oiço nada > transit | pieter nooten
não oiço nada.
não oiço nada. que se lhe compare.
esta música parece infindável... penetrar em todos os póros e recantos em mim.
são melodias assim, demasiado viciantes... que tudo preenchem e proporcionam...
o pieter nooten tem essa magia, essa destreza e capacidade... de nos obrigar a deixar tudo o que estávamos a pretender fazer... para simplesmente nos dedicarmos a tudo o que ele fez e faz.
nunca deixa no entanto de ser surpreendente... de nos surpreender...
mesmo que a eficácia e destreza se mantenham e permaneçam... sobretudo a sensibilidade e fragilidade... algo de inesperado surge e está lá... e gera um efeito de surpresa.
todas estas melodias são demasiado frágeis para carregar... mas envolvem-se em nós... entrelaçam-se e não nos permitem, a possibilidade sequer... de algo mais realizar. do que isso mesmo... escutar.
e obrigam a renunciar a tudo o que é e passa a ser supérfluo... transitório... efémero e desnecessário...
existe aqui uma delicadeza perene... que tudo transforma e toca...
existe nestas melodias uma fragilidade... uma sensibilidade e tristeza tocantes...
embora as melodias sejam sempre poderosas e fortes... mas a melancolia que emana é e torna-se... um ciclo viciante... que nada permite...
oiço nada...
porque mais nada oiço...