terça-feira, 13 de dezembro de 2016





















algo de anormal > second to none | electronic


deixem-me que diga isto. a sério.
deu-me para aqui, para isto. agora.
para algo de anormal. de popular. de óbvio.
para músicas assim... sujeitas a serem expostas... pornograficamente consumida por uma qualquer rádio local...
e... logo eu que sou tão adverso a isso...
a exposição... em demasia...
a audição... consecutiva...
a repetição... repetida... e repentina...
esgotando assim a própria música...
as famosas playlists que se apoderaram das rádios de hoje em dia...
e a obrigação da divulgação... exaustiva... obsessiva...
que destrói a possibilidade de qualquer... melodia...
e o tempo marca... e desgasta... fixando a música num determinado momento...
e são tantas e tão poucas as bandas que a isso sobreviveram...
pese embora o facto de o inverso parecer realidade...
mas... porque é que estou para aqui a dissertar acerca... da popularidade alheia... que sempre pouco... ou nada me motivou... 
sou partidário... do sucesso que nunca chegou a chegar.
tal e qual como as super-bandas... que invariavelmente todas as décadas se formam e resistem... e desvanecem... e extinguem e desaparecem...
retiro o compact disc da caixa acrílica... e introduzo-o no leitor e primo o botão de play...
os primeiros acordes de second to none dos electronic que se ouvem...







o ano de todos os desvarios > when I die | lush


não pode ser assim.
não devia. não devia poder ser assim.
retirarem-nos tanto em tão pouco...
é sufocante... não deixa nada... ninguém tranquilo...
nunca a morte esteve tão presente...
esse espectro que neste ano se abateu sobre o universo musical...

nunca havia sido assim... como agora...
não podia. 
tantos e todos partem... e esfumam uma adolescência que sobretudo aqui se alicerçava...
esventram as memórias... deixando, nada.
nada resta... quando já nada existe...
é todo um universo que se esvai... toda uma vida que a morte extrai...
neste ano terrível... e absurdo...

existe agora um pudor com o dia de amanhã... um receio mesmo...
quando consecutivamente tanto desaparece... restando nada.
as memórias de um tempo que assim também ele deixa de existir...
resta o som que agora ecoa e percorre este vazio que se instala...
logo... when I die... lush...