esperem tudo e nada menos (2) > rose | bark psychosis
o nervosismo é evidente. assim como o desconforto.
igualmente perceptível na sua voz, uma suposta e improvável admiração...
não entendo, não consigo relacionar, de onde vem tanta insegurança...
já não é nenhuma criança... e no entanto não pára quieta... inquieta... as mãos incessantemente em movimento... na ânsia, a procura de qualquer objecto que as proteja e defenda...
e esse constante movimento distrai e afasta, do cerne da conversa...
creio ser essa mesmo a sua intenção... não avançar, tentar não se envolver... comprometer...
simplesmente defender-se...
fico... sinto-me desconcertado... desconfortável mesmo.
desconsolado.
imaginava de outra forma... sinceramente, imaginara tudo de uma outra forma...
imaginei tudo de outro modo... mais maduro, adulto... sobretudo mais seguro.
certo que não a via há uns bons anos... mas nunca imaginei esta diferença... esta distância... esta frieza, esta divergência... sobretudo esta insegurança...
decidira ir visitá-la onde actualmente reside... a viagem fôra longa... começou logo pela manhã...
pensei inclusive em levar-lhe uma cópia do son de mar dos piano magic... ou o codename: dustsucker dos bark psychosis... embora, confesso... este último fosse uma escolha mais arriscada...
se bem ainda a recordo e imagino, conheço... o que já começo a duvidar... o disco dos piano magic iria encantá-la... creio, assentar-lhe-ia que nem uma luva... agora tendo a duvidar...
os bark psychosis sempre foram mais livres e inesperados por assim dizer... nunca óbvios... e isso reconheço, por vezes provoca um grande transtorno na generalidade das pessoas... provavelmente pelo inesperado, pela impreparação mesmo.
os bark psychosis exigem disponibilidade e alguma maturação... e obviamente, tempo.
se não houver disponibilidade, não haverá lugar ao tempo.
e não se entra assim, de repente a frio... não é uma música imediata e demasiado fácil...
porque quando revemos o nosso passado e simplesmente ouvimos os bark psychosis, podemos esperar tudo e nada menos... e é uma música que exige responsabilidade... e atenção e dedicação.
assim sendo... meto discretamente a mão na mochila preta... e hesito...
evito presenteá-la com essa surpresa que lhe havia preparado... e devagar retiro a mão do seu interior... e disfarço... falo do tempo e de crianças... evito a vida pessoal...
não a sinto preparada...
nunca imaginei esta diferença... esta indiferença...
não me sinto preparado...