subúrbios > what does not destroy me | piano magic
imagino-te assim... assim mesmo...
insegura, pouco à vontade... a tentar ficar segura... em segurança.
não querendo revelar intimidade alguma... nenhuma.
distante... longe de qualquer cumplicidade que possa... tornar tudo ainda mais inseguro...
é assim que te imagino... hesitante... indecisa mesmo...
sem querer ficar em causa. que nada pretender partilhar...
que nada quer mostrar... que apenas essa incómoda insegurança...
que tentas a todo o custo encobrir...
sim, sempre o soube...não és pessoas de te expores... demasiado recatada... a não ser... quando alguém interfere no teu espaço...que sempre foi demasiado escuro e pequeno... onde apenas entra quem tu decides e desejas... e nada desejas...
perguntaste-me o que gostava de fazer naquela tarde amarelecida de inverno... e disse-te que gostava de te fotografar... simplesmente captar aquele momento em que te revelaste frágil... e obviamente nem mesmo isso me permitiste...
as fotografias tuas que tenho... são apenas tímidas memórias...
porque para ti tudo é demasiado perigoso... demasiado arriscado.
para ti tudo é obscuro, indeterminado...
e nessa hesitação onde te posicionas e vives... tudo se assemelha a vago... incerto, inseguro digo eu.
sim, eu sei... dizes sempre que tudo é instável e arriscado... que não gostas de te expôr.
sim, já te vou conhecendo... acredita.
essa insegurança e fragilidade muito próprias... que tu tentas sempre proteger com a distância e uma frieza calculista...
ainda recordo aquela tarde em que distraidamente te toquei ao de leve na mão... e o quanto ficaste incomodada...
se pensar melhor, creio que até te agradou... mas havia que tentar evitar... a todo o custo proteger essa distância... não comprometendo assim o teu isolamento...
e nessa reserva e afastamento ninguém ficar ao teu alcance...
a cidade verdade seja dita, trouxe-te pouco... deu-te alguma urbanidade que não vivência... e, creio, acelerou o teu tão desejado isolamento...
imagino-te ainda assim... assim mesmo.
numa existência rotineira e fria...
habitando um qualquer subúrbio ignoto... onde os sons que proliferam só podem ser oriundos de what does not destroy me... piano magic...
e cuja letra repetida à exaustão, simplesmente reza assim...
what does not destroy me can only make me stronger...
e onde os sonhos dispersos não existem mais...
imagino-te assim...
é assim que ainda te imagino...
sempre te imagino.
imagino-te assim...
é assim que ainda te imagino...
sempre te imagino.