sexta-feira, 29 de abril de 2022

finitude > butterfly on a wheel | the mission















finitude > butterfly on a wheel | the mission


mais cedo ou mais tarde havia de cá vir parar.
butterfly on a wheel dos the mission... um dos primeiros singles que os projectou para uma dimensão... a estratosférica e perigosa dimensão dos estádios... por onde os u2... os simple minds e tantos outros almejaram... se desgraçaram e igualmente enriqueceram...
o que seria dos simple minds se tivessem parado em sons and fascination... e não tivessem caído em tentação e simplesmente precipitado-se em don't you forget about me... esse inenarrável hit que estava inicialmente destinado a billy idol... e onde os próprios the psychedelic furs são lendariamente envolvidos e citados... 
com o tempo tenho alguma curiosidade em saber quem se terá arrependido mais... se o ignoto billy idol... ou os estratosféricos simple minds...
o que mediou entre o sublime seeing out the angels... e os destroçados promised you a miracle e don't you forget about me... foi apenas o tempo?... não creio.
terá sido o apelo das charts e dos estádios e das multidões...

e porquê este registo, este single dos the mission aqui... perguntarão alguns...
finalizando... refiro apenas que este foi o single que eu mesmo adquiri nesse final de tarde desse famigerado dia 23 de fevereiro de 1990... dia esse que em mim havia de ficar marcado de forma indelével... para sempre. 
entreguei-te o jornal habitual... esse semanário que já me habituara a a comprar... e tu a perscutar... e pousei o cd single no leitor e simplesmente ouvi-o uma ou duas vezes...
chegava a noite... e com a noite chegaria tudo... para sempre...
mesmo para sempre.

percebeste, não percebeste...

quarta-feira, 27 de abril de 2022

fazer > things we'll never do | at swim two birds





fazer > things we'll never do | at swim two birds

coisas que nunca mais iremos fazer.
coisas que nunca mais iremos fazer, pelo menos da mesma maneira.
coisas que nunca mais iremos dizer. segredos que não haverá por revelar.

mas há coisas que custam. porque duram.
e se guardam, resguardam. em nós... para nós.
porque podem ferir outros... que não estes... e isso custa.
custa ter de guardar pedaços de acontecimentos em nós...
custa não poder revelar... custa ter de segredar para nós, apenas nós.

o tempo passa e cura... dizem...
mas nem tudo cura... porque nem tudo se sara e adormece...
ficam sempre pontas... restos... résteas de memórias...
fragmentos de actos e imagens... que vivemos e presenciámos...
e que nos impedem... de as ultrapassar. simplesmente deixar...

há coisas que nunca mais irei fazer do mesmo modo...
da mesma maneira...
há coisas que já não há...

anormalidades > darkest star | githead



anormalidades > darkest star | githead

esta gente não é normal. 
não é nada normal. mesmo nada.
ou talvez seja eu... que esteja a ver mal as coisas... 
a imaginar coisas... a ver coisas onde elas não existem.

não. 
não, esta gente não é normal. nada normal mesmo.
dão as coisas... e depois tiram.
dão e tiram... que grande anormalidade...

será que se lembram?...
será que não se lembram?... será que já não se recordam?...
quando se toma uma posição... 
se assume um facto, uma decisão... cumpre-se.
não se incumpre. cumpre-se. 
sempre, como sempre.
para sempre.

esta gente não é mesmo nada normal...

sábado, 23 de abril de 2022

as noites frias > 400 winters | bark psychosis





as noites frias > 400 winters | bark psychosis


as noites estão particularmente frias.
é estranho, as noites tão frias ainda nesta época do ano.
igualmente estranho é ver tantos estrangeiros já libertos de tanta roupa... a achar que o verão está já aí... e mesmo eu que tendo a não ser friorento... questiono-me... envergonho-me por vezes... talvez porque acho que está ainda muito frio... sobretudo demasiado frio para esta época do ano.
mas está realmente frio ainda.

o silêncio que se abate quando já todos repousam...
apenas o som dessa melodia que me propus ouvir.
ainda hesitei... mas evitei.
decididamente ñão duvidei... tudo se decidia entre os mogwai de as the love continues... 
e o 400 winters dos bark psychosis...

estava decidida a noite... os bark psychosis haveriam de vencer...
até mesmo pelo descanço de todos... nessa quietude e tranquilidade das suas melodias...

e assim sendo, foi.
dediquei-me a ouvir vezes sem conta o ep... e imaginei o que seria a vida... assim vivida... com 400 invernos... com imaginem igualmente 400 anos...

terça-feira, 19 de abril de 2022

a velha casa de banho > other voices | the cure





a velha casa de banho > other voices | the cure


na velha casa de banho comunitária já tudo falta e pouco resta.
como de costume... falta o papel higiénico... e ainda agora a semana começou...
falta já a luz no velho candeeiro de parede...
falta a limpeza e a higiene, que verdade seja dita... sempre careceu...
o velho urinol de pedra... desgastado pelo tempo... já caiu em desuso...
o porta-rolos de papel higiénico... há muito que perdeu a sua função... e a fragilidade dos seus materiais também não ajudou... e para isso concorreu...
o plástico não costuma ser bom amigo de locais de grande tráfego...
e assim sendo partiu-se e ali resiste... reside e existe como o fantasma de uma função para a qual já não é adequado.
o obsoleto bidé... esquecido a um canto... creio, ali foi inadvertidamente posicionado... mas desde o início condenado a uma função nula... e mesmo as torneiras de água fria jazem solitárias... já que a ideia de água quente, por muito sedutora que fosse... era um luxo que aqui nunca existiu...
as toalhas das mãos são ainda estranhamente de pano... e tresandam a humidade de tanto uso e permanência... logo pouca alternância.
o lavatório apresenta sempre as mesmas semelhantes manchas... que não auguram nada de bom. também aqui reside uma solitária torneira de água fria... com o respectivo negativo no lugar da sua companhia de água quente... que nunca lá esteve posicionada.
apenas a pequena janela oscilo-batente teima em fazer o seu serviço... estoicamente em permanência aberta... para arejar e ventilar aquele pequeno espaço...
e a velha casa de banho ali fica e permanece... na sua hora mais alegre... quando após a hora de almoço... o sol inside frontalmente e tudo aquece e ilumina naquele exíguo cubículo...

segunda-feira, 18 de abril de 2022

18 de abril, este o dia > somos tres | harold budd


 











18 de abril, este o dia > somos tres | harold budd


18 de abril.
dia dezoito de abril...

tenho ao dia de hoje, tanto tempo de vida em comum contigo...
como o que já levo após a tua morte. 
e acredito, como tanto quer crer o nick cave... que também eu quero acreditar que um dia em breve nos havemos de rever... seja lá o que isso for... onde for...

a vida é breve demais para ser desperdiçada... e sei-o agora, desperdicei em demasia, a nossa. a minha, sobretudo a tua... 
não desfrutei a tua companhia tanto, como agora me parece desejável.
descurei-a... não fiz sentido ao que me ias referindo... 
e se na infância e mesmo juventude desfrutámos ao máximo da tua companhia e cumplicidade... o certo é que mais tarde... deixei... abandonei esse hábito.
e tu simplesmente aceitaste... nunca te queixaste...

desculpa... achava-me à época imortal, se assim o posso dizer... imbatível... indestrutível.
era demasiado jovem... impetuoso até, e porventura igualmente demasiado estúpido...
não podia estar mais errado... mesmo já tendo assistido a tantas vezes o sol navegar entre o hemisfério norte e sul...

serve este dia para me relembrar... e te recordar, como sempre te lembro... e sobretudo perceber o quanto tudo corre demasiado rápido... e ninguém fica para assistir.
obrigado por teres sido sempre quem foste.
e igualmente te digo que esta noite tive dois estranhos sonhos... que de tão estranhos ainda ambos recordo... mas como tudo na vida também os sonhos com o tempo, têm tendência para o esquecimento... e em nós desvanecem e evaporam...

até breve, assim o espero...

segunda-feira, 4 de abril de 2022

all eternal things | trembling blue stars













all eternal things | trembling blue stars


o dia singular em que os trembling blue stars quiseram... pretenderam ser os the cure...
e em que o bobby wratten tentou fazer de robert smith.
não falhou por muito...
e logo na tentativa de se superarem e quererem parecer os the cure na sua melhor fase...
são doidos...
ou talvez não.
é uma bela melodia... provavelmente inspirada na melhor fase fase dos the cure... que se tornaram um caso muito sério, sobretudo nas trilogias, se assim lhes posso chamar... e que provavelmente a tantas bandas "iluminaram o caminho"...
alguns registos... e igualmente registos avulto devem ter sido determinantes para o nascimento de tantas futuras bandas... de onde inequivocamente ressaltam estes trembling blue stars... os piano magic... mas sobretudo os descarados the essence... mas estes sempre foram demasiado plagiadores para servirem de exemplo...
oiça-se então o all eternal things dos trembling blue stars... a fingir dos the cure...