sexta-feira, 30 de janeiro de 2015





















faça-se silêncio > para se ouvir os magazine



faça-se então silêncio...
para se falar dos magazine.
e desse colosso que foi... e é secondhand daylight.
disco coeso... bruto e brutal...
porque incomoda... porque tudo mexe... 
não é um disco apenas. é um filme sublime...
uma fotografia... o imaginário que dispara...
e deixa o pensamento fluir... nesse abandono mental...
que tudo permite. 
e o som só, apenas... tudo envolve... 
e memórias devolve... assim... dispersas.. expressas...
que trazem à boca os sonhos gastos... 
que mais não são do que memórias... de vidas que já não existem...
mas regressam assim... sempre... que se ouvem discos e melodias como estas...
secas... cruas e reais... 

assim sendo faça-se silêncio...
para que as memórias assolem... e tudo removam e revolvam...
nessa revolução sonora... calma e até por vezes silenciosa...
que a espaços deixa espaço para melodias como esta que agora mesmo me acompanha e oiço... back to nature... 














um dia, o dia chegará > angel | wolfgang press


um outro dia.
como um qualquer outro dia. 
a diferença reside apenas nos sons que acompanham o dia... este.
este mesmo dia em que o som pertence aos wolfgang press.
essa banda que estranhamente pertence ao passado...
porque esquecidos. 
é estranho este silêncio. que cerca algumas bandas...
o que dizer hoje dos wolfgang press... dos lowlife...
sobretudo o escandaloso  esquecimento a que os magazine foram devotados.
não está ao alcance do qualquer um construir discos como...
secondhand daylight... standing up straight... diminuendo...
custa... a ignorância... que afasta e esquece...
deixa assim ao abandono esses sons... que merecem ser ouvidos...
devem... porque os sons não devem ser remetidos ao silêncio.
o silêncio é importante. demasiado importante diria mesmo.
faz parte integrante da música... que o diga o david sylvian...
mas músicas assim não devem nunca...
ser votadas ao esquecimento... porque ao silêncio...
é estranho apenas... mas por vezes chega a ser triste até.
assim sendo retiro-me para um outro dia...
para o dia onde ainda se ouvia falar dos magazine... dos lowlife...
mas sobretudo de angel... dos wolfgang press...
















ainda no princípio > smoke signals | houses



aqui, como no princípio...
como num precipício onde me debruço...
o tempo passa e corre... em direcção oposta à nossa...
o que só pode ser desfavorável... digo eu...
e  o tempo tudo torna... e transforma...
porque o tempo tudo molda... modifica.
mesmo o pensamento. até a ausência.
a dor. e o sofrimento.
esquecimento, não... nunca se esquece...
amortece-se... molda-se... habitua-se a dor.
e por vezes até esse vazio que se sente... como saudade.
e também aqui... sobretudo para aqui...
para momentos...
para pensamentos assim... como estes... 
em dias melancólicos como estes...
e então as músicas tornam-se óbvias...
a touching display... dos wire era uma hipótese...
gone.....like the swallows... dos and also the trees outra...
até talvez e porque não... yesterday dos slowdive... esta menos óbvia...
mas ainda assim cinzenta e escura...
mas para dias como o de hoje... nada se compara...
nada se lhe compara... 
smoke signals... houses.


quinta-feira, 29 de janeiro de 2015



também no princípio > the october man | bill nelson


é sempre assim. quando se começa algo.
existe um entusiasmo, uma vontade.
e esse frenesim ajuda... ou perturba. 
falarei hoje desse majestoso disco que é... the love that whrils...
bill nelson no seu máximo apuro... esse diary of a thinking heart... consolidado... uno...
a primeira vez que o vi... e ouvi... foi em casa do zé paulo...
nesse quarto minúsculo do pequeno edifício do bairro dos actores...
onde invariavelmente nos reuniamos para ficar assim só a escutar...
todos esses discos novos que chegavam de inglaterra e preenchiam os nossos sonhos... e tiravam o nosso sono.
éramos três por vezes quatro... e o rumo das conversas... que não discussões...
sempre passavam pelos mesmos assuntos... 
os discos que tanta ânsia e desejo originavam...
e tanta e tão intensa conversa despoletavam...

nesse quarto pequeno e sombrio onde tantas bandas e músicas descobrimos...
tanto tempo investimos... e tanta esperança confirmou...
nesses discos encomendados a partir de audições... opiniões... sugestões.
agora, na distância... sei o quanto importante se tornaram...
consolidando conhecimento... 
mas sobretudo nunca caíndo no esquecimento.   

terça-feira, 27 de janeiro de 2015
















no princípio > a light far out | the wake



não era para ser assim. de modo algum.
era para ter continuado no outro... o outro.
agora inexplicavelmente parado... assim como que perdido algures no tempo.
acreditem... ainda tentei... reactivá-lo... dinamizá-lo.
mas estava... esteve sempre assim... silencioso.
mas adiante...
vim aqui para recomeçar... começar de novo.
um início que não sendo novo... o será.

mas comecemos pelo princípio... porque é pelo início que se deve sempre começar... diriam alguns.
hoje deu-me para aqui... sabe-se lá porquê.
podia falar dos durutti column que tanto tenho ultimamente ouvido... mas não.
falarei... falo dos the wake...
e desse sereno e belo disco que é a light far out.
sim, eu sei... escusam de o dizer...
os the wake eram suburbanos... sim... tal como tantos outros... Glasgow dirão os mais entendidos.
mas as melodias sempre foram assim... calmas... tranquilas.
existe nestas melodias uma total ausência de esperança...
que não desespero ou sofrimento... 
resignação apenas...
que nunca desaparece. porque fica sempre.
assim impregnada nestas músicas... nestes sons... na voz... nas palavras mesmo.
stockport... a light far out... the sands... apenas encontram paralelo nesse outro majestático disco...
chamado here comes everybody... onde repousam pérolas como... o pamela...
send them away... torn calendar... all i ask you to do.
assim serenas como um tranquilo passeio de uma tarde solarenga de domingo.
nem que seja para ocupar o tempo sem destino...
como as raparigas da fotografia... que descansam no jardim... fruto de um passeio de fim de semana. 
e provavelmente  suburbanas  diria eu...