quarta-feira, 27 de março de 2024

o local do crime > velvet | the big pink




o local do crime > velvet | the big pink



foi propositado. sim, foi de propósito. 
os dois anteriores textos tem em comum uma imagem do jeanloup sieff a acompanhá-los.
foi propositado, foi intencional.

foi propositado. sim, foi de propósito. foi intencional.

também nunca antes havia reparado.
mas quando estava num processo de escolha e selecção de imagens, aconteceu.
procurava entre fotografias do jeanloup sieff... por registos para ilustrar um texto e mesmo um powerpoint... quando me deparei com esta similitude.
havia registos de sessões fotográficas nos mesmos lugares, neste caso concreto, no mesmo quarto. que continham imensas semelhanças.
não sei se os registos foram feitos na mesma sessão... se em momentos distintos.
não é no entanto vulgar, um fotógrafo recorrer ao mesmo lugar, sobretudo à mesma cena e encenação, até luz... para fotografias distintas. sobretudo com modelos diferentes.
o espaço está invulgarmente idêntico... nada foi alterado, não existiu alguma preocupação com toda a envolvente, nenhuma. simplesmente está tudo no seu lugar. 
no mesmo lugar, em ambos os registos. 
as peças estão nos mesmos lugares, cirurgicamente nos mesmos lugares... intocáveis e intocadas... apenas a luz e o sol divergem... e alguns papéis que estavam pousados na escrivaninha...

uma das fotografias é inclusivamente a capa de um dos seus diversos livros... faites comme si je n'étais pas là... que eu tenho pousado numa pequena mesa na sala. 

e quem diz que o criminoso volta sempre ao local do crime que se desengane...
é que regressa mesmo...



terça-feira, 26 de março de 2024

agora > roman holiday | fontaines dc






agora > romain holiday | fontaines dc


agora já não tenho dúvida alguma. nenhuma.
os fontaines d.c. são os bauhaus do século XXI.
se alguma dúvida restasse, bastaria ouvir hurricane laughter para as dúvidas se dissiparem. e a certeza se instalar.
em tantas melodias ecoam os fantasmas de in a flat field e mask... em ambientes e guitarras demasiado óbvias para não ser possível a indiferença ao som dos bauhaus
os fontaines d.c. não são punks... embora por vezes o pretendam, ensaiem e assumam.
o punk já não existe... já não é uma possibilidade...é antes uma improbabilidade
atitudes desviantes apenas são singulares e autónomas hoje em dia... já não existe pretenso movimento... sobretudo porque já não existe uma unidade e um descontentamento generalizado que o justifique. a juventude actual está mais empenhada em arranjar um emprego e em tentar ser bem remunerado... para se poder reformar o mais breve possível.

ou seja... os fontaines d.c. neste aspecto estão sozinhos e isolados... se é que o estão, ou são.
praticam uma música povoada de fantasmas da new wave... onde indiscriminadamente circulam os espectros dos the cure... os bauhaus... siouxsie & the banshees... e tantos outros descontentes e rebeldes, inconformados com a sociedade que lhes foi contemporânea nesses idos anos de 70 e 80 do século passado...
agora... agora é outra história... porque são outros tempos... 

ou seja... os fontaines d.c. inicialmente praticavam uma música suja e crua... sobretudo mal produzida, se calhar até intencionalmente mal produzida... para se assemelharem a bandas mais punk... mas a essência creio, era mesmo a new wave... e o pós-punk... e talvez nem eles ainda o soubessem.
a rebeldia avulsa é isso mesma... avulsa. e aí fica.
não é um movimento... que toca e contagia... e que evolui e avança...

ou como diziam os the sisterhood...
we forgive as we forget...


segunda-feira, 25 de março de 2024

vida normal > indexed to impulse | future conditional





vida normal > indexed to impulse | future conditional


sinceramente não ganho nada com esta conversa, só nervos... disse prontamente a rapariga, provavelmente numa derradeira tentativa de pôr fim à mesma.

a situação era delicada... a discussão havia escalado... e estava tudo descontrolado. sentia-se um enorme desconforto no ar.

os tubarões haviam infestado todo o espaço. era hora de partir... e tudo deixar para trás, num impulso de sobrevivência...

a noite programada... havia-se extinguido... as propostas e perspectivas eram agora nulas, restava regressar a casa e tentar adormecer sózinho... como tantas e quase todas as noites.

havia sido uma noite frustrante... não era suposto este grau de tensão... antes, era suposto uma noite descontraída e de diversão... e agora ali estava eu, sózinho e sem perspectiva de uma noite melhor.

sinceramente não ganho nada esta noite... apenas me enervo mais...

vou fazer uma vida normal.