domingo, 27 de outubro de 2019





















no topo > charlotte sometimes > the cure


surgiu uma surpresa... uma playlist de robert smith... com as suas escolhas pessoais das, na sua opinião... melhores músicas dos anos 80...
as grandes surpresas... na minha opinião são... as melhores que tanto me surpreenderam... e as surpresas no mau sentido... 
nas boas surpresas, a melhor mesmo é a eleição de tell me easter's on friday... dos the associates.
grande... grande... enorme surpresa.
se já a escolha dos the associates é uma bela surpresa... a nomeação dessa belíssima e difícil melodia, porque diferente melodia. nos the associates tende-se a dar grande destaque às músicas mais imediatas... e óbvias... esquecendo-se temas como q quarters e white car in germany... a matter of gender... a par do incontornável tell me easter´s on friday...
dito de outra maneira... não é uma escolha óbvia na vasta discografia dos the associates.
nem mesmo a nomeação, uma enorme surpresa.

o the eternal dos joy division parece mais consensual... apenas talvez ensombrado pelo decades... mas parece mais evidente. um clássico e uma referência do início dos anos 80.
também referida a mais que óbvia the killing moon dos echo & the bunnymen... outro clássico... o clássico como diria ian mcculloch...
de estranhar a ausência de qualquer tema dos the smiths... 
mas mesmo mais rude, inusitado e estúpido... é a referência de dear prudence... versão dos the beatles pela mão de siouxsie and the banshees... quando tão bons temas originais têm...  e onde o próprio robert smith militou num par de discos...
o mesmo se aplica aos soft cell com o tainted love... só que neste caso os bons originais não abundam...
quanto à maioria das outras eleições... algumas abstenho-me de comentar... de tão surpreendentes e desviantes que são...
cito apenas e com imenso pudor... abc...  bananarama... embora por lá igualmente passem citados os cocteau twins... daf, boa surpresa... the psychedelic furs... e os new order com everything's gone green.

não deixa de ser surpreendente que as escolhas pessoais de um músico influente e sólido constructor dos anos 80... refira-se apenas o seventeen seconds... faith e pornography... 
nunca esquecendo o charlotte sometimes... que a par de tell me easter´s on friday e um punhado de outros singles... são porventura o expoente máximo do que se desenhou musicalmente nesse prolífica década...

sábado, 26 de outubro de 2019



hesitação > england´s always better (as you´re pulling away) | piano magic


hoje decido-me a ouvir canções... meras e puras melodias, que não discos inteiros...
assim sendo tenho de pensar um pouco... são tantos os temas elegíveis... que hesito.
é que no meio de tanta hesitação... sinceramente já não sei o que ouvir...
hesito... hesito entre os curve... os black marble... os piano magic... os slowdive... e os the national...
alguns evito mesmo... mesmo quando hesito... para minimizar as escolhas, que por vezes não se tornam fáceis...
se me decidir pelos curve... estão a ver, novamente hesito... entre o signals and alibis... e o cuckoo...
nos black marble, aqui não há grande hesitação... não tenho grandes dúvidas...
a escolha recairá apenas sobre o a great design ou woods... mas também aqui a decisão não será fácil...
com os piano magic a complexidade aumenta... são tantos os temas possíveis... e passíveis de nomear...
wrong french delicada e soturna... o portento que é crown estate... a delicadeza de disaffected... i must leave london... frágil e vulnerável porque fria e violenta... música que tendo a associar ao filme irreversível, sendo este no entanto mais brutal...
you never loved this city... the blue hour mais agressivo e... o perturbante life has not finished with me yet... ou essa elegia chamada england´s always better (as you´re pulling away)...
com os slowdive passa-se exactamente o mesmo... a dúvida instala-se... a indecisão... ouvir a nova no longer making time... o incontornável clássico golden hair... machine gun... alison... when the sun hits... que raiva... tantos e tão bons temas... a quase totalidade de pygmalion...
os the national... até enervam... ter que decidir... eleger um tema apenas...
aqui não haverá grandes dúvidas... lugar para grandes hesitações... sorrow é impossível de bater... mesmo que existam temas como conversation 16... anyone´s ghost... afraid of everyone... so far so fast... quiet light... e light years... tão perto da perfeição de sorrow...
e sem me decidir... decido... ouvirei o silêncio de england´s always better (as you´re pulling away)... o sorrow dos the national e logo de seguida o no longer making time... slowdive novamente no apogeu.




quarta-feira, 23 de outubro de 2019

de rompante > into you like a train | the psychedelic furs



















de rompante > into you like a train | the psychedelic furs

podia ter sido ontem... mesmo anteontem...
aconteceu hoje...
recebi um telefonema inesperado pela manhã. inesperado, porque sinceramente não estava à espera... era um singelo e inusitado convite para beber um café... pouco usual em mim... ao qual estranhamente anui...

logo no nosso primeiro encontro a sós... surpreendeu-me. decidida e definitivamente, surpreendeu-me.
ainda os cafés tinham acabado de chegar à mesa... e já me confessava que tinha comprado uns sapatos novos... para a ocasião...
indagou o que eu achava, estendendo um pé na minha direcção...
sinceramente fiquei, sem palavras... não imaginava...
nunca atribuíra qualquer significado aquele casual encontro... 
nunca desejei demonstrar qualquer importância aquele telefonema... fora mera cortesia... uma questão de educação ter marcado aquele encontro ao final da tarde.

agora perante esta situação... e assim sendo, baixei o olhar e simplesmente disse que eram muito bonitas as sandálias novas... e ainda incrédulo... indaguei se não lhe faziam doer os pés...
sorriu...e disse, não!... um não afirmativo em que desejei acreditar...
em seguida disse-me onde as havia adquirido... o número que calçava... e chegou mesmo a  insinuar o preço...
num esforço para tentar mudar o rumo da conversa... abri o fecho da bolsa central da minha mochila... e do interior retirei um disco recém comprado... e depositei-o em cima da mesa... 
e confessei que aquele simples disco metálico estava a mudar a minha vida. desde há muito tempo que um amontoado de música, não tinha tanto significado para mim. era urgente simplesmente ouvir aquele registo...
e assim sendo depositei-o nas suas mãos, não sem antes referir... acho que também devias ouvir...
ao que ela respondeu...
efectivamente não conheço, mas se fôr tão bom como aquele que há alguns anos me emprestaste... sem dúvida que deve ser precioso...
sabes... nunca te confessei... mas o disco dos july skies... chegou mesmo a assustar-me...
a sério. passei noites em branco... simplesmente na urgência de o ouvir. repetidamente... não conseguia parar de o escutar... viciante mesmo de tão bom que era... e é ...
agora se me dizes e aconselhas este barrow dos cemeteries... sinceramente, hesito... ou evito.
não sei se estou disponível para uma nova experiência tão intensa.

sorrindo, levantou-se e calmamente disse...
para lá das ideias do certo e do errado, há um campo.
encontramo-nos .


em bicos dos pés > can you hear them sing? | cemeteries


perdoem a insistência...
creio que de outra forma isto não vai lá... não vai a lado nenhum.
conseguem ouvir? conseguem-nos ouvir...
basta alguma disposição... e sobretudo tempo.
não, não confundam... não é preciso persistência... tão pouco insistêcia...
algumas pessoas têm tendência a exagerar... a oferecer resistência.
não há como oferecer resistência... alguma, nenhuma. mesmo...

é como simplesmente começar a ouvir o victorialand dos cocteau twins... e deixar correr o disco... e fluir a música...
simplesmente as melodias do robin guthrie e do simon raymonde... verbalizadas na voz da elizabeth fraser... nesse portento registo do distante ano de 1986... e tudo se torna natural porque estes registos se fundem e viciantes se tornam parte de nós.
o mesmo se aplica ao gone to earth do david sylvian, curiosamente também nado no mesmo ano de 1986... ou ao translucence + drift music do john foxx e harold budd... registo de 2003...
com os cemeteries é igual... fundamentalmente igual...
é simplesmente deixar discorrer o álbum barrow... e isso mesmo... percorrer e vaguear naquelas sucessivas melodias... que acreditem, jamais as queremos ver interrompidas...
comecem pelo princípio... que é por onde se deve começar sempre... procession... que se liga a nightjar... e assim por diante... luna (moon of claiming)... lá está, can you hear them sing?... cicada howl, sucessivamente, i will run from you, empty camps... o incontornável sodus... para tudo terminar em our false fire on shore...
e tudo, tão pouco parece...

perdoem a minha resiliência...








urgência incontrolável > transit | pieter nooten



por vezes surgem... existem músicas assim...

por vezes iluminam-se as mentes... de alguns eleitos... sim, esses que vivem e passam ignotos pelo universo musical... e quem sabe... talvez algum dia, quem sabe... recebam o reconhecimento que creio sempre lhes foi merecido...

é o caso aqui também... o pieter nooten tem uma discografia simplesmente sublime... devotada a uma essência e a um existencialismo... muito próprio...
discreto na sua essência... tem vindo a aproximar-se de um registo próximo do universo do david sylvian... e até alguma fase do john foxx... muito etérea e ambiental... demasiado pessoal... para alguém poder reparar...
senão repare-se no percurso anónimo de bandas como os july skies... os epic 45... os snowbird... cemeteries... houses... still corners...i break horses... e tantos e todos os outros que incógnitos e ignorados atravessam o universo musical...
quem na realidade é conhecedor da vasta obra do howard devoto ou mesmo do vini reilly... anthony reynolds... robin guthrie...ou kyle j. reigle...
e fico-me por aqui, simplesmente para não ver ninguém corar.
por vezes a ignorância fica-nos bem... serve o propósito...
não é o caso aqui... 
existe uma urgência incontrolável para se descobrir e divulgar outras maiores como estas destes autores ignotos...

que de desconhecidos nada deveriam ter...





terça-feira, 22 de outubro de 2019









cerimónia > marry me (lie! lie!) | these immortal souls



um compromisso é um compromisso. sempre.
um compromisso é sempre um compromisso. para manter.
para respeitar.

um casamento é sempre um casamento... dizem alguns, dizem quase todos...
um casamento é antes de mais, uma celebração... uma cerimónia.
que se quer solene, eterna... para sempre...
enquanto há vida... ou muito simplesmente, enquanto durar.

as juras e promessas eternas... nem sempre resultam ou resistem...
o mundo é gigante e diverso... por vezes tentador e perverso...
assim sendo desenganem-se os que acham que enganam...
simplesmente equivocam-se... simulam e aceitam o engano.
um casamento é um cerimonial... humano, logo diverso e nem sempre convergente...











sexta-feira, 18 de outubro de 2019






















talvez > maybe someday | richard butler


a princípio não parecia.
mas o nosso encontro casual, foi frio... seco... muito formal e distante... morno na melhor das hipóteses, especialmente para o tempo entretanto passado em não mais nos contactámos...
imaginei-a tensa... expectante... pouco faladora.
estava de uma elegância altiva, que sempre teve... mas um pouco cansada, talvez... e aparentava agora o peso da passagem dos anos...
imaginava... desejava que tudo se tivesse desenrolado de outra forma... mais cordial, mais pessoal... 


sim, já se tinha passado algum tempo desde a última vez em que a encontrara... e confesso... não nas melhores circunstâncias...
havia mudado de emprego... de rotinas e mesmo de cidade.
diferente... indiferente confessou-me que todos...
todos haviam seguido em frente... cada um o seu caminho, sem grandes ilusões... sem grandes desilusões...
talvez um dia, talvez...
talvez um dia... quem sabe...


a solidão torna-se um hábito... e habita, ou simplesmente ensandece...
são as duas maiores probabilidades... 
se a solidão se aceita e nos conforta e se rotina... aí já não nada a fazer...não há lugar...
agora se tudo se torna desconforto e confronta... aí reside a possibilidade. 

no espectro humano essa é a regra...
as pessoas ou se escondem e desaparecem...
ou estão constantes e permanentes a toda a hora... em todos os lugares...

quem sabe, um dia...
um dia talvez...




quinta-feira, 17 de outubro de 2019




mergulho fundo > golden hair | slowdive


peço desculpa pela insistência... slowdive de novo...
não posso... não consigo fugir a estas melodias... estar distante... 
ficar longe... simplesmente alhear-me no silêncio...
música assim há que ser ouvida continuadamente... 
estou rendido... completamente apático perante algumas músicas que aqui residem...slomo... sugar for the pill... falling ashes, mas sobretudo no longer making time...

mas hoje venho aqui, atentem bem... expressamente prestar homenagem a esse portento chamado golden hair...
nem toda as pessoas o sabem... mas não é um original dos slowdive...
antes uma versão muito slowdiveana... de uma música distante... lado b do single octopus desse distante ano de 1969, e igualmente presente no álbum the madcap laughs de 1970 do syd barrett... 
sim, é um original do syd barrett, musicado sobre um poema de james joyce... e aqui longamente musicado pelos slowdive...
queriam... imaginariam melhor trilogia do que esta... de três absolutos criadores... nada de mais eclético poderia surgir...

não deixa de ser estranho uma música rendida ao lado 2 de um primeiro single original... após ter sido expulso dos pink floyd... barrett incluía no seu single de estreia em nome próprio... mas igualmente no seu primeiro álbum...cuja letra passa por um poema de james joyce...
a versão dos slowdive... magistralmente apropriada torna uma música de singelos dois minutos em versões muito pessoais que por vezes ultrapassam os dez minutos...

não deixa igualmente de se estranhar que uma das melodias mais solicitadas e aguardadas nos seus concertos... surja igualmente não como tema principal... mas como parte integrante do single holding our breath... e repouse igualmente em algumas compilações...
apenas. 
apesar das constantes solicitações... e emoções que desperta...
apenas.





segunda-feira, 14 de outubro de 2019





não sei como cheguei > sluggin' fer jesus (part one and part two)

não sei como aqui cheguei. apenas sei que cheguei.
talvez seja exagero meu... talvez até saiba, desconfie de como aqui cheguei.
creio... foi através do heathen earth dos throbbing gristle... e das noites... madrugadas fora a ouvir rádio... e quando surgiu o the voice of america... isso, tornou-se incontornável...
e os cabaret voltaire não eram fáceis... especialmente se estivermos a falar desse distante ano de 1980.. 
nunca o foram... não o são agora mesmo, nesta distância...
quem se disponibiliza hoje para ouvir three mantras... red mecca... mix-up... 2x45... ou até mesmo o sluggin' fer jesus...  ou simplesmente o methodology e as famosas attic tapes...

o mix-up já me tinha escapado, saiu em 1979... e apenas o recuperei em 1981... não eram fáceis estas coisas na época... 
e estas estranhas músicas... se é que as posso apelidar assim... eram fundamentais e incontornáveis para uma juventude que despontava... sobretudo inconformada com o establishment vigente...
todo um ciclo efervescente de novas bandas e pensamento assolavam o nosso quotidiano e invadiam o marasmo das nossas rotinas diárias...
e deixem que confesse aqui... era música nova... incómoda... e sobretudo inteligente. culta mesmo por vezes, como no caso dos cabs...

o punk surgiu e já se tinha afastado... deixando este legado valioso que nunca mais permitiria que a música fosse entendida e construída da mesma forma...
a grande revolução se lhe pudermos chamar assim... estava na aceitação massiva destas novas tendências... que afinal não eram assim tão novas...
basta recuar àdecada de 20 do século passado... para entender o art of noise da bauhaus e perceber que confinado a uma instituição académica... mas igualmente gerando descendência... a música experimental e conceptual já não agora novidade nenhuma...
a novidade era apenas a sua introdução no quotidiano familiar das casas de subúrbio das grandes metrópoles industriais europeias...





sábado, 12 de outubro de 2019





















outono > slomo | slowdive

outono.
como eu gosto de ver das folhas e das árvores, a queda...











demasiada prudência > slowdive

que imprudência...
que estupidez mesmo. minha.
apenas e só minha...
confesso.

confesso... tive receio, tive medo...
achei que era improvável... impossível.
os slowdive sempre foram absolutamente imaculados... quer a compôr álbuns ou simplesmente singles...
a sua obra foi... é exemplar... todos os parcos registos são notáveis e impolutos... demasiado dignos para vinte e dois... sim, ouviram bem, 22 anos depois fazer um novo disco... mesmo após as viagens pelos mojave 3 e em nome próprio...
nenhum registo que lhes sucedeu foi mau... pouco digno, indigno...
não. apenas não estavam à altura... a fasquia estava demasiado elevada...
era improvável... era pouco provável...
mas agora com o homónimo slowdive... não se envergonha... não os envergonha.
após just for a day... souvlaki e o robusto e intocável pygmalion... era pouco provável... 
era mesmo muito pouco possível... impossível diria mesmo...
música assim singela e grandiosa é intemporal... sobrevive e vive bem...

confesso, tive receio... tive medo...
de o novo registo não lhes ser fiel... não estar à altura do legado...
demorei dois, ouviram bem... 2 anos para o abrir após o ter adquirido... e decidido fui assim a medo ouvi-lo...

que imprudência, tamanha estupidez...
dois anos perdidos sem estas imaculadas melodias... simplesmente por achar que não iriam ser justas... 
o quanto agora me arrependo... e assim oiço slowdive... como igualmente gostaria de ouvir e recuperar esse álbum perdido i saw the sun...

que prudência... tamanha estupidez... 
que imprudência.
demasiada prudência...





outono em outubro > no longer making time | slowdive

sábado à tarde... princípio de outono... um novo outono... 

dias ainda quentes que tardam em deixar partir... o verão que já devia ter terminado.
nestes dias mornos de outubro oiço golden hair... slowdive... e questiono...
será que haverá música para a partida?...
será que há músicas para a vida... para toda a vida?...
será que há música para a morte? para celebrar assim a ausência... o vazio?...
recordo assim o óbvio the funeral party dos the cure... mais denso faith... todo o lado b do closer dos joy division... que já gastei... este golden hair dos slowdive, em ascenção e intensidade no que isso seja... mesmo a serenidade dos cemeteries e dos july skies... parte do movement dos new order... e apenas mais algumas dos dead can dance...no-man...
inquestionável... e impensável esquecer o sorrow dos the national... os houses... o david sylvian e a lisa gerrard...

a saudade fere... desgasta e perfura... porque inevitável persegue... persegue-nos mesmo quando já imaginávamos tudo adormecido... esquecido e entorpecido...
a memória por vezes atraiçoa.. e regressa... tudo revolve e regressa em catadupa...
imagens... sons... vozes... aromas... personalidades... sobretudo vivências que tão familiar nos foram...
em aperto recordo... todos os que já me deixaram e não regressam jamais... enquanto nesta tarde solitária de outono, em loop escuto golden hair e no longer making time dos slowdive e tudo, mas mesmo tudo retorna e regressa... 
porque afinal é tudo apenas uma questão de tempo...

sexta-feira, 11 de outubro de 2019














why d'you imitate the cutout? | wah!


parece, mas não se trata aqui de falar dos the national.
nem tão-pouco de nada nacional... racional... internacional. intencional.
intencional, é isso. 
passo a explicar... 
somos da mesma idade, eu e o pete wylie... o mentor dos wah!... the mighty wah!...
o julian cope um pouco mais velho... nasceu um ano antes de nós... e o ian mcculloch do ano a seguir ao nosso... ou seja, sensivelmente um ano mais novo.
o bunnymen, quer ele queira, ou não... é o mais certinho... tem pouco a ver com o pete wylie, sobretudo menos a ver com o julian cope... mais lunático... alucinado...
na sua juventude formaram os crucial three... e que trio se veio a revelar... em solitário...
os the teardrop explodes foram psicadélicos e magníficos na sua parca discografia... os wah! e quejandos (em todas as suas encarnações)... foram sobretudo rebeldes, inconformados e magnânimos... os echo & the bunnymen foram... são... mais consensuais... e provavelmente acessíveis. 
embora a sua extensa obra não seja literalmente... linear...

e o quanto nos bastava...nessa juventude que se acreditava rebelde... ouvir a raiva e energia do heaven up here... o kilimanjaro... mas sobretudo todo o inconformismo de nah=poo - the art of bluff...
era a energia que alimentava este marasmo... a passividade que aqui se vivia... e esse fervor e fervilhar de acontecimentos apenas a 1700 quilómetros daqui...
essa a realidade dessa nossa juventude...





quarta-feira, 9 de outubro de 2019















pergunta-me > into you like a train | the psychedelic furs



pergunta-me... não me perguntes.

não quero ser mais questionado acerca desse assunto...
para mim é, assunto encerrado.

ainda recordo a primeira vez que ouvi os the psychedelic furs...
foi um sábado de manhã, tinha acabado de comprar o primeiro álbum... homónimo...
decorria o ano de oitenta, de tãoboa memória...
e assim sendo investi e arrisquei na escolha... também não havia à época grande escolha ou lugar para hesitações...
as escolhas não eram múltiplas, de todo... e as quantidades igualmente.
assim sendo e apenas com 1 exemplar para adquirir... não havia muito lugar para dúvidas ou hesitações...

e igualmente ainda recordo... um irmão que nunca gostou de se levantar cedo... 
ainda deitado na cama... fim da manhã... o quarto escuro... e a sua voz ensonada que questionava... mal acordado... que banda era aquela... que música era aquela...
era simplesmente india... a melodia incontornável que abre o registo inicial dos the psychedelic furs... e que uma vez ouvida... ficará registada nas nossas memórias sempre... para sempre...

pergunta-me. não me perguntes.




quarta-feira, 2 de outubro de 2019



o ano de todas as hesitações | mesh and lace | modern english



agosto 1981... o verão de todas as indecisões.
tal a quantidade... a catadupa de discos ali, assim disponíveis...
a uma distância nunca antes por mim vista ou sentida...
fossem as descobertas ou confirmações dos mass... modern english... cabaret voltaire... wire... simple minds... e outros tantos quejandos... as indecisões sucediam-se... as hesitações igualmente.

a esta distância, confesso... algumas sairam-me caras... demasiado caras...
não havia forma... não tinha solução... sobretudo dinheiro para tamanha façanha...
e ainda subsistia o problema adicional de como carregar e fazer entrar em território nacional tanto disco... sem pagar obviamente impostos...
era um risco que estava decidido a correr...
mas o dinheiro igualmente era um entrave... dada a quantidade de matéria de qualidade nunca antes vista... e as hesitações... as indecisões...

carreguei comigo pérolas... demasiado preciosas para ficarem para trás...
no entanto... hesitei... assim mesmo, indeciso...
claudiquei do tell me easter's on friday... do a promise... ambos maxi-singles recentes à data dos the associates e dos echo & the bunnymen... surgidos respectivamente em março e julho...
prescindi deles em favor dos maxi-singles dos simple minds... o the american e o love song, respectivamente datados de maio e agosto... aos quais se haveria de juntar mais tarde o sweat in bullet em novembro do mesmo ano de 81... que formam um dos mais incríveis "trípticos" da música pop...

indecisões e hesitações...
o tell me easter´s on friday... e o a promise nunca mais os vi e alcancei nesse formato...
o mesmo se haveria de passar anos mais tarde com o charlotte sometimes dos the cure... também ele nascido nesse incrível e prolífico ano de 1981... que por duas vezes cruzei nas minhas mãos... mas indeciso... hesitei...

hoje obviamente todos disponíveis ao comum mortal...a preços diversos e variados... consoante a procura mas sobretudo o seu estado físico...
essa provavelmente também a perca de interesse e valor sentimental... que não comercial.




terça-feira, 1 de outubro de 2019


casulo > breakfast | the associates


confesso, agora nesta distância... já não consigo dizer com certeza...
se a música dos the associates que tanto gostavas era o breakfast... ou o those first impressions...
imaginava o breakfast... talvez por ser mais óbvio, mas agora, assim a olhar para ambas as capas, acho que gostavas mesmo mais do those first impressions... embora gostasses dos dois...
já que tinha ambos os máxi-singles... tão em voga na época... 
e tantas vezes rodaram naquele martirizado gira-discos de base de alumínio da technics...

confesso que me surpreendeste imenso... quando com esse teu eterno ar sorridente e simpático afloraste a porta do meu quarto e me perguntaste quem estava a cantar... facto inédito em ti... em vocês... mais em ti, do que no pai... que por vezes passava longos momentos naquele quarto em permanente mutação... fosse a ouvir os genesis... os king crimson... ou qualquer outra banda que na época consumia...

mas tu, tu não...
foi nesse dia que afloraste a questão... 
querias saber de quem se tratava... quem cantava assim tão bem... como na altura referiste... encostada na ombreira da porta...
tanto me surpreendeu... e o quanto radiante fiquei... confesso...
de tal modo que ainda hoje o recordo...
ou como alguém algures disse... só verdadeiramente se ama quem gosta e ouve a mesma canção...