicidade de ver os outros felizes...

agora mesmo oiço o caught in flux dos eyeless in gaza... 
e isso mesmo recordo...
quando chegavas de mais uma viagem... cansado... não descansavas enquanto não vias o meu entusiasmo com o que me presenteavas... na verdade, o que te tinha sido possível encontrar de entre as listas improváveis ou mesmo impossíveis que eu te entregava...
esses sacos recheados de discos quadrados de vinil... eram a minha exaustão... e a tua serena observação...
fossem os eyeless in gaza... os test dept... os virgin prunes... ou outra qualquer banda marginal e difícil de aceder... a verdade é que nunca me decepcionaste...
regressavas sempre com tudo o que tinha sido humanamente possível encontrar... e imagino, porque o sei... as dificuldades por que terás passado...
mas dizia-lo tranquilamente que tinha sido até fácil...
e isso, creio tem um nome...
que todos os filhos sabem e reconhecem...
quando se tornam pais também...

nem todos os pais são assim, eu sei.
tu sempre o foste... e para mim sempre o serás...



quinta-feira, 21 de julho de 2016



















prazer > I saw the sun | slowdive

é sempre um prazer...
é sempre um prazer falar do que se ouve nos slowdive...
será sempre com prazer que se falará do que nos move... para ouvir os slowdive...
falar dos slowdive será sempre falar de tranquilidade... uma serenidade que por vezes chega a angustiar... e que quase sufoca, porque tolda... inquieta...
atormenta tamanha simplicidade... angustia tão imensa serenidade...
e de uma enorme dormência latente nas suas melodias... intensa...
seja que registo for...
na verdade não são assim tantos... antes, tão poucos...
daí provavelmente o seu valor... o reconhecimento de um enorme legado... mesmo que tão exíguo...
o registo comumente apelidado de I saw the sun... e que nunca chegou a ver a luz do dia... é de uma imensa qualidade... não se entendendo o porquê da sua inexistência...
sucessor de pygmalion... creio que lhe faria toda a justiça... enquanto sucessor...
entre 1995 de pygmalion e este I saw the sun com registo do ano seguinte (1996)... os slowdive simplesmente emudeceram... e desvaneceram...
e influência do brian eno é enorme... e ficou...
e por tudo o que se lhes seguiu... imagino que nenhum outro registo surja... conquanto a possibilidade exista... e seja imensa...
o legado dos mojave 3... do neil halstead e da rachel goswell nenhuma justiça fez... 
os slowdive nunca fizeram nada mal... creio, não estar na hora de começar...
regozijemo-nos com o legado que ficou e existe...
porque na verdade é suficiente...



quarta-feira, 20 de julho de 2016




melómanos também... cocteau twins e afins


por vezes não associamos...
não pensamos...
não nos passa sequer pela cabeça...
que também os músicos... ouvem música...
têm necessidade... essa necessidade...
se calhar uma maior necessidade... do que nós...
é como em tudo, em todas as profissões...
creio que em arquitectura, a generalidade dos profissionais... "vê algo"... antes de projectar...
é uma necessidade... pouco inspiradora diga-se em abono da verdade...
mas que existe... existe... e é muito mais comum do que se imagina...
a criatividade dá trabalho... 
quando é cópia... é muito mais simples... 
essa ideia da busca, da procura... de inspiração... tem que se lhe diga...
mas, voltando ao início... ao princípio...
descobri a colecção se assim lhe poderei chamar...
os discos comprados... vou-lhe antes chamar assim...
creio, ninguém fará colecção de discos, imagino eu... adquire-se o que se gosta... o que se pode... em última instância... o que se gosta muito...
ou como costumo dizer... aqueles discos imprescindíveis... sem os quais não se consegue viver... pelo menos da mesma maneira...
acredito que há discos que fazem falta... nos fazem falta... tal e qual como as pessoas... os lugares...
revisito discos... discografias... tardes... noite dentro...
gosto de lhes pegar... de os ver... saborear... 
por vezes omitindo até a sua audição...
o toque, a atenção por vezes basta... é suficiente...
outras vezes é necessário ouvi-los assim intensamente... ininterruptamente...

é, será certamente o caso do jeff buckley...
descobri acidentalmente a sua colecção... lá estou eu...
descobri os discos que ele possuía... como descobri de tantos outros... 
como o ian curtis... o john peel... mas este é de desconfiar... era profissional...
creio, não necessitava de comprar nada... tudo, mas mesmo tudo vinha ter com ele...
e assim sendo, obviamente haveria uma selecção... mas não é a mesma coisa...
quando tem de se comprar... escolhe-se... elege-se o que se quer... ter.

e no caso do jeff buckley o que surpreende... é a quantidade de discos dos siouxsie and the banshees... e dos cocteau twins... se bem que os the birthday party já me pareçam aqui mais óbvios... e enquadrados...
da siouxsie... existe quase o pleno dos álbuns... e dos cocteau twins... até surgem alguns maxi-singles... como seja o caso do this spangle maker... love's easy tears... obviamente o lullabies... (para quem tem o garlands) é evidente... porque necessário... indispensável... 
noto e estranho a ausência do peppermint pig... mas...
surge igualmente o echoes in a swallow bay... mas a ausência do tiny dynamine é igualmente enigmática...
no fundo, e bem vistas as coisas... o que são o garlands sem o lullabies... e a dissecação dos gémeos echoes in a swallow bay e tiny dynamine...







uma razão > an end has a start | the editors


deve haver uma razão... um propósito.
deve haver uma razão para eu ter colidido contra ti...
para eu ter colidido em ti...
e creio... não foi acidente...
deve haver sempre uma razão... mesmo que a razão a desconheça...

será que nos apercebemos... será que sentimos...
creio todos termos uma percepção, acerca do fim... do nosso fim...
mas será que em consciência o sabemos...
que o fim está próximo... ali, perto...
e que não vale a pena iludir-mo-nos... sequer fugirmos...
o tempo é implacável... e pouco condescendente... incondescendente mesmo, diria eu...
a natureza é absolutamente indiferente à moralidade... se só assim se pode dizer...
a natureza é cruel consigo mesma... e só assim existe... e sobrevive...
tenho consciência... sinto... que a vida um dia chega ao fim... finita em si...
e não tenho tanto a certeza... do quanto custa...
imagino quando o fim está próximo... existe um cansaço... um desgasto...
uma desesperança... uma descrença mesmo...
não creio haver lugar ao medo... antes...
o receio... dos que deixamos... para trás... ficando...
e não tenho tanto a certeza do quanto custa... custará certamente pouco...
se o esforço for já enorme... indómito...
custará sobretudo nada... se o vazio for imenso...
viro as costas... aproximo-me do leitor de cd... primo o botão de play... e a música que se inicia... an end has a start... the editors...

sexta-feira, 15 de julho de 2016













esquecimento > darkness visible | positive noise



acontece... por vezes acontece...
não é assim tão vulgar acontecer hoje em dia... mas acontece, ainda...
sobretudo com bandas que... passaram ao lado de um merecido... reconhecimento...
como foi... é o caso dos positive noise... aquando do lançamento do seu primeiro álbum...
o heart of darkness... é tudo menos um registo... anónimo...
o heart of darkness tinha tudo, mesmo tudo... para seguir as pisadas... de uns echo and the bunnymen.. the sound... entre tantos outros...
mas não... ficou-se ignoto... assim mesmo, ignorado pela generalidade dos melómanos...
e sempre correu numa divisão inferior... até à dos magazine... modern english... e tantos e todos os outros que não tiveram o reconhecimento merecido...

heart of darkness... é tudo menos um registo... anómalo...
heart of darkness tinha tudo, mesmo tudo... para ser grande... porque bom em demasia, para poder ser ignorado... esquecido em prateleiras poeirentas de discotecas que já não existem...
num cruzamento perigoso entre modern english... e os adam and the ants... mas que sempre foram muito melhores e imerecidamente grandes...
a sua importância resumiu-se a não terem alguma... nenhuma importância...
tanto assim que o disco... digo bem... o disco de vinil... nunca disso mesmo passou...
um registo esquecido... improvável... impossível mesmo de exigir... que não desejar a sua reedição...
foi um disco que nunca viu a luz do dia em formato compact disc... e perguntem porquê...
a resposta se existir... que duvido... repousará sempre na editora que o fez surgir...
apenas para que se perceba... a statik records apenas autorizou... ou terá sido o inverso...
apenas a inglaterra... frança... itália, japão obviamente... alemanha e estranhamente a grécia, se interessaram pela sua edição... 
sendo que mesmo a original inglesa... era feita em frança...
estará provavelmente tudo dito...
















num outro tempo > somesay | wah!


num outro tempo...
num outro tempo que não este, agora.
quando o tempo permitia tempo... 
e passava... corria vagarosamente...
por tudo o que ficou lá atrás... no tempo... que passou e entretanto se perdeu...
por tudo o que ficou por dizer... por tentar fazer... simplesmente...
sobretudo porque o que passou não regressa mais... gastou-se... desvaneceu-se assim a possibilidade... de retomar... emendar ou recompor momentos... reviver lugares... pessoas...
recordo melodias electrónicas e foleiras que foram também elas contemporâneas de tempos assim... ingénuos e vagarosos... 

recordo a dona ester... professora de piano... e o seu silencioso marido... o sr. lopes... que zelosamente cuidava do seu simca aronde... como se do melhor carro do mundo se tratasse...
relembro as brincadeiras em torno do jardim... as bicicletas verde e vermelha... a minha... que foram sucessivamente perdendo peças... e ganhando graça e arrojo...
as saídas intempestivas pela janela do quarto... que haveria de um dia se tornar famoso... não apenas pelas mutações e pinturas... e adereços... mas acima de tudo pelas atmosferas sonoras que daí emanavam...
fosse o pornography dos cure... o closer dos joy division... o heaven up here dos echo ou e porque não... o nah=poo the art of bluff dos wah!... e o from the lion's mouth dos the sound... até mesmo o sleep no more dos the comsat angels... e o sulk dos the associates...
todos eles testemunhas de uma cumplicidade... uma inocência feliz e despreocupada... que se viveu naquela rua calma de árvores altas... que cantavam ao vento forte de noites de insónia...
e música por fiel companhia... quando os carros ainda eram lentos e desajeitados... as mulheres elegantes e distantes... 
foram tempos gratos... felizes e descontraídos... isentos, de tensão... quando o tempo parecia durar... e bastar para tudo o que imaginasse...
havia um fosso... de gerações... e de sexos... 
havia lugar ao desejo... ao imaginário... mas também à proibição...
existia uma inibição latente... e um silêncio próprio e perverso...
a música silenciava... ajudava a preencher as lacunas... sobretudo as distâncias... e o handicap do tempo... que também algum isolamento e solidão...

na minha velha rua... com a minha melhor roupa...
enquanto aguardo que o meu ipod inicie a melodia que agora mesmo pretendo ouvir... e que sempre associarei a esta rua da minha infância... e que deve ser sorrow... dos the national... pela alegria... também pela solidão... sobretudo pela felicidade e tristeza... mas mais do que tudo, por todas as pessoas que igualmente comigo habitaram em algum momento aquele espaço... e que já não voltam...



quarta-feira, 13 de julho de 2016





















vazio > you never knew me | magazine


vazio... 
pleno... cheio, de nada...
vazio mesmo...
como que em vácuo...
o pensamento que divaga... assim como que oco...
esvaziado de emoções e sentimentos...
vazado. carregado de nada... assim despejado... exaurido e descarregado...
em última instância... a abarrotar de... nada.
esvaziado mesmo. sem conteúdo.
como se nada... se já nada existisse.
nada, mesmo nada importasse.
porque vazio... esvaziado de sentido...
e dito assim agora mesmo escrevo o que mesmo agora oiço... you never knew me dos magazine... 
como se nada... ninguém... nunca entendesse... me entendesse...
dito de outro modo... o afinal significando basicamente o mesmo... 
nem mesmo eu...

vazio... vazado...
esvaziado de qualquer sentido...




quinta-feira, 7 de julho de 2016





















por vezes > gone... like the swallows | and also the trees


às vezes... por vezes também é... foi assim...
como que uma empatia... uma fé...
numa imagem... num nome simplesmente...
com os and also the trees diga-se em abono da verdade, não foi totalmente assim...

já tinha lido numa revista zigzag um pequeno artigo de última página a referir-se à sua intrigante música...
e às inevitáveis comparações... 
mas o que me chamou mesmo a atenção... para lá da fotografia a preto e branco... do nome da banda... foi mesmo o produtor... laurence tolhurst... e a digressão que andavam a fazer...em que companhia...
havia uma omnipresença dos the cure que me intrigou... e decidi investigar... corria o ano de 1984...
mas quando deparei com as capas dos seus discos... qualquer dúvida ou hesitação... como que se dissipou...
sobretudo quando peguei pela primeira vez no virus meadow... e nessa capa gatefold sleeve... como dizem os ingleses...
as imagens... o cuidado do design... a luz das fotografias... até mesmo o tom sépia... sobretudo a imagem principal... da natureza morta e da reflexão da luz na parede... mas igualmente a simplicidade da contra-capa... e a serenidade da imagem interior... um violino em contraluz...
obviamente que a música que continha era simplesmente deliciosa... soberba mesmo... a começar logo pela abertura... slow pulse boy... uma pulsação mágica e repetitiva... 
e todos os seus meandros... maps in her wrists and arms... the dwelling place... mesmo vincent crane... jack... e porque não the headless clay woman... e culminar no gone... like the swallows...

por vezes... às vezes há momentos assim... 






desesperança > a idade e o john peel 


não, não se enganem... não é da idade do john peel a que me refiro...
nem tão pouco da sua provecta idade...
aquando da sua morte...
que não da sua idade... mas sobretudo da sua sabedoria e experiência...
acima de tudo por ser versado... no que sempre amou...
a música pop...

apenas me confunde... 
essa vontade da descoberta... da novidade...
essa exaustiva perseguição... pela descoberta... pelo novo.
confesso... à idade a que entretanto cheguei... deixei... de ter paciência...
mais do que paciência...
existe em mim mesmo... uma desconfiança... com o novo...
essa novidade que por vezes soa a bafienta... e devolve à memória sons que já existiram... e muitos dos quais já nem farão algum sentido hoje em dia...
claro... dirão alguns... é óbvio... agora tenho que me redimir... 
mea culpa... mea maxima culpa...
ainda outro dia não me cansava de falar dos cemeteries... e não canso...
não é deles falar... mas sobretudo de os ouvir...
não lhe chamarei propriamente uma descoberta... antes um feliz acaso... um acidente mesmo...
digamos que tropecei neles... por acaso...
mas a verdade, essa é mais dura...
é que efectivamente não os procurava... assim exaustivamente como muitos...
como eu próprio o era antes... 
findou esse frenesim pela descoberta... pela novidade...
vivo e convivo bem com o que já adquiri em matéria de música.
não é que dê o assunto assim por encerrado... simplesmente... a novidade não é assim tão nova.
e já não há tanto interesse na sua procura... descoberta ou perseguição...
há que saber aguardar... pelo que poderá despontar interesse...
assim sendo imagino o coitado do john peel... e dessa ânsia constante...
pela busca... essa galopante procura da novidade... que entontesse... e que por vezes leva até por caminhos mais inseguros... exactamente porque recentes...
até porque o que aqui se tratava... era sobretudo não apenas uma inocente paixão, mas tão simplesmente o alimentar de uma profissão... a sua... que o obrigava a uma audição contínua e exaustiva... que creio, obviamente colidia com a simples vontade... de ouvir.
em momentos assim diz-se e conta-se essa paixão inexistente... que alguns dias mais tarde provavelmente de muito nos arrependeremos...
agora busco serenamente a tranquilidade do que reconheço...
e afasto-me dessa ávida busca de ser o primeiro... 
porque efectivamente neste caso de nada vale ser o primeiro perseguidor... 




segunda-feira, 4 de julho de 2016





















abençoada melodia > once blessed | martyn bates


hoje fui por aqui... assim, sem razão nenhuma...
peguei em dois ou três discos dos eyeless in gaza e do martyn bates... e fiquei o dia inteiro a ouvir...
as compilações da sub rosa são consistentes... mas muito semelhantes...
é quase indecifrável... por vezes fundem-se mas músicas mesmo...
sendo inconfundíveis... chegam a confundir...
your jewled footsteps para a obra solitária do martyn bates... e plague of years para os eyeless in gaza...
em tudo semelhantes... desde as fotografias... o grafismo... as embalagens dos discos... mesmo as melodias... 
verdade seja dita... martyn bates habita os dois lados... e creio não cometer nenhuma inconfidência se disser que peter becker também...
o outro eyeless in gaza toca... produz e ajuda na generalidade dos discos a solo de martyn bates... o que os torna... singulares... porque semelhantes...
e são ambos igualmente estranhos... distantes e distintos... da mediania sonora que por aí habita...
isso obviamente afasta-os de uma maior exposição... e ouvintes...
mas creio... nunca foi esse o principal motivo... que sempre os moveu...
senão oiça-se once blessed... e sintam-se abençoados...

sexta-feira, 1 de julho de 2016













sem espírito > exit strategy | john foxx

não queria falar mais...
não desejava.
por vezes é assim, também é assim...
existem parecenças... semelhanças...
existe sobretudo algo que nos remete para outra imagem... outra ideia... mesmo outro tempo...
vou chamar-lhe assim só... evolução... condicionada.
porque na realidade nem sequer há lugar a evolução...
existe uma continuidade... que se torna singular...
a familiaridade impede... condiciona, a apreciação...
hoje... ontem...
os fantasmas são assim... pululam e persistem por aqui... permanecem.
sejam os joy division na forma dos disco inferno... dos section 25... até mesmo dos the wake... 
a verdade é que uns remetem para os outros... e outros ainda... 

porque também deles se trata.
porque também é deles que se trata.
dos dead can dance...
que melhor registo após closer... do que o 1primeiro álbum dos dead can dance...
sim... esse ainda sem título... com aquela imagem da máscara penetrante...
sim, aquele ainda próximo de tudo... porque próximo de closer...
sim, aquele aonde closer ainda reina sobre todas as influências étnicas e degenerativas... em que se haviam de tornar... assim sublimes e universais...
aqui ouvem-se ainda os fantasmas da revolução industrial... dos bairros degradados... das pessoas marginalizadas e marginais... das diversas e divergentes classes sociais... das discriminações... do racismo... e das ilusões...
sobretudo de todas as desilusões...

disco maior onde convergem melodias tais como... the fatal impact... the trial... frontier... fortune...wild in the woods... musica eternal... melodias maiores de um mundo que glorificava ainda o subúrbio... como a suprema expressão do sublime.

mesmo antes de todos se virarem e visarem o mundo como uma nova entidade... étnica... universal... e cristalina.
num futuro muito inseguro... adolescentes com a vida suspensa e hipotecada... em subúrbios industriais... de edifícios enormes e sujos... herdeiros de famílias truncadas... sem outra esperança que não...
exorcizar os seus pensamentos... alimentar um futuro que dificilmente virá a existir...



















e se a música toda se resumisse numa imagem só | edward hopper


e se a música toda se resumisse numa imagem apenas. 
como os quadros desolados de edward hopper.
lowlife... joy division... durutti column... july skies... felt... harold budd... new order até... e por vezes cocteau twins... comsat angels... cure... sei lá, piano magic em algumas ocasiões... no-man... eyeless in gaza obviamente... entre tantos outros passíveis de enunciar... motorama mesmo, cemeteries obviamente... lisa gerrard... 
nomeados assim, sem qualquer pretensão que não... o vazio... o desconforto... a tristeza mesmo que de todos emana...
essa mesma tristeza que incomoda... arrepia... e trespassa...
devolve a memória... de coisas boas... coisas menos boas... preenche.
imaginar os festivais de verão... que agora se iniciam... e onde as melhores bandas provavelmente ficam desconfortáveis... imagino.
porque sempre as imagino assim solitárias... junto a mim... neste quarto encerradas...
como se de um quadro de edward hopper se tratasse... assim enigmático... onde a solidão existe mesmo...
oiço hoje... motives for writing... e no testament, cd single saído desse mesmo álbum...
como já devem ter adivinhado, obviamente que falo do wim mertens...
e creio que é a primeira vez que aqui falo do wim mertens...
mas que tem tudo a ver...
até porque provavelmente é o motivo por eu ter escrito isto.
porque mais não seja. já o é.